sexta-feira, 25 de abril de 2014

O GRANDE MOMENTO DO FUTEBOL

Apresentado e narrado por Alexandre Santos ("Ele, a bola, o goleiro e o gol! Guardou certinho, certinho! Bandeiras, bandeirolas, Bandeirantes!"), o programa "Gol, o Grande Momento do Futebol" tinha enorme audiência nas tardes de domingo na Rede Bandeirantes, sobretudo nos anos 80 e 90, relembrando gols dos anos 60 e 70.

Nessa época, a emissora paulista tinha o programa "Show do Esporte" que durava o domingo inteiro e tinha o "Gol" como uma de suas muitas atrações. Foi pioneiro em transmissões ao vivo do campeonato italiano, o então eldorado do futebol mundial, com vários jogadores brasileiros que se transferiram para lá, após a Copa de 1982. Também ao vivo, o campeonato paulista, sempre disputado, e uma grande sacada: os torneios das seleções de Masters, que reunia craques do passado do Brasil, Argentina, Uruguai, Itália, Alemanha, Holanda. Em outros esportes, houve a epopeia do vôlei, os apelidos de "Rainha" Hortência e "Magic" Paula no basquete, a Fórmula-Indy com o renascimento de Emerson Fittipaldi, as tacadas certeiras de Rui Chapéu na sinuca, enfrentando campeões mundiais como o inglês Steve Davies, a ascensão, mesmo que bizarra e charlatã, de Adilson "Maguila" Rodrigues, que chegou a ser uma espécie de campeão mundial de 2a. divisão do boxe e que acabou massacrado por Evander Holyfield, em luta rápida nos EUA. Muitas promoções e prêmios para quem enviasse cartas, respondendo perguntas (email era ficção científica). Lembro de uma sensacional das pilhas Energizer. Eu mesmo enviei vários cupons. Ao vivo, ganhava passagem e ingressos para a Copa de 1994 nos EUA, quem conseguisse ficar gritando "Energizer" por mais tempo, como se estivesse narrando um gol! Era uma gritaria só mas uma grande sacada de marketing!



E narrar gol era algo que Luciano do Valle fazia com perfeição. Ao sair da Globo, após narrar as copas de 78 e 82, se aventurar pela Record e aportar na Bandeirantes, o "Bolacha" foi pioneiro em empreender e apostar na televisão como instrumento de massificação do esporte no Brasil. Sim, torcia escancaradamente para os times paulistas em qualquer esporte (além de ser torcedor declarado da Ponte Preta) mas até isso soube transformar em audiência. Aqui no Rio, todos nós torcíamos contra o Luciano; no bom sentido, claro!

Lembro de várias narrações de Luciano de Valle mas a que me vem primeiro à cabeça é a de um amistoso da seleção brasileira que se preparava para a Copa de 86. Zico, então com 33 anos, se recuperava da famosa fratura de meses antes, causada pelo Márcio Nunes, lateral do Bangu, no campeonato carioca de 85. No "Mundão do Arruda", em Recife, o adversário era a Iugoslávia. O Brasil venceu (4x2), Zico fez gol de calcanhar, de pênalti e outro, antológico. Após narrar esse gol com a sua tradicional potente voz, Luciano soltou uma sequência de frases que nunca mais esqueci: "Não há palavras para descrever o gol de Zico. É de placa! É fenomenal! É gênio!" Relembre aqui: Brasil 4 x 2 Iugoslávia - 30/04/1986

Ao perder Luciano do Valle, a narração esportiva do Brasil fica mais pobre! Com 9 Copas do Mundo no currículo, fez história na televisão brasileira, com estilo e vozeirão únicos. Merece o slogan criado pelo Milton Neves: "o melhor GOL da TV"!

E uma vez mais, Simão Pedro, o Pescador, se dá bem! Já tinha craques prontos para a sua "pelada" no Céu! Já tinha comentaristas e cronistas, tipo João Saldanha, Armando Nogueira e Nelson Rodrigues! Já tinha os narradores de rádio, tipo Oduvaldo Cozzi, Jorge Curi e Waldir Amaral.


Faltava o narrador da TV: "Muito bem, meus amigos do Show do Esporte! Tudo pronto aqui no Céu...!"

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