sexta-feira, 26 de julho de 2019

PELO FIM DAS "VAR"GONHAS

Ao longo do tempo, modalidades esportivas lançaram mão de algum tipo de tecnologia que fosse capaz de deixar justas as decisões de juízes e árbitros com o objetivo de acabar com as polêmicas e críticas.

O turfe deve ter sido o pioneiro. Apostas altas! Imaginem mais gente perdendo do que ganhando muito dinheiro. Lá nos anos 50 do século passado (ou antes), veio o photochart!. Inovador. Preciso. Incontestável. Acompanhando o desenvolvimento tecnológico, as fotos manuais foram substituídas pelas digitais e continua firme e forte até hoje! Indispensável quando necessário.


O Atletismo seguiu a mesma linha. A tradicional fita na chegada não era mais suficiente para apontar os vencedores. Além disso, modernas câmeras acompanham os atletas sob trilhos e também checam se saltos foram "queimados". O nosso João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, foi "garfado" nas Olimpíadas de 1980, em Moscou! Não dava pra ganhar de Victor Saneev, em sua casa, em plena Guerra Fria! Mesmo sendo o então recordista mundial e em grande forma fisica e técnica! Sem câmeras, tovarish Brejnev nos levou aquele Ouro!



A Natação instituiu o toque eletrônico da mão do competidor da parede interna da piscina, fazendo com que a cronometragem deixasse de ser manual. E depois, colocaram câmeras dentro da piscina, sobretudo, para flagrar irregularidades nas provas de revezamento e largadas nas do nado de costas, feitas de dentro d´água. A mesma câmera subaquática também serviu para detectar faltas nas partidas de polo aquático, os movimentos submersos do nado sincronizado e entrada na água dos mergulhadores de saltos ornamentais!





Muito provavelmente devido aos shows de má educação e descompostura de gênios como os estadounidenses John McEnroe e Jimi Connors, inimigos ferrenhos, o Tênis decidiu ir pelo mesmo caminho saudável da tecnologia. E de modo inteligente. Desenvolveram software integrado com a transmissão de TV para mostrar onde a bola quicou. Cada jogador pode pedir 2 (ou 3) desafios (os challenges) por set, nas quadras de cimento ou grama. No saibro, o juiz tem que estar em forma! Tem que descer de sua cadeira e verificar a marca da bola! E depois subir de volta! Aplausos discretos! Hehehe!

O Vôlei e o Basquete adotaram medida muito semelhante ao Tênis. Com um detalhe a mais: além dos técnicos de cada equipe pedirem os desafios, os próprios árbitros podem solicitar a ajuda.


O Futebol Americano e o Rugby fazem da transparência a Regra de Ouro do jogo. Tudo o que os árbitros falam durante as partidas são ouvidos por todo o estádio e por todos que assistem pela TV.  Os lances duvidosos vão para o telão! As decisões são rápidas! Não agradam a um dos times, claro, mas é raríssimo acontecer um erro, um equívoco técnico ou disciplinar. Interpretações, talvez! Jamais manipulações. Muito menos, más intenções. Quer saber mais sobre Rugby? Clique aqui: A LIÇÃO MAORI DOS TODOS NEGROS

E enfim... tchan, tchan, tchan, tchan... Futebol!

Para a Copa do Mundo de Maradona de 1986, a Globo criou o "Tira-Teima"! Revolucionário! Seu telespectador era um privilegiado! Via o que ninguém no estádio podia ver: a verdade! Ao menos para a Globo! Eu acreditava em tudo! Hahahaha!


O chip eletrônico na bola foi introduzido pela FIFA para a Copa dos 7 a 1 de 2014! O blog teve post sobre isso: Clique: NÃO É PELOS 33 CENTÍMETROS . E funcionou bem nas poucas vezes em que foi utilizado. Não havia mistério pois só servia para saber se a bola havia entrado totalmente no gol.

Para a Copa do Putín de 2018, chegou o atual VAR, sigla em inglês para Video Assistant Referee, ou seja, Árbitro Assistente de Video. A FIFA criou um tal protocolo, que toda equipe de arbitragem, campo e vídeo, precisa seguir. Lances de jogo passíveis de revisão que o árbitro de campo é chamado ao monitor para tomar a decisão. Ele também pode pedir ajuda. Entretanto, jogadores e comissões técnicas continuam reclamando com a mesma veemência ofensiva de antes. Equipe de arbitragem e jogadores continuam tapando a boca para evitar que se faça leitura labial do que dizem. Ninguém ouve a discussão entre árbitro de campo e video, via rádio. O papo é secreto.

E por aqui, o VAR é sempre assunto de todas as transmissões ao vivo e depois, nos programas de resenha. No Corinthians x Flamengo do último domingo pelo Brasileirão, um gol legítimo dos cariocas levou mais de 5 minutos para ser validado. Por que a demora? Um gol do Internacional contra o Bahia, na mesma competição, em cristalino impedimento, é validado de maneira injustificável. E o pior, o chefe da comissão de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, disse que o VAR acertou pois existe uma câmera 3D que alcança ângulos exclusivos! Como é?! Nesta semana, pela Copa Sulamericana, jogador do Peñarol deixou o braço deliberadamente no rosto do seu "colega  de profissão" do Fluminense. Cartão vermelho clássico para agressão. Árbitro foi ao monitor e voltou todo prosa, para aplicar um... amarelo! Pela Copa do Brasil, o goleiro do Flamengo pegou a bola com a mão mais de metro fora da área, em jogo contra o Athletico-PR. E todos viram como a Argentina foi prejudicada contra o Brasil na Copa América! O árbitro nem foi chamado para avaliar se os 2 pênalties aconteceram! São muitos os absurdos!


Árbitros marcam ou deixam de marcar faltas. Aplicam ou deixam de aplicar cartões. "Bandeirinhas" assinalam impedimentos ou não! O VAR pode ajudar! Ou atrapalhar. Tudo é relativo. Ou não! Que loucura!

É importante frisar que as ajudas eletrônicas utilizadas por outros esportes não são perfeitas mas as avaliações de quem os vive são, em geral, positivas. E há evolução constante em suas aplicações.

Nem tudo é erro na utilização do VAR. Há acertos! Muitos! O que não existe é critério pois quem está na frente no video em uma cabine fechada é uma outra equipe de arbitragem. E não adianta a FIFA afirmar que a do campo é soberana. São poucos os que se garantem. Sabem que se errarem, haverá sempre um outro para culpar! Em termos práticos, a equipe era composta por 4 membros, considerando o 4o. árbitro. Agora são 8 a manter os mesmos erros e polêmicas de antes.

Torçamos, pois, para que o sistema melhore, sob risco de piorar o que já era ruim. E que os exemplos de outros esportes, como os aqui citados, contribuam para tal.

Que as VARgonhas acabem!




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