sábado, 18 de outubro de 2025

O ARTILHEIRO IMORTAL

O "Artilheiro" que nunca morre!
Difícil afirmar em que momento da história do futebol mundial houve uma preocupação, dita oficial, sobre a qualidade do campo de jogo, ou seja, o gramado.

A perfeição que nos acostumamos a assistir pela TV, sobretudo pela Europa, levou algum tempo a ser alcançada. Até mesmo por lá!

Entre os filmes oficiais FIFA de Copa do Mundo, por exemplo, o primeiro em que reparei tal questão foi o de 1966, Inglaterra! Os súditos da Rainha prometeram a mais organizada de todas as Copas. Além de cumprirem tal promessa, ainda fizeram nascer a fama do famoso "gramado de Wembley", expressão que, em minha época de peladeiro, era utilizada quando jogávamos em campos de gramado natural em bom ou mesmo em razoável estado! Ninguém queria que o jogo terminasse! Puro deleite!

O Mítico Wembley de 1966
Isso não quer dizer que o futebol inglês, por exemplo, não apresentasse campos encharcados e enlameados, consequências naturais de um país com clima instável, muito úmido e frio, com sol tímido na maior parte do ano! Além do que, não havia tecnologia avançada para conservação e manutenção preventiva dos gramados. Experimente buscar alguns vídeos no YouTube da Premier League nos anos 1960/70. Pure English Mud!

Aqui no Brasil, a irregularidade dos gramados é uma realidade histórica! Em todo o país, sem excluir os grandes centros, portanto. Seja no início do século XX, com o amadorismo e a transição para o profissionalismo nos anos 1930, seja nos dias de hoje. A mentalidade de quem cuidava de estádio e organizava campeonatos oficiais era de que as dificuldades que os campos apresentavam não impediam a arte do futebol, manifestada pelos grandes craques que atuavam por aqui. O espetáculo era garantido. O campo era apenas um detalhe até mesmo porque tratá-lo representava um custo adicional que ninguém queria encarar. (Agora imagine os craques do passado jogando nos campos de hoje!)

Mesmo quando o futebol brasileiro começou a tomar forma de business, ali pelos anos 1980, a maioria dos gramados ainda não era adequadamente tratada, sem replantio ou mesmo um básico sistema de drenagem. Assim, buracos e desníveis eram frequentes, inclusive nos nossos grandes estádios. Havia exceções. A mais famosa: Serra Dourada, em Goiânia! Às vezes, substituía Wembley na gíria da pelada!

E bem antes disso, ali pelos anos 1950, havia um cartunista de futebol que ganhou fama no Jornal dos Sports e em O Globo, no Rio de Janeiro, publicando coluna de humor por décadas. Fanático pelo Flamengo, Otelo Caçador começou a perceber uma grande quantidade de gols marcados quando a bola desviava em alguma dessas irregularidades do campo e enganava os goleiros. Criou a expressão "montinho" ou "morrinho artilheiro"! Criou outras famosas! Otelo vale uma crônica.

Uma lendária assinatura!
Quantas vezes ouvi o Leo Batista ou o Fernando Vanucci falarem "montinho artilheiro" para ilustrar ou justificar muitos dos imperdíveis "Gols do Fantástico"! Época em que eu torcia para o relógio marcar 21 horas aos domingos e chegar no principal momento do programa (sem esses dispensáveis e bobocas cavalinhos atuais). O "montinho" marcava gols por todo o Brasil!

Ao longo da História e de uma certa forma, o "montinho" jamais deixou de marcar. Claro que os campos cada vez mais bem tratados vão dificultando suas atuações mas na rodada deste meio de semana do Brasileiro, ele foi fundamental para o Vitória vencer seu maior rival no Barradão, seu estádio. "Montinho" fez o gol de desempate do "Ba-Vi". Clique abaixo para ver!

"Montinho", o Artilheiro!

Mesmo sabendo que o torcedor do Bahia não ficou satisfeito com o resultado, quem dera se o atual futebol brasileiro só tivesse esse, digamos assim, problema. Imagine arbitragens profissionais, VAR com protocolo bem definido e ferramentas adequadas, menos Bets, menos empresários, mais meritocracia, critérios sérios em julgamentos no STJD, calendário sem política, liga responsável (e ética) de clubes, seleções brasileiras - principais e de base - fortes e respeitadas, formação de novos treinadores domésticos para também melhorar a educação de jogadores (sobretudo os jovens), menos manipulação de mídia.

Apesar de todas as críticas, o "montinho" atravessa gerações marcando gols sem parar. Na grama, na terra, nos campos "carecas", nas pedrinhas, com chuva ou sol!

Só não o chamem para um sintético...

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