Novo técnico da CBF, o italiano Carlo Ancelotti tentará quebrar um tabu na história das Copas do Mundo. Já falo sobre isso.
Trata-se do mais vitorioso técnico em atividade no mundo, aos 65 anos de idade, 66 no próximo mês! Seu currículo é inquestionável. Vários dos melhores jogadores do mundo nos últimos trinta anos estiveram sob seu comando. Ou seja, tem autoridade, vivência e, sobretudo, independência para falar. E quem quiser ouvir, que ouça para aprender. Dono da verdade? Ninguém é mas não se pode criticar ou debater algo que não se conhece. E vale a pena conhecer o que Ancelotti diz sobre futebol.
Como jogador, foi um ótimo volante, posição em que os italianos sempre foram especialistas; a preferida dos técnicos locais que a viam como se fossem os próprios de dentro de campo. Ancelotti marcava com eficiência e tinha qualidade na saída de bola, com passes e lançamentos precisos. Eu o vi jogar nas transmissões do Show do Esporte da Band, com Silvio Luiz e Silvio Lancelotti. Não esconde de ninguém o quanto aprendeu com um parceiro do meio de campo: o craque e amigo brasileiro Paulo Roberto Falcão!
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Amigos para Sempre! |
Chegou à Roma, contratado ao Parma que o revelou, com 20 anos, praticamente à mesma época em que o brasileiro, já com 26, vindo do Internacional de Porto Alegre. Juntos e somados a outro brasileiro, Toninho Cerezzo, o lateral Nela, o atacante Bruno Conti e o artilheiro Roberto Pruzzo, tiraram o time da capital de uma fila de 40 anos sem um título nacional. De quebra, venceram quatro Copas Itália e escreveram seus nomes na galeria de ídolos eternos do clube. Ancelotti continuou vitorioso no poderoso Milan e jogou duas Copas do Mundo pela Azzurra, em 1986 e 90!Umas das formações da Roma 1982: Pruzzo, Ancelotti, Falcão, Turone, Spinosi e Tancredi. Di Chierico, Nela, Conti, Scarnecchia e Marangon.
Aquela fonte "Tão Dizendo" já soltou que Falcão poderia ser um tipo de auxiliar oficial ou não-oficial de Ancelotti na CBF. Não seria surpresa. Espera-se que o italiano tenha total autonomia para convocação pois não é possível que alguém com seu prestígio se sujeite ao contrário. Seu amigo brasiliano seria importante e confiável para trocar ideias sobre jogadores e maneira de atuar, além de já ter estado lá em 1990/91. A ver!
A CBF vai gastar uma pequena fortuna mensal com seu novo funcionário, entre salários e mordomias, como mansão no Rio de Janeiro e jatinhos fretados para a Europa. Pode ser que Ancelotti continue morando na Espanha, a exemplo de Lionel Scaloni, técnico campeão do mundo pela Argentina. Seja lá como for, não sairá barato. A saída de patrocinadores preocupados em associar suas imagens a uma instituição duvidosa, mesmo que privada, não parece ser uma situação muito problemática pois os que ficaram apostam no apoio da maior torcida do mundo do futebol para a conquista do Hexa e continuam investindo! Alguns até interferindo em cor de camisa...
Não é a primeira vez do Brasil com técnico estrangeiro. A primeira em 1925 quando o uruguaio Ramón Platero comandou a seleção na Copa América deste ano, sem brilho. Após ter sido campeão desta competição em 1917 pelo seu país, teve sucesso por aqui comandando e conquistando títulos com Fluminense, Flamengo, São Paulo, Santos e o então Palestra Itália, hoje Palmeiras!
Depois foi a vez do português Jorge Gomes de Lima, o popular "Joreca", que fez historia como técnico do São Paulo, três vezes campeão paulista nos anos 1940. Em dois amistosos contra o Uruguai em 1944, dividiu o comando técnico da seleção com Flávio Costa, campeão carioca com o Flamengo na época. Foram duas vitórias mas essa decisão "anti-bairrismo" jamais foi repetida. Ainda bem. Finalmente, o argentino Filpo Nuñez, então técnico do Palmeiras em 1965, levou seu time para representar o Brasil na vitória em outro amistoso contra o Uruguai, na inauguração do Mineirão, em Belo Horizonte. Filpo treinou dezenas de clubes no Brasil e faleceu aqui mesmo em São Paulo, em 1999.
Nenhuma seleção foi campeã de Copa do Mundo com técnico estrangeiro!
Nenhuma!
1930 - Alberto Suppici (uruguaio)
1934/8 - Vitório Pozzo (italiano)
1950 - Juan Lopez (uruguaio)
1954 - Sepp Herberger (alemão)
1958 - Vicente Feola (brasileiro)
1962 - Aymoré Moreira (brasileiro)
1966 - Alf Ramsey (inglês)
1970 - Mário Zagallo (brasileiro)
1974 - Helmut Schöen (alemão)
1978 - Cesar Menotti (argentino)
1982 - Enzo Bearzot (italiano)
1986 - Carlos Billardo (argentino)
1990 - Franz Beckenbauer (alemão)
1994 - Carlos Alberto Parreira (brasileiro)
1998 - Aimé Jacquet (francês)
2002 - Luiz Felipe Scolari (brasileiro)
2006 - Marcelo Lippi (italiano)
2010 - Vicente del Bosque (espanhol)
2014 - Joachim Löw (alemão)
2018 - Didier Deschamps (francês)
2022 - Lionel Scaloni (argentino)
Vejamos como serão os primeiros movimentos de Carlo Ancelotti como técnico da CBF, já na próxima Data FIFA, início de junho, com convocação ainda neste mês, quando enfrentará Equador e Paraguai pelas Eliminatórias Sul-americanas. Depois, restarão Chile e Bolívia. Brasil está na quarta posição na tabela mas somente uma catástrofe nuclear o fará ficar de fora. O nível sul-americano é muito baixo (inclusive o nosso) e o aumento de vagas por conta do próprio aumento de seleções da fase final da Copa não deixam Ednaldo se preocupar.
Exceto se for colocado para fora da entidade, por conta de pedido protocolado à Comissão de Ética do Congresso Nacional por uma deputada federal do Rio de Janeiro, na semana passada, baseada em laudo pericial que afirma que a assinatura do Coronel Nunes foi falsificada para confirmar a alteração no sistema de votação da CBF! Uau!
O mais curioso (ou não) é que o Supremo Tribunal Federal enviou o caso para análise de ... Gilmar Mendes, o ministro sócio do IDP, "CBF Academy"! Hahahahaha!
E se der zebra, quem assume o cargo é o presidente de federação estadual mais velho: Rubens Lopes, o Rubinho do Rio de Janeiro!
Hahahahahaha!
Mesmo rico, boa sorte, Ancelotti!
Vai precisar!