quinta-feira, 31 de julho de 2014

OS ABUTRES TAMBÉM MORREM

A Argentina vive mais alguns sérios dias de crise nestes infindáveis anos bolivarianos do Casal K. Novos termos passaram a fazer parte do cotidiano de seus cidadãos de bem nos últimos dias, quando um novo calote internacional se aproxima. Os mais citados são a tal cláusula "RUFO" dos tais Fundos "Abutres". "RUFO" é a junção das iniciais de Rights Upon Future Offers, uma espécie de garantia de ofertas futuras de renegociação para os tais investidores "obscuros" que salvaram o país da seu último colapso financeiro em 2001, os tais "abutres", considerados pelo atual governo, os vilões da nova crise.

E de abutres, o futebol está cheio em todo o mundo. Julio Grondona, um deles, morreu ontem, aos 82 anos, dos quais 35 (sim, amigos, 35!), como presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), colocado lá pelo General Jorge Rafael Videla, o mais ferrenho ditador militar da Argentina, um ano após a Copa de 78, que eles compraram, via Peru. De lá pra cá, Grondona concorreu à reeleição (e venceu, claro!) apenas uma vez. Em todas as outras, era sempre aclamado, tipo "nos braços do povo", pelo comitê executivo da AFA. Não existem federações estaduais. E os clubes não têm poder de voto.

Fundou em 1956, o Arsenal de Sarandí, cujo estádio leva o seu nome. Antes da Copa de 78, foi presidente do Independiente. Pelo tempo que ficou na AFA, deveria ter conquistado bem mais do que somente uma Copa do Mundo, em 1986, com ajuda, digamos assim, fundamental de Diego, duas medalhas de ouro nas Olímpiadas de 2004 e 2008 e duas Copas América de 1991 e 1993. Entretanto, o importante mesmo, foi o seu "legado".

Julio Grondona presidente da AFA com Cristina Kirchner  e Maradona (Foto: Reuters)
Saudades de Diego...dentro do campo!
Era o atual vice-presidente da FIFA (acumulava os dois cargos), acusado de vários casos de corrupção (o último, acusado de receber 78 milhões de dólares para votar no Catar-2022), muitos ligados diretamente à Presidência da República, nos anos K, denúncias de favorecimento a empresários com a AFA, trabalhava firmemente para estatizar a transmissão de jogos do campeonato argentino, gerando caixa 2 descarado para Cristina K e para si próprio, colocou o filho Humberto, como vice-presidente da AFA, sem consultar o comitê executivo, desviou verba de patrocinadores para financiar os "Barra Bravas" (os hooligans argentinos) e na Copa de 2014, vendeu ingressos "cortesia" da AFA para "favorecer os pobres torcedores argentinos que se sacrificaram para viajar ao Brasil sem terem condições"!!

Acabou? Não!

Nesses 35 anos, 8 greves de jogadores, 3 de árbitros e 40 casos de doping nas seleções argentinas. E antes de morrer, a "facada" final: conseguiu aumentar o número de clubes da primeira divisão de 20 para 30 (beneficiando o seu Independiente, atualmente na 2a.), com 29 rodadas de fevereiro a dezembro, já em 2015, acabando com a adaptação ao calendário europeu e garantindo uma ou duas rodadas a mais, desde que contemplem partidas como River x Boca ou Racing x Independiente para maior arrecadação, sem nenhum critério técnico! A segunda divisão passará a ter somente 10 clubes mas o sistema de acesso e descenso continua o mesmo, ou seja, média de pontos nos últimos três campeonatos. Assim, os clubes da Segunda irão para o "pega pra capar"! Apenas dois cairão e dois subirão! Gênio, esse Grondona!

Jogadores como Messi, Mascherano e Máxi Rodriguez, lamentaram sua morte, se referindo a Grondona como amigo, dia triste, etc, etc, etc. Sabem de nada, inocentes!

Na América do Sul, outros "abutres" ainda vivem. Um deles, brasileiro e apenas dois anos mais jovem, um tal de Marin, definiu com maestria, a passagem de seu, hmmm, "colega":
"- É uma perda muito grande para o futebol!"

Condolências à família do Futblog dos Amigos!

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