quarta-feira, 29 de outubro de 2025

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA CAMPINAS FUTEBOL CLUBE

A metade alvinegra de Campinas está em festa!

E pela primeira vez, um título nacional em 125 anos de história! Para ser mais prático, desde sua fundação!

A Ponte Preta foi a segunda instituição esportiva fundada para o futebol no Brasil: 11 de agosto de 1900, menos de um mês após o gaúcho SC Rio Grande e quase dois anos antes do Fluminense, o terceiro!

No último fim de semana, a "Macaca" conquistou o título da série C do Brasileiro em finais contra o Londrina, garantindo sua volta à série B em 2026.

A despeito da grande comemoração de sua torcida, a Ponte já teve times muito melhores e que alcançaram mais destaque no cenário nacional, mesmo que não tenha conquistado títulos nestas oportunidades.

Os vices paulistas de 1970 (quando Waldir Peres e Manfrini surgiram), 1977/79/81 e o terceiro lugar no Brasileiro de 1981, perdendo para o futuro campeão Grêmio nas semifinais, elevaram o time à elite do futebol brasileiro. Por muito pouco, a Ponte Preta não alongou o jejum paulista do Corinthians em 1977. Muito superior ao time da capital, perdeu injustamente o primeiro jogo da Final por 1 a 0. Deu aula no segundo com uma vitória espetacular de virada por 2 a 1 e teve que jogar a maior parte do terceiro jogo com um a menos devido a uma expulsão justa mas estranha do centroavante Rui Rei que, dias depois, já estava vestindo a camisa do... Corinthians! E nenhum destes jogos no seu estádio Moysés Lucarelli. Todos no Morumbi, com 95% de corintianos. Depois revelou e deu destaque a excelentes jogadores como Washington "Coração Valente" e Luis Fabiano!

E não foi só a Ponte. Seu arquirrival na cidade, o Guarani, também! O Derby Campineiro é a maior rivalidade do Interior do Brasil!

No final dos anos 1970 e início dos 80, Campinas revelava e abrigava excelentes jogadores que regularmente eram convocados para a seleção brasileira e que estiveram na Copa do Mundo de 1978, na Argentina e na de 1982, na Espanha.

CAMPINAS 1978: Carlos, Oscar, Mauro, Polozzi, Zé Carlos e Odirlei. Lúcio, Renato, Careca, Zenon e Tuta!
E neste ano de Copa 78, o Guarani conquistou o Brasileiro, derrotando o Palmeiras nos dois jogos finais. É o único clube campeão brasileiro do Interior, ou seja, que não está sediado em uma capital de estado. Lembrando que Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista, todos também do Interior, conquistaram um título nacional mas a Copa do Brasil!

Esta final de 1978 teve algumas curiosidades interessantes.

No primeiro jogo, no Morumbi, o empate em 0 a 0 persistia até a metade do segundo tempo. Zenon, do Bugre, bateu uma falta de longe e o goleiro do Palmeiras, o grande Emerson Leão, defendeu com segurança. O jovem e promissor centroavante do Guarani, Careca (então com 18 anos), foi "chatear" o experiente goleiro de três Copas, ficando a sua frente e impedindo uma reposição de bola. Leão perdeu a paciência e desferiu-lhe um soco na nuca, sem muita força, dentro de sua área, mas o suficiente para Arnaldo César Coelho marcar  o pênalti! Confusão! Briga! Invasão! Polícia Militar! Depois da turma do "deixa disso", o atacante Escurinho, do Verdão, foi para o gol, Zenon bateu e garantiu a vitória bugrina!

Quem iria para o gol do Palmeiras no segundo jogo, em sua estreia como profissional, era o jovem Gilmar que se firmou como titular por alguns anos, antes de se transferir para o Bangu de Castor de Andrade. E Leão, sem ambiente, acabou se despedindo após 10 anos de clube e acertando com o Vasco!

A CBF queria que o Morumbi novamente fosse escolhido para o segundo jogo. Maior renda, obviamente! O Guarani não aceitou, lembrando o que o rival se sujeitou no ano anterior contra o Corinthians. Levou o jogo para o seu Brinco de Ouro da Princesa e com recorde absoluto de público, fala-se em mais de 30 mil torcedores, venceu novamente por 1 a 0, gol de Careca. Temendo invasão do campo, a Taça das Bolinhas foi entregue no vestiário, sem a participação dos torcedores. Na verdade, foi uma clara e hedionda represália da CBF à escolha do estádio!

O Capitão Edson recebendo a Taça... no vestiário!
De lá pra cá, a dupla campineira enfileirou altos e baixos. Mais baixos. Ainda assim, o Guarani foi vice brasileiro em 1986 e novamente vice em 87 (a tal Copa União!). A Ponte chegou a ser vice da Copa Sul Americana em 2013. Lançaram ótimos jogadores mas sempre às voltas com rebaixamentos e acessos, consequências de administrações incompetentes em intermináveis crises financeiras.

Nestes quarenta e tantos anos, Campinas se firmou como polo industrial e agrícola. Centro de excelência em tecnologia, inovação e pesquisa. Hub logístico. Sua população mais que dobrou - a terceira maior do estado - e atingiu uma das maiores rendas per capita e altos índices de qualidade de vida do país!

A.A. Ponte Preta 1977: Odirlei, Jair Picerni, Vanderlei, Oscar, Carlos e Polozzi. Lúcio, Marco Aurélio, Rui Rei, Dicá e Tuta.

Guarani FC 1978: Miranda, Zé Carlos, Mauro, Neneca, Edson e Gomes. Capitão, Renato, Careca, Zenon e Bozó.
O Guarani ainda ficará mais um ano na série C. Por pouco, subiria! Com a Ponte Preta de volta à B, tomara que seus estádios, que ficam muito próximos, recebam lotação máxima em todos os seus jogos, ao longo de 2026!

Campinas merece!

O futebol brasileiro agradece!

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