quinta-feira, 13 de novembro de 2025

O TRUQUE DO CHAPÉU

Já tentei entender as regras do baseball. Até videogame cheguei a encarar quando meu filho Pedro era mais novinho. Também parei em algumas transmissões de jogos pela ESPN. Eu procurava um gol, uma cesta, um chão pra bolinha cair, algo que registrasse uma mudança no placar. Como nunca conseguia, trocava de canal ou simplesmente dormia! E pensar que multidões comparecem aos estádios e assistem pela TV nos EUA! Vai entender esse povo...

Se o baseball é um desafio, o cricket é uma missão impossível! Complicadíssimo! Nem Ethan Hunt (*)!

MISSÃO IMPOSSÍVEL
A despeito de serem primos em algum grau, o cricket é bem mais antigo (fontes apontam para 1566), um dos mais tradicionais esportes criados pelos britânicos e amplamente divulgado em suas colônias mundo afora, em especial na Índia, Paquistão e Bangladesh, países em que é o mais praticado até hoje.

E há uma ligação forte com o início do futebol no Rio de Janeiro. Dissidentes ingleses amantes do cricket e fundadores do Paissandu Atlético Clube no Rio de Janeiro, estabeleceram outro clube em Niterói, no bairro de Icaraí, em 1872, com o mesmo nome que pertencia inicialmente ao próprio Paissandu: Rio Cricket! Para diferenciá-lo do original, um "Associação Atlética" foi acrescentado! O Paissandu deixou o bairro de Botafogo e é um dos muitos clubes aristocráticos que rodeiam a Lagoa Rodrigo de Freitas!

Um destes dissidentes era George Emmanuel Cox, um vice-cônsul inglês que, ao se casar com uma brasileira, Dona Minervina, tornou-se pai de um menino, Oscar Alfredo Cox. Após estudar na Suíça, Oscar voltou ao Brasil, e em 1901, promoveu o primeiro jogo de um novo esporte com o qual teve contato na Europa, no campo do Rio Cricket. Com sete jogadores de cada lado, o futebol chegava ao Rio de Janeiro. No ano seguinte, Oscar Cox fundaria o Fluminense Football Club, o primeiro clube fundado para o esporte no Rio e o terceiro no país.

Também vem do cricket uma expressão que ganhou o mundo do futebol nos últimos anos!

Por volta de 1858, um jogador inglês chamado Harmon Stephenson realizou um feito até então inédito. Conseguiu eliminar 3 rebatedores, chamados wickets, em 3 arremessos consecutivos! Só não vale me perguntar como isso é feito... rsrs! A plateia, abismada com o lance, arrumou um chapéu, como uma cartola, passado pelos expectadores que depositaram ali algumas moedas e notas de libras para presentear o crack! Ao receber a tal cartola, Stephenson tomou um susto com a grana dentro dela. Nesta época, o esporte era amador. A cena pareceu um mágico ou um ilusionista tirando uma surpresa da cartola! Um truque do chapéu: um hat trick!

O último hat trick do futebol brasileiro aconteceu ontem em Belo Horizonte! E foi incrível! O Atlético Mineiro vencia em casa o Fortaleza por 3 a 1, pelo Brasileirão. O veterano e polêmico atacante Deyverson, que já havia marcado o primeiro dos cearenses, também marcou os outros dois que decretaram o empate final! Que truque, hein, Deyvinho?

A expressão não é utilizada somente no futebol. No automobilismo, por exemplo, quando um piloto faz a pole position, volta mais rápida e vence a corrida! E mesmo fora do esporte, para caracterizar qualquer conquista notável ou extraordinária.

Em tempo: O Rio Cricket continua firme e forte em Icaraí, Niterói! É claro que o campo não abriga mais o cricket! Há muito tempo, meu irmão Fábio, nos veteranos, e seu filho Arthur, meu sobrinho, na equipe principal amadora, desfilam habilidade e categoria no clube que orgulha o futebol da "cidade-sorriso"!

Uma canhota habilidosa!

Orgulho da Cidade-Sorriso!

(*) - nome do personagem de Tom Cruise na franquia "Missão Impossível" no cinema!

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