quinta-feira, 15 de setembro de 2011

SÓCRATES BRASILEIRO SAMPAIO DE SOUZA VIEIRA DE OLIVEIRA

 Brasil 1982: em pé: Valdir Peres, Leandro, Oscar, Falcão, Luisinho e Júnior. Agachados: SÓCRATES, Cerezzo, Serginho, Zico e Éder.

Corinthians Bicampeão Paulista 1982/83: Em pé: Leão, SÓCRATES, Casagrande, Eduardo, Biro-biro e Zenon. Agachados: Mauro, Alfinete, Paulinho, Juninho e Wladimir.

Está muito chato escrever sobre grandes craques brasileiros em um momento de dificuldades. Sócrates continua na UTI. As perspectivas são boas mas seu estado ainda inspira muitos cuidados. Enquanto Ricardo Gomes vai se recuperando, temos que nos preocupar, agora, com um dos jogadores mais cerebrais da história do nosso futebol e que, felizmente, eu vi jogar. O "Doutor" ou "Magrão" jogou demais.

Cerebral em dois sentidos. Pra começar, foi um Gênio dentro de campo. Passes e chutes precisos. Passadas largas lhe davam vantagem na velocidade no meio de campo. Sem falar de sua marca registrada: os toques de calcanhar, desconcertantes a ponto de (usando a terminologia do basquete atualmente utilizada no futebol) se transformarem em assistências de gol para grandes atacantes como Palhinha e Casagrande no Corinthians ou Zico na Seleção Brasileira.

Cerebral ainda pois, contrariando as origens do boleiro brasileiro, estudou e se formou em Medicina. Sempre soube se comunicar com clareza. De personalidade marcante e opiniões firmes, com Zenon, Wladimir e Casagrande comandou a "Democracia Corinthiana", movimento que  revolucionou o sistema de concentração e premiação dos jogadores em uma época em que a ditadura militar já agonizava. Foi uma das grandes presenças nos palanques do movimento das "Diretas Já" em 1984 que reuniu milhões de pessoas na Praça da Sé em São Paulo e na Cinelândia no Rio.
Começou no futebol tarde. Vindo de Belém do Pará, se formou em Medicina em Ribeirão Preto e aí resolveu se arriscar no Botafogo local, onde começou a ganhar destaque aos 22 anos, em 1976. Após conquistar uma especie de taça do interior paulista em 77, foi contratado pelo Corinthians no ano seguinte. Em 1979, conquistou seu primeiro título paulista. Vários times brasileiros e europeus queriam contratá-lo. O folclórico presidente Vicente Matheus soltou uma de suas inesquecíveis "pérolas": Sócrates é invendável e imprestável!! Ainda foi Bi em 1982/83. Fez 297 partidas pelo Timão com 172 gols marcados.

Em 1984, foi para a Fiorentina, na Itália. Teve passagem apagada. Voltou para o Brasil em 1986, no Flamengo. Muitas contusões. Ainda jogou no Santos, seu time de infância, em 88, sem brilho.

Foi convocado pela 1a. vez para a seleção por Telê em 1979. Disputou as Copas de 1982 (com brilhantismo, além de ter sido o capitão) e 1986, já sem muito fôlego. Pela seleção, disputou 63 partidas, com impressionantes 41 vitórias, 17 empates e só 5 derrotas, com 24 gols marcados. A foto da Seleção de 82 postada acima é histórica. Foi uma das melhores da história do futebol mundial. Seus gols contra a URSS e a Itália, nesta Copa, são obras de arte. Não perca, em breve, uma nova série sobre as injustiças das Copas.

Vamos lá, Doutor! E vê se muda de vida!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Que Há de Novo na Nova Copa Rocca ?

Dinheiro. Muito dinheiro.

Da televisão e de seus patrocinadores que exigem futebol nas noites de quarta-feira. Se não tiver, a Rede TV arrebenta sozinha na audiência com o desfile de lingerie no Superpop da Luciana Gimenez!!!!

Contudo, ao fixar que Brasil e Argentina só devem utilizar jogadores que atuam no próprio país, fica evidente que as comissões de negociações na próxima "janela" em janeiro deverão alegrar empresários, clubes e, claro, Dom Grondona e Dom Teixeirone! E será assim até 2018!

Do ponto de vista técnico, nada a acrescentar. O técnico argentino Alejandro Sabella terá um misto do Estudiantes (onde conquistou a Libertadores 2009) e Velez, ambos com péssima campanha no atual campeonato. Riquelme, que seria uma atração, foi cortado. Gosta do chinelinho. Verón também jogaria mas, aos 35 anos, não é mais o mesmo e está lesionado. Dos menos obscuros, Desábato (o zagueiro que foi preso no Morumbi após chamar o Grafite de macaco), Sebá (o botinudo que jogou no Corinthians), Emiliano Papa na lateral esquerda e o irmão do Botinelli, do Flamengo. Muito pouco.

O Mano Menezes, cada vez mais perdido. O real forte e patrocinadores robustos no Brasil permitem que jogadores como Neymar ainda estejam por aqui. Tudo bem. Tem idade olímpica. Mas o que faz o Ronaldinho Gaúcho neste time com 31? E o Renato Abreu com 33? Ele já convocou 52 jogadores em 1 ano e ainda não tem time-base. Rápido; uma bússola para o Mano.

É uma pena que estes interesses sombrios manchem a história muito interessante da Copa Rocca. Foi o segundo torneio criado entre seleções na história do futebol mundial, atrás somente da Copa Britânica, entre Inglaterra, Escócia e Gales. Em 1913, o presidente argentino Julio Rocca teve a idéia para celebrar a amizade e a rivalidade com os brasileiros. A primeira foi disputada no ano seguinte e, curiosamente, logo após sua morte. Disputada somente em Buenos Aires, o Brasil venceu por 1x0 no estádio do Gymnasia y Esgrima e foi a nossa primeira conquista internacional.

Ao longo da história, o Brasil venceu 6, a Argentina, 3; e um deles em 1971,acabou empatado. Foram 9 vitórias brasileiras, 8 argentinas e 3 empates. A última edição em 1976 também valeu pela Taça Atlântico, também disputada pelo Uruguai, e vencida pelo Brasil.

Entre as curiosidades, a maior delas,sem dúvida, foi a estréia oficial de Pelé com a camisa amarela, com 16 anos, no dia 7 de julho de 1957, no Maracanã. Os argentinos venceram por 2x1. Sim, este "1" foi dEle! O primeiro gol pela seleção brasileira. Três dias depois, houve um segundo jogo no Pacaembu. Nos 90 minutos, o Brasil venceu por 1x0. O Gol? DEle! Na prorrogação, Mazolla fez o segundo e o Brasil levantou a taça. Não houve jogo na Argentina.

Confira abaixo a foto do Brasil para o segundo jogo em 1957, com muitos futuros campeões mundiais no ano seguinte:
Em pé: Djalma Santos (Portuguesa), Bellini (Vasco), Jadir (Flamengo), Gilmar (Santos), Oreco (Corinthians) e Zito (Santos). Agachados: Luisinho (Corinthians), Pelé (Santos), Mazolla (Palmeiras) , Maurinho (São Paulo) e Pepe (Santos). Técnico: Sylvio Pirillo.


Que diferença para 2011...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A FLATULÊNCIA DO PROFESSOR


Impressionante a importância que os técnicos adquiriram nos últimos 30 anos no futebol mundial. Coincidência ou não, foi mais ou menos nesta época que perdemos a Copa de 1982 na Espanha. Não perca, em breve, uma postagem sobre esta seleção. A última a apresentar um futebol que enchesse os olhos.

A Itália ganhou. Uns se lembram de Paolo Rossi. Outros de Bruno Conti ou Dino Zoff mas todos se lembram de Enzo Bearzot. O técnico. Velhote ranzinza, antipático. Cachimbo insuportável no canto da boca. Na 1a. fase da Copa, não ganhou de ninguém. Empatou com Polônia, Peru e Camarões. Este último fez um gol legítimo que eliminaria os futuros campeões. Adequadamente "bem" anulado. Brigou com a imprensa, não dava entrevistas e depois venceu Argentina, Brasil, Polônia e Alemanha. Virou Deus. O estrategista, o sábio, o mago. Pobre Telê Santana. Um mero perdedor.

A partir daí, nenhuma seleção do mundo venceu uma Copa com brilhantismo. Com merecimento, sim. Com arte, nunca mais.

O Brasil seguiu as mesmas regras do endeusamento dos técnicos. Da época de Feola, que dormia nos treinos de 1958 (claro, aquele simpático gordinho bonachão ia dizer o que para Pelé, Garrincha, Didi, Zito e Nilton Santos?), passamos pela retranca e armadilha tática do Zagalo (só com um "l" pois não é italiano, é alagoano!), do overlaping polivalente de Coutinho, sempre galgando os parâmetros do Lazaroni.

Jornalistas e comentaristas precisam dos técnicos. E vice-versa. O papo é mais reto. O nível é (supostamente) mais elevado. São táticas, esquemas de jogo, 4-4-2, 3-5-2, 3-6-1, 4-6-0, 3-2-4-1, domínios territoriais, cobertura e falhas de posicionamento, aproveitamento dos espaços vazios, usar as laterais do campo, disciplina tática, marcação por zona, revezamento nas faltas. Os patrocinadores da mídia assim exigem. Nós pagamos TV a Cabo.

Aí chegamos no mestre dos mestres. O técnico do terno e das gravatas de seda. O homem do jabá. Da franquia. O cara que tem o sobrenome de uma monarquia ímpar na Europa.

Mas ele mudou. Tirou o terno. Botou a camisa do clube. Sempre sorridente (claro; está milionário). Contudo, não perdoa um simples punzinho. E o pior: vira notícia. Parece coisa encomendada. E o pior ainda: eu também acabei de escrever sobre isso.

Fico pensando se ele fosse o técnico do Bahia, que o derrotou categoricamente ontem. Imagine comemorar a vitória com vatapá, acarajé e azeite de dendê!

P.S.: Quase uma semana se passou! Ricardo Gomes melhorou! Vamos meu zagueiro!