domingo, 22 de março de 2015

UM ATLÂNTICO DE DIFERENÇAS

O campeonato espanhol está longe da perfeição. Sobretudo no caráter técnico. A diferença de valores das cotas de TV em favor de Real Madrid e Barcelona em detrimento dos outros 18 clubes da 1a. divisão faz com que a disputa praticamente não exista, exceto entre eles. Atlético Madrid, Valencia e o Deportivo La Coruña incomodaram um pouco nos últimos 20 anos. Só um pouco. E, infelizmente, isso tem tudo para acontecer aqui no Brasil, quando, a partir do ano que vem, Flamengo e Corinthians assumirão de vez o papel de protagonistas que a Rede Globo sempre quis para suas "Novelas"! Pena!

O Mosaico do Barça
E hoje, teve "El Clásico", no Camp Nou! 100 mil torcedores no maior estádio da Europa! Poucos torcedores do Real estavam lá. Todos em segurança! Com a vitória por 2x1, o Barça abre 4 pontos de vantagem na liderança sobre os merengues, em segundo. Oh! Que coincidência! Contudo, este post não é para falar sobre "espanholizações" mas de diferenças!

É a maior rivalidade do futebol mundial atualmente! Duas seleções do mundo, frente a frente! E além das questões políticas separatistas da Catalunha, há o confronto Cristiano Ronaldo x Messi.

Mathieu faz o primeiro.
Do lado madrilenho, da seleção espanhola, o goleiro Casillas, o lateral Carvajal, o zagueiro Ramos e o hábil meiocampista Isco. O polêmico luso-brasileiro Pepe na zaga, técnico mas meio maluco!O brasileiro Marcelo na lateral esquerda. E há o tetracampeão alemão Kroos, vejam... o único volante do time! Ainda no meio, o croata Modric e três atacantes: o "Príncipe de Gales", Bale, o francês Benzema e CR7! No banco, há o colombiano James Rodrigues, artilheiro da última Copa, o mexicano Chicharito Hernandez, o zagueiro francês Varane, o bom brasileiro Lucas Silva (recém contratado junto ao Cruzeiro) e a revelação espanhola Gesé. O técnico é o italiano Carlo Ancelotti que foi um excelente meiocampista da Roma e da Azzurra!

Cristiano Ronaldo faz sua tradicional comemoração após marcar
CR7 pede silêncio! Fanfarrão!
Os catalães têm Messi e o "jefecito" Mascherano, da Argentina. Neymar e Daniel Alves, do Brasil. Luis "El Vamp" Suarez, do Uruguai. Rakitic da Croácia e Iniesta completam o meiocampo. A defesa com o goleiro Bravo, do Chile, o francês Mathieu e os locais da "Fúria",  Piqué (Como está a família, meu amigo?) e Jordi Alba. No banco, o ex-titular Busquets (da seleção), o veterano craque Xavi, o veloz Pedro (da seleção) e o brasileiro Rafinha (filho do brasileiro tetracampeão Mazinho). O técnico Luis Henrique, polêmicas à parte, foi excelente atacante do próprio Barça e da "Fúria".

Apresentados os artistas, o resultado não podia ser outro: espetáculo! O jogo não para. Ninguém erra passe, salvo quando pressionados por marcação que sempre se inicia no campo ofensivo do time que não está com a bola. Ninguém faz firula (nem Neymar), é possível identificar o caminho da bola, seguindo para frente! Os cruzamentos são passes certeiros, dribles curtos, toques rápidos, lançamentos e viradas de jogo precisos, ninguém nunca está parado. E afora as loucuras tradicionais de Pepe e Mascherano (nada é perfeito!), o jogo é disputado ao extremo, mas essencialmente limpo!

"El Vamp" comemora seu golaço!
Os goleiros se destacam, bolas na trave e os gols, belíssimos: Messi cobrou uma falta com a "mão" na cabeça de Mathieu, sem chance para Casillas. Modric, insinuante com jogo de corpo, enfiou uma bola rasteira na área para Benzema que, de primeira e de calcanhar, tocou para CR7 se esticar e colocar fora do alcance de Bravo. Ele manda os torcedores catalães fazerem silêncio! Figuraça! Bota mais lenha na fogueira! Daniel Alves, sim, Daniel Alves, acerta um lançamento primoroso para "El Vamp" Suarez dominar de "bate-pronto" e chutar no contrapé de Casillas.

O Barcelona venceu. Podia ter sido empate. O Real podia ter vencido. Todavia, quem ganhou mesmo foram todos os que gostam de futebol e o apreciam como um jogo de excelência, de trabalho em equipe, de liderança, de fundamentos, de organização, sem preconceitos, mas, em especial, de paixão e emoção, jogado por craques, com respeito às regras e aos adversários.

Hoje também teve Flamengo x Vasco, um dos grandes clássicos do futebol do Rio e do Brasil, que quase saiu do Novo Maracanã porque o campeonato carioca, há pelo menos uns 25 ou 30 anos, não pertence mais aos clubes - culpados por tudo -  mas a sua decrépita federação estadual, comandada neste período por somente 2 pessoas cuja qualificação mais adequada é o adjetivo "gângster". O campeonato já foi importante e razoavelmente bem organizado. Hoje é sinônimo de descrédito e falência moral e esportiva.

Nas arquibancadas, a torcida mostrou sua paixão como sempre! E somente graças a ela, nosso futebol sobrevive! Bem, e dentro de campo, parafraseando João Saldanha (*), se empolgação, garra e vontade ganhassem jogo, torneio de jiu-jitsu terminava empatado. O Flamengo venceu. Podia ter sido empate. O Vasco podia ter vencido. Ou o Fluminense. Ou o Botafogo. Ou o América (lembram dele?)...

Releio os parágrafos iniciais e fico envergonhado.

Deve ter sido por mais um gol da Alemanha...

(*) Certa vez, ao comentar sobre "trabalhos de macumba" no futebol, João Saldanha disparou: "Se macumba ganhasse jogo, campeonato baiano terminava empatado!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário