terça-feira, 29 de outubro de 2013

FIFA DE BABEL



  
Contra a Itália, em abril.

Se Diego Costa recebeu incentivo$ da Federação Espanhola, paciência!

Se não recebeu nada e escolheu a Fúria porque não teve oportunidades no Brasil desde o início de sua carreira e sua opção é uma espécie de tapa na cara em quem o renegou, paciência!

Se, na base do puro romantismo, deseja retribuir ao povo espanhol a acolhida que o fez construir família, adquirindo hábitos e costumes locais, paciência!

Diego Costa seleção da Espanha (Foto: Reprodução / Twitter)
Boa sorte pra ele! Del Bosque, técnico espanhol, precisa mais dele na sua seleção que Felipão na brasileira. O futuro dirá se a escolha foi boa! Diego tem esse direito.

O que não pode é o caquético e deprimente presidente da CBF afirmar que irá até a última instância jurídica desportiva para impedir o rapaz de jogar por outro país! Isso é ridículo! Típico de um digno representante de cartola do futebol brasileiro, político profissional, filhote da ditadura militar.

O que a FIFA precisa discutir e definir de maneira mais clara e objetiva são os critérios que determinam a nacionalidade do jogador de futebol. Tempo mínimo de naturalização? Casamento com estrangeira, do tipo greencard ? Amistosos por seu país de origem contam? Jogou em seleções de base? Enfim, tudo ainda está muito nebuloso, permitindo todo o tipo de "propostas" a todos que possuem origens paternas ou maternas em países distintos daquele em que nasceram.

Januzaj sequer fez cinco jogos como profissional e já ganha manchetes pelo mundo (AP Photo/Scott Heppell)
O Multiglobalizado Januzaj
Exemplo perfeito: Adnan Januzaj (lê-se o J como I). Habilidoso meia-atacante do Manchester United. Aos 18 anos, nasceu em Bruxelas, Bélgica. Poderia estar na seleção de seu país, já classificada e muito bem cotada para a Copa 2014, junto com Hazard, Fellaini e Vermaelen. Só que seu pai é do Kosovo, filho de albaneses. Sua mãe é croata, filha de turcos. Pra complicar ainda mais, o Kosovo não é um país independente. Pertence à Sérvia. Além de toda esta confusão, acabou de receber convite para se naturalizar inglês e defender o "English Team" nas seleções de base. Ou seja, o garoto pode jogar pela Bélgica (seleção já descartada pelo próprio), Albânia, Croácia, Turquia, Sérvia ou Inglaterra! Ainda pode complicar: vai que o Kosovo consegue se livrar da Sérvia!!! Me tira o tubo...

É claro que vivemos atualmente em um mundo onde as distâncias se reduziram e as fronteiras, sobretudo na Europa, são realmente imaginárias mas, em breve, não será surpresa se a bolsa de apostas de Londres (um tremendo saco de gatos organizado) começar a receber libras para decidir por qual país determinado jogador atuará. Putz grila!

É a FIFA construindo uma nova Torre de Babel! Mais idiomas surgirão?

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

OS 80 DE UM CERTO MANÉ

Publiquei em "OUTUBRO GLORIOSO DE DIOS", há 3 anos, o fato dos 3 mais geniais jogadores de todos os tempos terem nascido em um intervalo de somente 7 dias no mês de outubro: Pelé no dia 23, Garrincha no dia 28 e Maradona no dia 30. Eita signo bom de bola esse tal de Escorpião (olhaí meu irmão Fábio!)!

Mané completaria hoje 80 anos. Sua biografia, não autorizada (viu Paula!!) pela família pois já era falecido por ocasião de seu lançamento em 1995, foi talvez o maior sucesso de Ruy Castro. Retrata com alegria e frieza a vida e obra de um gênio do futebol. É imperdível. E prepare seu espírito. Não é uma leitura fácil.

20130118-194424.jpgPor mais que sempre lembremos dos velhos clichês que acompanham sua trajetória, é de dentro do campo que este blog faz questão de enaltecer aqueles que fizeram deste esporte o mais difundido e apaixonante do mundo mas, não há jeito, Garrincha merecia uma aposentadoria, uma velhice mais digna, mais cidadã, mais respeitosa, mais feliz. Deveria ter passado esta época recebendo medalhas, troféus, homenagens de todo o tipo. É certo, claro, que não fez por onde, aceitando a falsa amizade de oportunistas. Pena que Mané não tenha conseguido usar a genialidade de seus dribles para se livrar dos percalços da vida como se livrava de seus marcadores, os "joões" que caíam sentados, atordoados, incrédulos de como aquele sujeito com perna torta saía com a bola dominada após ter sido cercado por 2, 3 jogadores adversários. Muitas dessas imagens estão no documentário "Garrincha, Alegria do Povo", produzido no fim de 1962, em preto e branco, um pouco chato, às vezes arrastado, típico de uma época em que fazer cinema no Brasil era uma odisseia, mas que contém imagens únicas do apogeu do craque. E lances extraordinários. Use sua imaginação para colorir as cenas abaixo:



Não será este blogueiro que divagará odes e louvores diferentes a Garrincha daqueles que você, amigo leitor, está acostumado a ver em toda a mídia. Só não dá para deixar passar uma data como essa. E que Manoel Francisco dos Santos continue a abençoar e, sobretudo, inspirar, um pouco que seja, a todos que jogam, treinam, comentam, escrevem, lêem e respiram, bem fundo, o futebol.

Feliz Aniversário, Mané! E, mais uma vez, obrigado!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A PATADA MICROSCÓPICA

Roberto Rivelino foi o maior jogador da história do Corinthians!

Somente conquistou títulos importantes quando foi para o Fluminense, já com 29 anos, mas foi com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge que construiu sua carreira como um dos grandes craques do futebol mundial, campeão na Copa 70, quando sua potente e genial canhota ganhou o apelido de "Patada Atômica". Se você já viu as partidas da seleção brasileira em 1970, haverá de concordar comigo: foi o melhor jogador de toda a competição!

Apesar do apelido, Rivelino não gostava de bater pênalti. Nunca disse o motivo. Seus companheiros de Corinthians e de Seleção brincavam, dizendo que "tinha receio de machucar os goleiros!" No Corinthians, Zé Maria batia. No Flu, Carlos Alberto que também batia na Seleção. Além de Pelé, Zico, Roberto Dinamite...

Foi num amistoso contra a Polônia, no Morumbi, em 1977 - você vai rever o golaço de Reinaldo - que Rivelino fez seu único gol de pênalti na carreira, o terceiro da vitória brasileira por 3x1. Uma "bomba", seca, baixa, sem chance para o grande Tomaszewski que, como não tocou na bola, não se machucou !!! Assista:
http://www.youtube.com/watch?v=p0cdf6MfbD8

Quase 40 anos se passaram! Desde então, o Corinthians fez muitos gols de pênalti, sobretudo com Neto e Marcelinho que, se juntarmos seus salários e do Rivelino, e atualizarmos o valor, não chegará nem perto do que ganha atualmente o protagonista do lance mais patético (ou "patótico") da semana, na última quarta-feira, em Porto Alegre. Reveja:



Alexandre pato corinthians pênalti grêmio copa do Brasil (Foto: Vinícius Costa / Agência Estado)  Uma nova patada! Versão Microscópica!

COMPRA-SE (OU VENDE-SE) UM PASSAPORTE

Ficheiro:Diego Costa - 01.jpgO sergipano Diego Costa é muito bom atacante aos 25 anos. Com 1,88 m, sabe fazer gol. É oportunista, rápido, habilidoso, bom chutador e cabeceador, bons passes (assistência é para basquete). Na temporada 2012/13, formou uma excelente dupla de ataque no Atlético de Madrid com o colombiano Falcão Garcia e levou os colchoneros ao 3o. lugar no campeonato espanhol; ou se preferir, ao título de campeão espanhol da 1a. divisão e meia. Marcou 20 gols, sendo superado somente por um tal de Messi e outro aí, Cristiano Ronaldo. Ou seja, foi o artilheiro da 1a. divisão e meia! Ainda está no mesmo Atlético para esta temporada, que fez grande esforço para mantê-lo. Se você não o conhece, aproveite agora. Assista!



Diego tem o mesmo histórico de outros tantos jogadores brasileiros que não tiveram portas abertas por aqui. Donato, Marcos Senna, Pepe, Deco, Hulk, Filipe Luis, Adriano (do Barcelona) são exemplos atuais. E o amigo leitor mais atento percebeu que os 4 primeiros desta lista se naturalizaram, ou seja, disputaram e disputam competições internacionais pelos novos países, Espanha e Portugal, no exemplo. Foi assim ainda com Ramos no Japão e Roger Carvalho na Polônia.

O fato é que Diego Costa já está naturalizado espanhol. Chegou na Europa, em Portugal, em 2006, pelo Sporting Braga e já no ano seguinte, estava no Atlético de Madrid. Rodou por Valladolid, Albacete, Celta e Rayo Vallecano. No ano passado, a naturalização saiu.

E Felipão de bobo não tem nada. Antes da Copa das Confederações, convocou Diego Costa para os amistosos contra a Itália e a Rússia. Jogou muito pouco tempo mas foi uma clara sinalização. E o técnico brasileiro já tinha experiência de sucesso quando levou Deco para jogar por Portugal.

Ao mesmo tempo, o técnico da seleção espanhola Vicente del Bosque sabe que tem um problema crônico de ataque no seu time. O brilhantismo no meio-campo de Iniesta, Xavi, Fábregas e David Silva não é repetido no ataque. Torres, Soldado e Negredo são atacantes medianos. Pedro e Navas brigam pela outra posição. Diego Costa é bem melhor que todos e o assédio espanhol é, portanto, justificável.

Com o anúncio de Diego para os amistosos do Brasil contra Honduras e Chile, no próximo mês, mesmo que provocado por um trote pelo telefone, Felipão deixa claro que pretende contar com o atacante.

Diego só não estará na convocação de Felipão para a Copa do Mundo em maio de 2014 se:

  • houver lesão séria;
  • não agradar nos dois próximos amistosos e no único que haverá no ano que vem antes da Copa, fazendo muita besteira em campo, o que, sinceramente, considero improvável;
  • incentivo$ da Real Federação E$panhola de Futebol, para que seu passaporte espanhol receba o carimbo da Polícia Federal Brasileira, em junho de 2014.

O resto é fofoca de revista de novela!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

JOSÉ REINALDO DE LIMA

Renegado pelos próprios meniscos!

"Rei, Rei, Rei, Reinaldo é nosso Rei!"

Música que os pais de meus amigos Alexandre Campos, Carlos Henrique Magalhães, Miriam Paula (todos bebezinhos nesta época!), Fernando Alves (nem era nascido!) e toda a torcida do Atlético Mineiro jamais cansavam de entoar nas arquibancadas do antigo Mineirão para venerar o maior ídolo da história de seu clube! Um grande craque!

"O maior que vi jogar depois de Pelé!". Dito por ninguém menos que Zico, no Programa "Bem Amigos" do Sportv. Exagero ou não, veio de alguém acima de qualquer suspeita!

Depois de Romário, o mais talentoso e genial atacante que eu vi jogar! Dribles curtos, longos, secos, de improviso. Domínio perfeito da bola, sempre escondida dos zagueiros. Faro impressionante de gol! Marcou 255 em 475 jogos pelo Atlético, sendo 157 no Mineirão, o maior artilheiro do estádio até hoje. E vítima cruel da violência em campo! Assista e relembre o gesto característico do braço levantado com os punhos fechados para comemorar o gol!


1976reinaldo_novinho_jovem2Debutou no time profissional do Atlético em 1973, com somente 16 anos, vindo de Ponte Nova. Sua baixa estatura e estrutura muscular franzina o deixaram a mercê da violência dos adversários que o fizeram retirar seus meniscos, antes mesmo de completar 18 anos. Não havia artroscopia nesta época. Não tinha amortecimento nos joelhos. Era como se só pudesse parar de correr com a bola, quando chegasse ao gol adversário! E assim mesmo, em 1976, já era titular absoluto aos 19, e foi campeão mineiro com a geração de Cerezzo, Paulo Isidoro, Marcelo Oliveira, Marinho e João Leite. E em 1977, um ano fabuloso, embora não tenha conquistado o brasileiro. A maior média de gols da história da competição: 1,55 por jogo (28 gols em 18 jogos). O Galo chegou invicto à final em jogo único contra o São Paulo. E no Mineirão. Entretanto, Reinaldo não pode jogar. Na 1a.fase, foi expulso mas não julgado. Serginho, maior destaque do São Paulo, foi expulso nas semifinais. Guardaram seu julgamento para junto com o do Chulapa. Os dois foram suspensos e não puderam jogar a final. Era claro que o Almirante Heleno Nunes, presidente da CBD, não gostava de suas declarações socialistas em pleno regime militar. E ainda tinha aquele gesto no gol. O jogo terminou 0x0. Pênalties. Valdir Peres, goleiro do São Paulo que tinha um time apenas razoável, fez a festa. E coube a Joãozinho Paulista, o horrível substituto de Reinaldo, bater o último. A bola foi parar na Lagoa da Pampulha! O Galo foi vice, invicto, com 10 pontos a frente do São Paulo. Absurdos dos regulamentos!
Atlético Mineiro - Campeão Mineiro (78)
Atlético-MG 77: João Leite, Cerezzo, Vantuir, Márcio, Heleno e Claúdio Mineiro. Marinho, Ângelo, Reinaldo, Paulo Isidoro e Ziza.
Foi pela primeira vez convocado para seleção em 75, aos 18, por Oswaldo Brandão, para disputar a Copa América, quando o Brasil foi representado pela seleção mineira. A campanha não foi boa e fez seu primeiro gol pela seleção em amistoso contra a Polônia, no Morumbi, em 1977. O Brasil venceu por 3x1 e Reinaldo fez um golaço, após dar um "chapéu" no zagueiro e "fuzilar" o grande goleiro Tomaszewski. Já com Claudio Coutinho como técnico da seleção, era, junto com Zico, uma das grandes esperanças na Copa 78, na Argentina, mas estava lesionado. Onde? Claro, no joelho esquerdo. Não tinha condições de jogo. Coutinho fez tudo o que pode. E o gramado do recém inaugurado estádio de Mar del Plata era uma vergonha! Reinaldo jogou 2 partidas. Na primeira, fez o gol de empate salvador contra a Suécia. Na segunda, contra a Espanha, novo empate (0x0) e não pegou na bola! Roberto Dinamite entrou e marcou o gol da sofrida classificação contra a Áustria e Reinaldo voltou para o Brasil. Nova cirurgia. Até Pelé o visitou no hospital!

Copa 1978 - Brasil 0 x 0 Espanha - Mar del Plata: Toninho, Leão, Edinho, Amaral, Oscar e Batista. Gil, Zico, Reinaldo, Rivelino e Cerezzo.
Em 1980, final do Brasileiro contra o Flamengo. Reinaldo de novo em grande forma. Se o Flamengo tinha Zico, Junior, Adilio, Julio César e Carpeggiani, o Galo, além dele, tinha Cerezzo, Palhinha, Éder, Luisinho. Eram ambos grandes times! Na primeira partida, no Mineirão, no fim do jogo, Junior fez gracinha, querendo driblar Palhinha na frente de sua área. A bola sobrou para Reinaldo "fuzilar" Raul. No Rio, o empate daria o título aos mineiros. Com o Maracanã abarrotado (157 mil pessoas), o Flamengo fez 1x0. Reinaldo, em jogada magistral, empatou. O primeiro tempo terminou com o Fla novamente em vantagem. Antes dos 15 minutos do segundo tempo, Reinaldo correu atrás da bola pela direita e sentiu a perna. Distensão muscular. Decidiu ficar no jogo e a torcida do Flamengo gritava "bichado, bichado!" Mancando, ainda conseguiu empatar o jogo, pegando de primeira o cruzamento de Éder. Novo empate salvador! Procópio Cardoso, técnico do Galo, deveria tê-lo substituído no ato! Então, Reinaldo fez burrada! O Flamengo tinha uma falta boba no seu campo de defesa. Daquelas que se cobram rapidamente com um toque pro lado. Reinaldo veio por trás e deu um toquinho de leve na bola, impedindo a cobrança. Foi o suficiente para José de Assis Aragão mostrar-lhe o cartão vermelho! Muito rigoroso o critério do árbitro, mas Reinaldo não tinha nada que ter atrapalhado a cobrança. Logo depois, a nove minutos do fim, Nunes fez o terceiro do Fla, que mesmo vencendo pela mesma diferença do Mineirão, tinha vantagem do empate, pois venceu os dois jogos da semifinais contra o Coritiba e o Atlético havia vencido uma e empatado a outra contra o Internacional. Em toda a competição, Flamengo e Atlético terminaram com o mesmo número de pontos.
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Atlético-MG 80: João Leite, Osmar Guarnelli, Luisinho, Orlando, Cerezzo e Jorge Valença. Pedrinho, Chicão, Reinaldo, Palhinha e Éder.
Em 1981, Reinaldo estava de novo na seleção com Telê Santana. Foi convocado várias vezes e fez golaço importante, pelas Eliminatórias de 82, contra a Bolívia, na vitória por 2x1, na altitude de La Paz. E ainda neste ano, o polêmico "jogo-desempate" pela Libertadores, com o Flamengo em Goiânia. É fato que Reinaldo cometeu falta feia em Zico. O critério que José Roberto Wright utilizou para expulsá-lo não foi o mesmo adotado na falta desleal que o zagueiro Figueiredo fez no próprio Reinaldo, minutos antes. O Flamengo nada teve a ver com isso e todas as outras expulsões do Atlético foram justas. Para piorar, no ano seguinte, Telê decidiu não o levar para a Copa na Espanha. Não havia tempo para recuperação de novas contusões no joelho!


Ainda ficou no Atlético até 1985, onde conquistou 8 campeonatos mineiros e alguns torneios internacionais. Neste mesmo ano, chegou a ser convocado algumas vezes por Evaristo de Macedo, sem se destacar. Mesmo aos 28 anos, a debilidade de seus joelhos, após anos de infiltrações, impediam os comandos do cérebro! Rodou por Palmeiras, no rival Cruzeiro, Rio Negro de Manaus, na Suécia e na Holanda, quando parou de jogar aos 31 anos, em 1988. Passou a técnico de equipes do interior de Minas, quando ingressou na política e, infelizmente, na cocaína!

1984 - Brasil 1 x 0 Uruguai - Curitiba: Edson, João Marcos, Oscar, Mozer, Jandir e Vladimir. Tita, Deley, Reinaldo, Arturzinho e Marquinho.
Como deputado estadual e vereador em Belo Horizonte, criou o BH Esporte e Cultura, para crianças praticarem esportes, com relativo sucesso, onde treina o time principal na segunda divisão mineira. Contudo, se envolveu com traficantes e acabou preso. Resolveu a confusão e parece estar de bem com a vida, com novo mandato na câmara de BH. Vamos torcer!

Reinaldo não conseguiu conquistar títulos nacionais com o Atlético mas está, de fato, na galeria dos grandes jogadores da história do futebol brasileiro! Sua alegria na conquista do titulo da Libertadores deste ano pelo Galo só pode ser comparada a de um ingênuo menino qualquer do interior do estado, que vestia a camisa e levava a bandeira, ambas alvinegras, entrava na "vendinha" da cidade para acompanhar, pela TV, em preto e branco, um jogo no Mineirão, sonhando estar lá, um dia, para cantar junto com a galera:

"Rei Rei Rei, Reinaldo é nosso Rei!"

Encerramos a série "Os Renegados"? Talvez não! Você pode dar sugestões! E nessa primeira leva, um time de peso: Ricardo Pinto, Rondinelli, Paulo Cézar, Neto, Arilson, Djalminha, Mário Sérgio, Marinho, Dé e Reinaldo!


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SÓ PODE HAVER UM

Ibrahimovic ou Cristiano Ronaldo?

Somente um deles estará aqui no Brasil no ano que vem! Pena! O português está atualmente em seu melhor momento no futebol aos 28 anos, comandando o Real Madrid, tendo acabado de bater o recorde de gols por sua seleção que era de ninguém menos que Eusébio, o maior jogador luso da história. O sueco, mesmo aos 32, foi a principal contratação do Paris Saint-Germain na temporada passada e não decepcionou: levou a equipe parisiense ao título nacional após longa espera e foi o artilheiro do certame. Coleciona polêmicas, brigas, "disse-me-disse" mas sempre foi goleador por onde passou, com destaque para Barcelona, Internazionale e Milan, gigantes do futebol. Comparando-se os times, Portugal é melhor, com Moutinho (Monaco) e o super tatuado Meirelles (Fenerbahce) no meio-campo, Nani (Manchester Utd.) voltando à forma no ataque, Coentrão (Real Madrid) na lateral-esquerda e o ex-brasileiro Pepe (Real Madrid), que decidiu parar de bater e jogar futebol. Os companheiros de Ibra são aqueles mesmos de sempre cujos nomes terminam em "sson" e "berg". Sem Portugal , a grande colônia no Brasil ficará mais triste. Do contrário, não teremos a torcida sueca... a feminina, claro!!!

E por que o futebol terá que fazer esta escolha? Porque o fatídico sorteio da FIFA leva em consideração o seu ranking maluco. Assim, as oito seleções classificadas para a repescagem europeia foram divididas em dois blocos: as quatro primeiras e as quatro últimas. O sorteio (ou "azareio") seguiu este frio critério:
Bloco A: Portugal (14o.) - Grécia (15o.) - Croácia (18o.) - Ucrânia (20o.)
Bloco B: França (21o.) - Suécia (25o.) - Romênia (29o.) - Islândia (46o.)

Além de Suécia x Portugal (com decisão em Estocolmo), os demais confrontos ficaram assim definidos:


  • França x Ucrânia (decisão em Paris) - O time de Ribéry (Bayern Munich) e Benzema (Real Madrid) é franco (sem trocadilho!) favorito. Se o técnico Didier Deschamps (campeão como jogador em 98) conseguir trazer o meiocampista Nasri (Manchester City), ficara ainda mais fácil. E tomara que não se utilize de artifícios vergonhosos como a mão de Henry, que o classificou na repescagem para 2010, contra a Irlanda! Com a aposentadoria do craque Shevchenko, a Ucrânia de hoje é um país de belas mulheres!


  • Romênia x Grécia (decisão em Bucareste) - Taí um confronto insosso! Depois de Hagi, comandante da bela campanha em 94, a Romênia nunca mais teve boas gerações. Apenas bons jogadores como Mutu e Shivu. A Grécia, "zebraça-aça-aça" campeã da Euro 2004 e que disputou sua primeira Copa em 2010, joga futebol medíocre com destaque (?) para o atacante trombador Samaras, do Celtic (Escócia). O resto são os "papadopoulos" da vida! Leve favoritismo para o time de Conde Drácula, de mais tradição em disputa de Copas do Mundo!


  • Croácia x Islândia (decisão em Zagreb) - Em sua primeira Copa, os croatas fizeram bonito em 98, quando eliminaram a Alemanha nas quartas, venceram a Holanda na decisão do 3o.lugar e ainda fizeram o artilheiro do torneio (Suker). E foi só. Apesar, hoje, do excelente Modric (Real Madrid, ufa!), o time carece do brilhantismo da geração de Prosinecki, Boban e Jarni. Mesmo assim, é favorito contra os novos vikings do futebol que ficaram famosos na última temporada por divulgar, via youtube, todas aquelas dancinhas de comemoração de gols! Seu jogador mais famoso foi (ainda é) Gudjohnsen, que jogou, com sucesso, no Barcelona, Chelsea, PSV Eindhoven e Tottenham. Hoje, com 35 anos, ainda joga no Brugge, da Bélgica, e não sabe se disputará esta repescagem. Até a cantora Björk, sua conterrânea, já entrou na luta para convencê-lo a jogar!

A reta final! Em 30 dias, tudo se define! No próximo post sobre a Copa, o inicio da série "Pena! Não Ganharam!", com o sempre enfadonho "maracanazo"! Até lá!


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

DENTRO DE CAMPO, TUDO QUASE PRONTO



Já sabemos que, fora do campo, a Copa do Mundo no Brasil é um dos maiores roubos aos cofres públicos. Estamos fartos de saber disso. É vergonhoso!

Concentremo-nos, então, no que pode acontecer dentro do campo. E após a última rodada dos grupos da Europa, América do Sul e Concacaf, já são 21, os países classificados. Ainda restam 11 vagas.

E a partir de hoje, este blog terá periodicamente, postagens sobre o preenchimento das últimas vagas, o início da série "Pena! Não Ganharam!", o sorteio dos grupos no próximo dia 6/12, jogadores que se destacam em clubes mas que não estarão na Copa, enfim, aperitivos para curtir o grande barato que é uma Copa do Mundo!

Quando a Copa das Confederações terminou em junho passado, postei aqui comentários sobre o que poderia acontecer em termos de classificação para a Copa, apontando algumas apostas para o ano que vem. Confira aqui: http://futblogdosamigos.blogspot.com.br/2013/06/felipao-acorda-o-gigante.html .

Dos países que citei neste post, apenas a França de Ribéry e Benzema,  por enquanto, não garantiu vaga. Terá que buscá-la na repescagem, onde poderá enfrentar Croácia (do excelente Modric, do Real Madrid) ou Ucrânia ou Grécia (ambos fracos) ou... Portugal, de Cristiano Ronaldo! O sorteio definirá, no próximo dia 21, os adversários deste grupo contra Suécia (do craque Ibrahimovic, do Paris Saint-Germain), da tradicional Romênia e da surpreendente Islândia. É! Não é só da cantora Björk que os vikings de Reikjavik podem passar a ser mais conhecidos!!

Na Concacaf, EUA e Costa Rica já estavam classificados. Honduras confirmou. E o México de "Chicharito" Hernández, do Manchester United, teve que contar com o "Sobrenatural de Almeida" para ir à repescagem contra a Nova Zelândia, mesmo perdendo para a Costa Rica por 2x1, em San José. O Panamá jogava em casa contra os EUA e vencia por 2x1, garantindo vaga na repescagem, eliminando os mexicanos. Mas aos 46 e 48 minutos do segundo tempo, os yankees treinados por Jurgen Klinsmann viraram o jogo. Inacreditável! Também no futebol, os EUA são os melhores "muy" amigos do México!

Na América do Sul, o Uruguai venceu os reservas da Argentina por 3x2 no Centenário mas não foi suficiente para se livrar da repescagem. No saldo de gols, o Equador ficou com a 4a. vaga, mesmo perdendo para o Chile, já classificado, em Santiago, por 2x1. Será a quarta repescagem seguida da Celeste. Nas outras 3, venceu 2 (Austrália e Costa Rica) e perdeu outra para a mesma Austrália. Cá entre nós, se não ganhar da Jordânia, vai aparecer black block em Montevideo exigindo a volta da Província Cisplatina!

Na África, a grande surpresa foi a goleada avalassadora de Gana, em casa, sobre o sempre favorito e maior campeão do continente, o Egito: 6x1. Nem colocando as múmias em campo! A atual campeã africana Nigéria venceu a Etiópia em Addis Abeba (2x1) e somente uma zebra lhe tira a vaga, jogando em casa. A surpreendente Burkina Faso venceu a Argélia (3x2) em Ouagadougou (O que? Vc não conhecia a capital de Burkina Faso? Não acredito!) e como vale o critério de gol fora de casa, os argelinos podem garantir a vaga com um simples 1x0. Equilíbrio mesmo está entre Tunísia e Camarões, onde o empate de 0x0 em Túnis deixa o confronto aberto. A expectativa é se o camaronês Eto`o vai mesmo desistir da sua seleção na hora do "vamos ver"!

Parcial dos classificados (21):
Europa: Espanha, Alemanha, Itália, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Rússia, Suíça e Bósnia
América do Sul: Brasil, Argentina, Colômbia. Chile e Equador
Ásia: Japão, Coreia do Sul, Irã e Austrália (desde 2009, disputa eliminatórias pela Ásia)
Concacaf: EUA, Costa Rica e Honduras.

No próximo post sobre a Copa do Mundo, o assunto será os "cabeças-de-chave" dos grupos da Copa, o sorteio da repescagem europeia e alguns jogadores famosos que não virão ao Brasil!

E você? Esperando se será sorteado para comprar os ingressos?
Eu também!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

ESSES DESTEMIDOS JOVENS E SUAS INCRÍVEIS CARAS DE PAU

As categorias de base dos clubes brasileiros sempre foram formadoras de jogadores. De grandes jogadores. Desde a época dos famosos campeonatos de aspirantes nas décadas de 40 a 60. A maioria esmagadora dos grandes craques do futebol brasileiros foi aspirante um dia!

As partidas de aspirantes eram as preliminares das principais, que depois foram substituídas pelos juvenis e juniores nos campeonatos estaduais. Muita gente chegava mais cedo aos estádios para acompanhar as famosas "jornadas duplas". E eram grandes jogos. Os times de aspirantes não eram necessariamente formados por jogadores de até 20 anos mas por jovens, muitos deles recém promovidos ao time principal, que não tinham oportunidades ou ainda para aqueles mais velhos que se recuperavam de contusões, por exemplo. Houve uma tentativa de volta à categoria em alguns campeonatos paulistas na década de 90, com algum sucesso e o apoio da TV Bandeirantes que, ao reduzir seu investimento, não prosseguiu com o projeto.

E até meados dos anos 2000, a Copa São Paulo era a única competição, dita oficial, da categoria de juniores, disputada como um autêntico campeonato brasileiro. Desta forma, ganhá-la era sinônimo de prestígio e de bons presságios para o futuro de muitos jogadores, cuja formação era de única responsabilidade dos clubes. Ganhar torneios sempre foi (e continua sendo) importante mas o fundamental era aperfeiçoar o dom que garoto recebeu em jogar futebol. Passe, domínio e proteção da bola, chute, cruzamento, cabeceio, drible, a roubada de bola sem violência, o bom condicionamento físico e, claro, a regra do jogo. O futebol sempre foi um meio lícito de ascensão social aos garotos pobres que sonhavam em ganhar dinheiro para, acima de tudo, melhorar a vida da família. Pena que esta "Era da Inocência" tenha terminado

Com a Lei do Passe Livre, o vínculo dos jogadores com os clubes se encerra cada vez mais cedo. Os empresários e agentes de futebol, cujo ofício é absolutamente legal, já iniciam suas atividades com garotos de 12 anos. Sim. 12. E ainda mais cedo ao se considerar equipes de futebol de salão (já falei que abomino o tal futsal). A Copa São Paulo, há tempos, já não é mais da categoria de juniores (sub-20) mas cuja idade máxima é de 18 anos completos e abriga o absurdo número de 88 participantes. Amigo leitor, o Amapá também tem agentes e quanto mais cedo as transferências ocorrerem, mais baratas e fartas serão as transações. A CBF, cujo B não significa bobo, tem grande receita com isso e tratou logo de se juntar à TV para criar campeonatos brasileiros e Copas do Brasil, sub-20 e sub-17, não havendo mais necessidade, portanto, das famosas preliminares dos campeonatos estaduais.

Ao mesmo tempo, os clubes, eternamente defenestrados pela CBF, acabaram sendo os mais prejudicados com esta inversão de valores na formação de atletas. O longo prazo deixou de existir pois quanto maior a demora para negociá-los, menor é a sua parte na transação. Os jogadores estão mais livres dos clubes e cada vez mais presos aos agentes, os atuais mais práticos meios para "melhorar a vida da família".

Se há menos tempo para formar jogadores, há menos tempo para o passe, o chute, o cabeceio, o cruzamento, o drible, a regra do jogo. Ao menor sinal de que tudo isso seja feito por alguém, a imprensa, "motivada" por agentes e CBF, já faz logo nascer um novo Pelé, um novo Garrincha, um novo Jairzinho, um novo Rivelino, um novo Gérson, um novo Tostão, um novo Zico.

Com o passar do tempo, o que se vê são lances como os que se seguem, ocorridos na rodada do fim-de-semana do campeonato brasileiro e cujos jogadores que o protagonizam são de boa qualidade mas são apenas dois exemplos, diante de inúmeros, que mostram uma atual triste realidade no nosso futebol.





E assim, nossos destemidos jovens jogadores iniciam suas carreiras no futebol.

Há sempre alguém para passar óleo de peroba em suas incríveis caras de pau!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

RICARDO PINTO

Renegado pela torcida que o venerava como grande ídolo e capitão do time!

          Agência/Divulgação
Com Lira e Edinho (téc), Campeão Taça GB 93
Ricardo Pinto passou 9 anos no Fluminense. Capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, chegou às Laranjeiras com 19 anos em 1984, vindo da Desportiva de Vitória-ES para assumir o gol da equipe sub-20 e logo foi campeão da Copa São Paulo. Após ser reserva de Paulo Vitor, assumiu o gol tricolor em 1988, tendo sido titular absoluto até 1993. Não deu sorte com os times montados neste período mas talvez por isso mesmo é que tenha se destacado por defesas plásticas, muitas acrobáticas mas sempre firmes. Em muitas partidas, garantiu vitórias e empates heroicos para o Fluminense. Falhou como qualquer goleiro. Foi campeão da Taça Guanabara em 91 e 93 e da Taça Rio em 90, além de semifinalista nos Brasileiros de 88 e 91. Com 1,85 m, era forte, muita elasticidade, saia bem do gol. Gostava de uniformes bonitos, alguns até espalhafatosos. Confira grandes momentos no Fluminense:


Os problemas começaram ainda em 1989. Despedida oficial de Zico pelo Flamengo. Fla-Flu amistoso em Juiz de Fora-MG. O Flamengo venceu por 5x0 e o primeiro gol foi dele, numa falta magistral. Ricardo Pinto ainda chegou a tocar na bola mas entrou no ângulo. No intervalo, o goleiro afirmou que "tinha orgulho de ter tomado um gol de Zico em sua despedida". Não pegou bem. Hoje, ele se defende ao negar tal declaração, dizendo que tinha orgulho em participar da festa de Zico. Assisti a este jogo pela TV. Ele falou.

Com o passar do tempo, suas grandes atuações fizeram a torcida esquecer o episódio. Sempre cotado na seleção mas a concorrência era pesada, sobretudo com o titular: Taffarel. E no segundo semestre de 93, teve proposta para o Cerro Porteño, do Paraguai, onde ficou um ano e foi campeão nacional. Voltou para o Americano de Campos e depois União São João de Araras em 94 e em 95, foi reserva de Ronaldo no Corinthians, onde conquistou a Copa do Brasil. Jogou pouco. Aos 30 anos, ótima idade para goleiro mas desprestigiado no timão, teve proposta do Atlético-PR, agora novamente titular e campeão brasileiro da série B em 95, voltando aos seus melhores dias.

E em 1996, o dia fatídico. 10 de novembro. Estádio das Laranjeiras. Fluminense x Atlético-PR. O Flu já se encaminhava para a queda à serie B e o Atlético buscava a liderança do campeonato. Ricardo Pinto era sempre vaiado. Sua vaidade não admitia tal situação ainda mais vindo da torcida que o consagrou. Ao final do jogo, vitória paranaense por 3x2 e o goleiro, outrora ídolo, fez gestos obscenos à torcida atrás do gol e ainda o número 2, com dois dedos, referência para a segunda divisão que se aproximava para o Flu. A galera, com os nervos à flor da pele e enfurecida, invadiu o campo. Ele era o alvo. Ricardo bateu e apanhou, tendo sido gravemente ferido na cabeça. Ficou 4 meses afastado do futebol. Nunca mais voltou às Laranjeiras. Nada justifica a violência. Nada justifica a provocação.

Técnico do Paraná, em 2011
O fato parece ter marcado de vez o declínio de sua carreira. Ainda ficou em Curitiba por mais um ano e até 1999, quando pendurou as luvas, jogou pela Inter Limeira, Iraty-PR, Goiás e Joinville, sem nenhum brilho. Ainda neste ano, iniciou sua fase de técnico nas categorias de base do próprio Atlético-PR e rodou pelo Brasil. Teve mais destaque como técnico do Paraná, em 2011, na série B, sem conseguir o acesso.

Hoje, Ricardo Pinto é técnico do Batatais, da série A3 do Campeonato Paulista. Tem um centro esportivo para crianças em Curitiba (http://www.ricardopinto.com.br/), cidade onde tentou se eleger vereador no ano passado. Desempenho pífio. Teve só 1303 votos. Olha a propaganda:


Ricardo fala que se for chamado um dia para voltar às Laranjeiras, o faria com prazer! Até já perdoou quem o agrediu. Nesta época, recebeu pedido de desculpas do então presidente do Fluminense, Gil Carneiro de Mendonça, ainda na cama do hospital em que esteve internado. Olha a foto! Não se tem registro de que Ricardo tenha pedido desculpas pela infantil provocação!

Times com Ricardo Pinto!
Fluminense 91: Pires, Luis Marcelo, Júlio Alves, Ricardo Pinto, Carlinhos Itaberá e Alexandre Torres. Marcelo Gomes, Renato, Ézio, Bobô e Macula.
Fluminense 93: Ricardo Pinto, Luiz Eduardo, Luis Fernando, Pires, Lira e Zé Teodoro. Wagner, Chiquinho, Ézio, Serginho e Macalé.
Atlético-PR em 1995, pela Série B (Foto: reprodução/Site do Atlético-PR)
Atlético-PR 95: Ricardo Pinto, Alex, Alex Lopes, Luis Eduardo e (?).  (?), Oséas, (?), Luizinho, Paulo Rink e (?).
Atlético-PR 97: Ricardo Pinto, Cléberton, Alex, Luizinho, Reginaldo, Nowak e Andrei. Ronaldo, Paulo Rink, Joílson e Paulo Miranda.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

OS ALÇAPÕES CARIOCAS PERTO DO FIM?

Estádio Proletário Guilherme da Silveira, Bangu
Houve uma época, no campeonato carioca, em que os quatro grandes (cinco, com o América) passavam maus bocados ao enfrentarem os pequenos em seus respectivos estádios. E não foi durante pouco tempo! Até os anos 60, enfrentar Bangu em Moça Bonita, Madureira em Conselheiro Galvão, Olaria na Rua Bariri, Bonsucesso na Rua Teixeira de Castro, São Cristóvão na Rua Figueira de Melo, Portuguesa na Ilha do Governador (o "Estádio dos Ventos Uivantes") e o Campo Grande no Ítalo del Cima era tarefa muito árdua. Esses clubes davam um charme especial ao campeonato. Além de possuírem torcedores que compareciam aos jogos!

Estádio Aniceto Moscoso, Madureira
E não por acaso, esses clubes tradicionais de bairro tinham o hábito de formar grandes jogadores que, rapidamente, eram contratados pelos grandes, ainda nas divisões de base. Sem me alongar, cito Leônidas da Silva do Bonsucesso, Didi do Madureira, Castilho do Olaria, Domingos da Guia e o filho Ademir pelo Bangu. Mais recentemente, o Olaria lançou Romário, o Campo Grande, Valdir (o do Bigode) e Vágner Love e o São Cristóvão, Ronaldo, o ex-fenômeno. O São Cristóvão, aliás, foi campeão carioca de 1926, cedeu 10 jogadores para a seleção brasileira nas Copas do Mundo dos anos 30 e tinha Mário Vianna, árbitro e depois comentarista, como um de seus principais torcedores. O Olaria, por sua vez, foi campeão da Taça de Bronze em 1981, uma espécie de 3a.divisão do futebol brasileiro nesta época.

Rua Figueira de Melo, São Cristóvão
O abandono de governos estaduais e da prefeitura do Rio fizeram com que muitos bairros do subúrbio, na verdade, a maioria deles, se afundassem na degradação e ao domínio de traficantes e milícias. E essa ausência do poder público foi igualmente sentida no futebol destas localidades. O Bangu e o Madureira ainda conseguiram manter seus estádios em relativo bom estado. Os demais, infelizmente, não. Ainda houve uma tentativa com a doação das cadeiras azuis do ex-Maracanã para melhor equipá-los, sem muito sucesso e a sua presença na primeira divisão carioca é cada vez mais rara!

Rua Bariri, Olaria
E nessa semana, há a notícia de que todo o complexo esportivo do Olaria, ou seja, todo o clube, deverá ir a leilão, por conta de dívida trabalhista com um ex-jogador. Mais detalhes neste link: http://www.lancenet.com.br/futebol/divida-trabalhista-Olaria-risco-leiloada_0_1003099864.html
O estádio foi recentemente melhorado (e não reformado), inclusive com um novo gramado. O atual presidente do clube diz que já está tomando medidas e que o alto valor será muito difícil de ser atingido por algum arrematante. Triste!

Estádio Leônidas da Silva, Bonsucesso
Além dos estaduais pelo país afora terem se transformado em meros instrumentos políticos de seus mandatários (exceção para MG), no Rio, a fusão(*) em 1974, pode ter marcado o início do fim de muitos desses clubes, atolados em dívidas e reféns do descaso e da falta de investimentos do poder público em suas regiões. A maioria está em divisões inferiores da federação estadual do Rio e nenhuma perspectiva de melhora. Além do crescimento de Volta Redonda, Americano, Friburguense, Macaé, Resende, sempre apoiados por suas prefeituras.


Fica a História. Ficam as estórias. Melhor guardar, com afeto, a lembrança de um tempo que dificilmente voltará.

Estádio Luso Brasileiro, Ilha do Governador
Estádio Ítalo del Cima, Campo Grande

(*) O antigo estado do Rio de Janeiro e o antigo estado da Guanabara se fundiram neste ano!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

AGORA NO ENDEREÇO CERTO

E o movimento do Bom Senso FC parece que vai obtendo sucesso em suas reivindicações. Tomara que não pare por aí.
E, finalmente, agora acertaram no destinatário na tal carta de intenções. Clique aqui:
http://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro-serie-d/globo-aceita-e-estaduais-vao-comecar-uma-semana-mais-tarde,50bce2ffff061410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

E mesmo antes de todo esse movimento começar, a dona do campeonato brasileiro já fazia seus ajustes para 2015, com a devida notificação ao sindicato dos jogadores profissionais de São Paulo. Apenas para "inglês ver"! Como se este fosse colocar qualquer dificuldade! E por que somente o de São Paulo? Confira:
http://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro-serie-d/globo-disse-a-sindicato-que-ira-enxugar-calendario-do-futebol-em-2015,084e98ae55651410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

Se o amigo leitor prestou atenção, no final deste link há a frase: "Já a CBF, por meio de sua assessoria de imprensa, informou desconhecer (...)  um calendário com menos jogos para 2015."

E precisa conhecer?

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A SAGA DE PAULO CÉZAR LIMA


      

Renegado pelo preconceito racial! Renegado pelo inferno das drogas! Mas renegado, sobretudo, pelas torcidas adversárias! Paulo Cézar foi um dos maiores jogadores do futebol brasileiro em todos os tempos! Duas Copas do Mundo, campeão em 70, inúmeros títulos! Não daria para falar sobre ele em único post mas em um livro. Aliás, existe! Escrito pelo próprio!

Apesar de não gostar do RMP, seu programa na Fox Sports leva personalidades interessantes do futebol. E lá estava o PC na última segunda-feira.

Nasceu em junho de 1949 na antiga favela da Cachoeira, hoje Vila Benjamin Constant, entre os bairros de Botafogo e Urca. Jurou sair da miséria e com 17 anos foi treinar no Botafogo, ali bem perto. Teve acesso aos estudos, sempre muito bem articulado e eloquente. Era habilidoso, inteligente, driblador em velocidade. Foi um dos primeiros destros a jogarem na ponta-esquerda, trazendo a bola pro meio e batendo no gol. Com 18, já era titular do time principal e formava essa imortal linha de ataque do bicampeonato carioca de 1967/68.

Rogério, Gérson, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo Cézar
Daí para a seleção brasileira, foi bem rápido. Convocado pela primeira vez já em 67 e para a reserva de Rivelino na Copa de 70 mas curiosamente, substituiu Gerson, atuando desde o início contra a Inglaterra e Romênia e entrando em seu lugar durante os jogos contra a Tchecoslováquia e Peru. Rivelino ia para sua posição original no meio e Paulo Cézar entrava na ponta-esquerda.
Brasil 1 x 0 Inglaterra - Copa 70: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo e Everaldo. Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé e Paulo Cézar.
A infeliz foto de Placar
Em 1971, começaram as polêmicas. Fez foto para a Revista Placar, com faixa de campeão carioca pelo Botafogo, 3 rodadas ANTES da disputa terminar. Entrementes, em partida contra time pequeno (acho que o Olaria, me ajudem!) , fez "embaixadinhas", menosprezando o adversário. O Botafogo, que era o virtual campeão, perdeu para o Bonsucesso e para o Flamengo. Precisava apenas empatar com o Fluminense, na última partida, para ser campeão. Perdeu, na polêmica com o juiz José Marçal Filho. Considerado culpado pela perda do título, rumou para o Flamengo.

No Flamengo, foi campeão carioca em 1972 e 74. E as extravagâncias começaram. Negociando bons contratos, o dinheiro chegava. Comprou um carro na mesma cor que havia descolorido seu cabelo: CAJU. 

Pra rebocar os brotinhos...
Estilo "Fashion"
    

O apelido vingou. Passou a frequentar a alta roda do "jet set" carioca e se vestia (quando vestia) das maneiras mais tresloucadas. Olha aí com Rivelino, no aeroporto, em 1972.

Flamengo 73: Renato, Moreira, Fred, Tinho, Liminha e Rodrigues Neto. Rogério, Paulo Cézar, Dario, Zico e Marquinhos.
O Brasil estava na ditadura militar. Era repressão e o comportamento do PC era sempre condenado pelo pessoal da TFP (Tradição, Família e Propriedade) como afronta aos bons costumes. Na verdade, era preconceito contra um negro bem sucedido. A chance de dar nova alegria à torcida era a Copa da Alemanha, em 1974. Seria a primeira sem Pelé. Paulo Cézar era a grande esperança do Tetra. A seleção brasileira tinha craques, mas exceto por Rivelino, Marinho Chagas, Luis Pereira, Leão e um pouco de Jairzinho, todos foram mal. Há alguns anos, no programa do Sportv, "Jogos para Sempre", PC foi o entrevistado para falar do jogo contra a Holanda. Ele perdeu gol feito quando ainda estava 0x0. "Minha cabeça já estava na França (negociado com o Olympique de Marselha). Não estava nem aí para Copa do Mundo!" Perdemos por 2x0 e, depois, perdemos o 3o. lugar para a Polônia.

Com Jairzinho e Marius Trésor, em Marselha!
Paulo Cézar não se adaptou em Marselha, apesar de ter estado lá com Jairzinho. O frio e a distância da família e amigos não o fizeram ficar nem um ano por lá. No sétimo mês, fugiu da cidade. Confusão! Francisco Horta, recém-eleito presidente do Fluminense, disse que o contratava se PC pagasse a multa rescisória com os franceses. PC aceitou no ato. Era a primeira contratação da lendária "Máquina Tricolor", bicampeã carioca de 1975/76 e vários títulos internacionais. PC, Rivelino, Carlos Alberto e companhia foram atração na França, Espanha, Portugal, Suíça, México, Chile e EUA. Embora esquecido para a seleção brasileira (o novo técnico Oswaldo Brandão não o tolerava), Paulo Cézar jogou demais nesses dois anos e agora não mais como ponta-esquerda mas como meia e, às vezes, como segundo volante. Deixou a camisa 11 e passou a usar a 4. 

A Máquina Tricolor - Fluminense 1976: Renato, Carlos Alberto, Edinho, Pintinho, Rodrigues Neto e Miguel. Gil, Paulo Cézar, Doval, Rivelino e Dirceu.
Adepto do "troca-troca", Horta desfez o time e passou a reforçar os outros cariocas. Paulo Cézar acabou voltando ao seu Botafogo, com Gil e Rodrigues Neto. Não conquistou títulos mas foi fundamental para deixar o alvinegro invicto por 52 partidas entre os campeonatos brasileiros de 1977/78. Um recorde! E em 77, a seleção brasileira tinha novo técnico. Nas Eliminatórias para a Copa 78, na Argentina, Brandão não ia bem e o Almirante Heleno Nunes, presidente da CBD, o substituiu por Cláudio Coutinho, técnico do Flamengo. E num jogo decisivo no Ex-Maracanã, contra a Colômbia, Paulo Cézar foi novamente convocado, após 3 anos. Não só ele mas Marinho Chagas, Luis Pereira e Carlos Alberto Torres. E mais Rivelino, Roberto Dinamite, Zico, Edinho, Cerezzo. Foi o primeiro jogo do Brasil que eu assisti no velho estádio. A família toda foi. E o primeiro grande aperto que passei para entrar naquelas antigas e estreitas roletas mecânicas. Minha mãe (pela primeira vez no futebol) desistiu. Voltou pra casa de táxi e fiquei com meu pai e com meu irmão (que só tinha 7 anos). E foi um massacre: 6x0. PC bateu a falta do segundo gol de Zico, sofreu a falta no quinto gol de Marinho e tabelou com Rivelino no sexto. Assista nas imagens, com a música marcante do Canal 100.


Inexplicavelmente, Coutinho não o convocou para a Copa. Estava em forma. Meio deprimido, aceitou proposta do Grêmio, onde foi campeão gaúcho em 1979. Com Zagallo , assumindo o Vasco em 1980, completou a volta pelos 4 grandes do Rio. Foi vice-campeão carioca e no ano seguinte, seguiu para o Corinthians. Foram anos de muita propaganda e pouco futebol. E aí começou o declínio. Jogou na Califórnia e na 2a. divisão francesa. Em 1983, já com 34 anos, veio o convite do Grêmio para disputar a Copa Toyota no Japão, contra o Hamburgo, da Alemanha. Junto a outros veteranos companheiros Mário Sérgio e Tarciso, ajudou o tricolor gaúcho a conquistar o título, na vitória por 2x1, dois gols do garoto e grande promessa Renato Portaluppi.


Encerrou a carreira aos 35, novamente na França e aí veio a cocaína. O mais incrível é que, segundo seu próprio depoimento, jamais fumou, bebeu ou consumiu qualquer droga enquanto jogador. Foram quase 20 anos de um vício cruel. Perdeu quase tudo que ganhou, inclusive 2 apartamentos de luxo na Lagoa, bairro nobre do Rio. 

Hoje, reabilitado após internações em clínicas especializadas, PC afirma que não coloca uma gota de álcool na boca e nem cheira nada há 13 anos. Tomara que seja verdade! Tem uma coluna no Jornal da Tarde, em São Paulo, onde "detona os brucutus e valoriza o futebol-arte". É olheiro do Olympique de Marselha e sócio de uma academia de ginástica no Leblon, no Rio.

Amigo leitor, perdoe-me se tive que ser extenso. Queria até ser mais um pouco. Taí um cara que viveu intensamente seus grandes momentos como futebolista. Despertou paixão e ódio, alegria e melancolia, idolatria e inveja, veneração e indiferença. Personagem que somente o futebol pode criar!

Mais times com Paulo Cézar Lima, o Caju!

Título gaúcho de 1979, o "maior" da carreira de Paulo Cezar Lima pelo Gremio
Grêmio 79: Vilson, Vitor Hugo, Manga, Ancheta, Vantuir e Dirceu. Tarciso, Paulo Cézar, Baltazar, Jurandir e Éder.
Vasco 80: Mazaropi, Paulinho Pereira, Orlando Lelé, Juan, Pintinho e João Luis. Wilsinho, Paulo Roberto, Roberto Dinamite, Catinha e Paulo Cézar.
Corinthians 1981: Rondinelli, Gomes, Zè Maria, Rafael, Caçapava e Vladimir. Biro-Biro, Sócrates, Mário, Zenon e Paulo Cézar.

Grêmio Campeão Copa Toyota 1983: Paulo Roberto "Beiço", Mazzaropi, Baidek, China, Paulo César e De León. Renato Portaluppi, Oswaldo, Tarciso, Paulo Cézar e Mário Sérgio.