terça-feira, 30 de setembro de 2025

OS AMIGÕES DO ROQUETTE

De seis para sete anos de idade, lembro perfeitamente de assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo de 1974, na então Alemanha Ocidental. Ao vivo, a cores e via satélite. Show de tecnologia.

O narrador era Geraldo José de Almeida, pai do futuro também narrador Luiz Alfredo e que empresta seu nome ao Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. E comecei a prestar atenção aos bordões.

"Brasil, patrão da bola!" : Bola com o Brasil!

"Por muito pouco, muito pouco mesmo, não acontecia no placar!" : Quase gol!

"Olha lá, olha lá, olha lá no placar!" : GOL!

Claro que o Geraldo não iniciou sua carreira na TV. Como todos, foi no rádio! A grande escola de narradores, comentaristas e repórteres de campo.

Sem pesquisar muito, cito o grande Oduvaldo Cozzi que, a partir dos anos 1940 até meados de 1970, narrava com formalidade protocolar, com pronúncia perfeita, clareza e pausas de respiração, com riqueza de detalhes sobre o que acontecia em campo. E ainda colocou os apelidos de "Mestre Ziza" em Zizinho e de "Enciclopédia" em Nilton Santos. O viaduto que chega ao Maracanã, pelo Centro da cidade, logo após a Praça da Bandeira, leva o seu nome!

Após sucesso em programas de música e grande compositor popular, Ari Barroso também foi narrador! Era torcedor fanático do Flamengo. Nos anos em que o Botafogo de Garrincha, Nilton Santos, Didi, Quarentinha e Amarildo maltratava seu time de coração, suas transmissões eram passionais e desesperadoras:

"Lá vai Garrincha com a bola! Ninguém vai fazer nada? Alguém precisa fazer alguma coisa. Vai sair gol... Pronto... Eu avisei! Gol do Botafogo!"

O troco veio no final dos anos 1970 e inicio dos 80, quando o rubro-negro Jorge Curi dividia as transmissões da Rádio Globo com o botafoguense Waldir Amaral (um dos que narraram o gol 1000 de Pelé)! O Flamengo ganhou a maioria destes clássicos.

"Agora no placar Bradesco (ou Brahma Chopp); Flamengogogo... 1, de Zico, Ca-mi-sa  nú-me-ro Dez... Botafogogogo... Zero, meu filho! (o Waldir estava logo ao seu lado na cabine).

E os bordões do Waldir Amaral marcaram época como o "fumacinha de gol para o Fluminense" para um lance de perigo, por exemplo. E quando saía um gol era uma sequência que todos sabiam de cor e salteado:

"Goool do Vasco da Gama! Roberto Dinamite... Dez é a camisa dele... Indivíduo competente o Dinamite... Estão desfraldadas as bandeiras vascaínas no Maracanã... Choveu na horta do Vasco... Tem peixe na rede do Flamengo!  Mário Vianna..."

"Gooool Legaaaaaaaal"

Lembranças de uma época em que assistir a jogo pela TV era coisa rara e o rádio dominava a audiência, mesmo com a ascensão da telinha. Durante um bom tempo, a Rádio Globo do Rio tinha como slogan "Veja o jogo, ouvindo a Rádio Globo!", auge do "Garotinho" José Carlos Araújo (ainda em atividade aos 85 anos) que substituiu a dupla Curi-Amaral. E com ele, na Rádio Eldorado, Nacional, Tupi, Continental e Tamoio, outros célebres como Luiz Mendes, Doalcey Camargo, Édson Mauro (na labuta), Luis Penido (também na labuta), Mauricio Menezes, Alberto Rodrigues, Carlos Lima, Vitorino Vieira, Carlos Marcondes, Halmalo Silva, Orlando Baptista e um jovem e promissor Ricardo Mazella (hoje com seu próprio canal de YouTube)! Os comentaristas Washington Rodrigues (o apolinho), Ruy Porto, João Saldanha, Sérgio Noronha (Seu Nonô), Afonso Soares, Gerson Canhotinha de Ouro (ainda rasgando o papel), Luiz Orlando, sempre suportados pelos repórteres de campo Denís Menezes, Loureiro Neto, Kleber Leite, Ronaldo Castro, Fernando Carlos, Osvaldo Baptista, Gilson Ricardo, Eraldo Leite, Elso Venâncio. Como não havia a atual zona mista e entrevista coletiva, eles tinham que correr assim que o primeiro tempo ou o jogo terminava para conseguirem entrevistar os jogadores e como falavam ao microfone ao mesmo tempo em que corriam, ganharam o apelido de "trepidantes", dado pelo "Apolinho"!

Os paulistas com Osmar Santos, Fiori Gigliotti, Walter Abrahão, Pedro Luiz, José Silvério, Oscar Ulisses, Odinei Édson, Estevam Sangirardi, entre tantos.

A TV chegou definitivamente na segunda metade dos anos 1980 mas já nos anos 1970, a TV E do Rio e Cultura e Bandeirantes de SP, transmitiam o VT dos jogos em horários alternativos, sobretudo à noite. No Rio, transmissões de José Cunha (Tá lááááá...) e o cruel, muito cruel, Januário de Oliveira, com os comentários de Sérgio Noronha, Achilles Chirol (irmão do Admildo) e José Inácio Werneck. Em São Paulo, Luiz Noriega (pai do Mauricio), Fernando Solera e Alexandre Santos (guardou certinho, certinho...) e os repórteres Chico de Assis, Milton Neves e... Fausto Silva! Ele mesmo!

Na TV, Luciano do Valle e Silvio Luiz chegaram com tudo! Luciano com vozeirão e o Silvio com dezenas... não... centenas de bordões! Silvio também brilhou nas transmissões do campeonato italiano ao lado de Silvio Lancelotti. Galvão Bueno, após aparecer na Fórmula 1 no final dos anos 1970, ainda na Bandeirantes, chegava na Globo para narrar a Copa de 1982, junto com o primeiro mineiro: Carlos Valadares. Comentários de Márcio Guedes, Sérgio Noronha (em todas) e reportagens de Raul Quadros. A recém criada TV Manchete teve Paulo Stein como narrador e comentários de João Saldanha e Alberto Léo.

Os programas de esporte se multiplicaram na TV e com o surgimento da TV a Cabo, a febre se espalhou por completo. A carioca SporTV (da Globo) e a paulista ESPN, subsidiária brasileira da matriz nos EUA, eram as grandes concorrentes (e ainda são) e na virada do século, esta última, lançou um jornal de fim da noite, o "Sportscenter", versão brasileira do que já existia na matriz estadunidense.

Os apresentadores Paulo Soares e Antero Greco davam um show de bom humor nas informações e comentários na bancada que dividiram por muitos anos. Dois deles, épicos que entraram para a História, sem conseguirem segurar gargalhadas muito engraçadas.

O São Paulo havia contratado ou tinha interesse em um jogador argentino chamado Caraglio. E em outra, um jogador da seleção de rugby da França chamado Louis Picamoles... Que momentos!

Paulo e Antero se tratavam por "amigão", apelido que o primeiro havia recebido do jornalista Osvaldo Paschoal pelo seu jeito alegre e extrovertido.

Informação, opinião e bom humor!
Antero faleceu no ano passado, quando já estava afastado pela doença. Paulo, também doente, fez um vídeo emocionante ao se despedir do "amigão".

Ontem, foi a vez do amigão Paulo Soares se despedir desta vida terrena e ir se encontrar com Antero Greco para apresentar o "Sportscenter" do Céu!

E na notícia principal, este texto acabou se convertendo em uma singela homenagem a Edgard Roquette Pinto, em cuja data de nascimento no último dia 25 de setembro, comemora-se o Dia Nacional do Rádio! Roquette foi médico, professor, escritor, antropólogo, membro da Academia Brasileira de Letras e fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a primeira do Brasil, com o objetivo de difundir a educação. Isso em 1923. Pioneirismo puro e um legado extraordinário.

A Primeira do Brasil!
A Rádio Roquette Pinto, de propriedade do governo do RJ, opera na frequência 94,1 FM, desde 1974!

Que Roquette continue fazendo novos "amigões" e que me perdoe por todos os profissionais que não citei por aqui, seja por esquecimento, por preguiça em pesquisar ou mesmo por ignorância!

E vida longa ao Rádio!

domingo, 28 de setembro de 2025

RUMO AO QUARTO

São momentos únicos na vida, não traduzidos somente por fotos, vídeos ou depoimentos mas por um sentimento compartilhado por aqueles que fizeram (e fazem) parte de minha trajetória pessoal e profissional.

Foi uma amostra significativa que me encheu de orgulho e alegria.

No final da introdução da trilogia, deixo uma dúvida pairando no ar. Haverá um quarto livro?

Bem, neste 2025, já são quase cinquenta textos ...

Se você está interessado em me colocar em sua biblioteca, faça contato diretamente comigo pelo zap 21 992222706.

Há unidades disponíveis no excelente SEBO X (insta: @seboxis), na Praça Tiradentes, 9 - sala 601, 21 996348756. Procure por Paulo Roberto Andel, titular da Vilarejo, editora da trilogia. Lá tem livro, CD, DVD, K7 e vinil. Imperdível!

Também no estande do Kleber Monteiro, da Feira de Antiguidades da Praça XV, no Centro do Rio, onde também vai encontrar outros livros sobre futebol, além de camisas retrô, flâmulas, faixas e cachecóis. Sempre aos sábados!

E ainda na Livraria Folha Seca, Rua do Ouvidor, 37 (insta: @folhaseca37), Centro  do Rio (perto do Arco do Teles), 21 2507 7175. O proprietário Rodrigo tem ótimo acervo sobre futebol, MPB e tudo de Rio de Janeiro.

Por enquanto!

E seguem algumas fotos do evento do último dia 13. Uma vez mais, muito obrigado ao Rômulo do Bar Bigorrilho e ao Sérgio Pugliese, do Museu da Pelada, com cobertura exclusiva!

Valeu!


Muita tinta nas canetas!

Minha tesoureira favorita! Amo-te!

Em família!

Em família!

Em família!

Bigorrilho e Museu da Pelada, A parceria!

Fechando o Leblon!

Em família, de Lisboa!

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

SONHO REALIZADO

Aqui comecei há 15 anos!

São mais de 300 textos! Quase 80 mil visualizações e 400 comentários registrados!

Não sei bem se isso é muito neste louco mundo digital mas pra mim é!

O veterano treinador italiano, Arrigo Sacchi, famoso pelas conquistas com o Milan, além do vice-campeonato mundial de 1994 com a Azzurra, quando perdeu a Final para o Brasil, é o autor de uma frase que representa muito bem o espírito de quem ama o jogo: "O futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes que existem no mundo!" Bingo!

Levando a cabo tal pensamento, meu objetivo sempre foi, e continua sendo, opinar sobre notícias e ressuscitar polêmicas. Revisitar a História, contando detalhes e buscando algo nunca antes dito, desconhecido ou até esquecido!

E agora o que era digital passou a ser também físico. Selecionei aqueles textos que considerei melhores ou mais interessantes produzidos até 2024, incluindo sete inéditos. Tomei coragem e a trilogia "Futebol em Milhares de Palavras" virou realidade editorial. Para tomar espaço na sua biblioteca!

A Trilogia "Star Wars" do Futebol!
Agradecimento máximo à esposa Maria Francisca, inspiração! Ao meu filho Pedro Henrique, pela organização dos textos, ao meu irmão Fábio, pelos muitos comentários registrados, e a Paulo Roberto Andel Zeh Augusto Catalano, titulares da Vilarejo, feras da editoração! Amolei muito esses caras... rsrs.

Obrigado ainda ao Grupo CNXLINE, consultoria de negócios da qual sou sócio com Marcos Guimarães e o suporte de Clara Dias e Robson Faria!

Então, todos estão convidados ao lançamento da trilogia amanhã, 13/09, no Bar Bigorrilho do botafoguense Rômulo, no Leblon, Rio de Janeiro, com cobertura exclusiva do Museu da Pelada, do grande Sérgio Pugliese!

Espero por vocês a partir das onze da manhã!

Espero por todos!
Abraço e rolou a bola...

OBS: Se você for um(a) leitor(a) assíduo(a) aqui do blog, já deve ter reparado que a trilogia pode virar minissérie...!