sábado, 15 de fevereiro de 2025

Os Doze de Uma Só: 1 - PREGUINHO


Nome: JOÃO COELHO NETTO
Apelido ou Mais Conhecido como: PREGUINHO
Nascimento: 08/02/1905 - Rio de Janeiro RJ
Falecimento: 01/10/1979 - Rio de Janeiro RJ
Uma Só Camisa: FLUMINENSE RJ
Período: 1925 a 1939 - 14 anos
Posição: Meia-esquerda (canhoto)
175 jogos: 97 vitórias, 27 empates
Gols: 132
Seleção Brasileira: 5 jogos - 4V 0E 1D - 9 gols - Copa do Mundo 1930

"Eu nem sabia falar direito e o Fluminense já estava em minha alma, em meu coração e em meu corpo."

Trecho do discurso proferido por Preguinho, em 1952, ano do cinquentenário do Fluminense, ao receber o título de Grande Benemérito Atleta, que está na placa explicativa logo abaixo de seu busto, exposto na sede do clube. Mesmo antes de nascer, João era sócio do clube.



Preguinho foi muito mais do que um jogador de futebol, embora tenha sido assim que se notabilizou. Na verdade, disputou nada mais, nada menos do que dez modalidades esportivas diferentes, sempre representando o Fluminense: futebol, natação, polo aquático, saltos ornamentais, atletismo, vôlei e basquete, onde é, até hoje, o maior "cestinha" da História do clube. Ainda praticou remo pelo Clube Guanabara, pois o Fluminense nunca disputou tal esporte. Em todas essas, Preguinho conquistou títulos. Participou também de competições oficiais de hóquei sobre patins e tênis de mesa, desta feita, sem conquistas. No total, foram 55 títulos e 387 medalhas. Um dos maiores atletas brasileiros de todos os tempos!

João era filho do maranhense Henrique Coelho Netto, escritor, cronista e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, detentor da cadeira no. 2. Foi um dos primeiros a escrever sobre futebol em jornais e periódicos. Apaixonado pelo Fluminense, chegou a invadir o antigo Campo da Rua Guanabara (atual estádio de Laranjeiras), para dar uma "bengalada" no árbitro que inventara um segundo pênalti contra seu time num Fla-Flu! A confusão foi generalizada, o jogo suspenso, marcado para nova data e vencido pelo Fluminense! Quando Preguinho alçou fama, Henrique repetia a todos que "Já escrevi mais de 100 livros e ainda sou apontado na rua como o pai do Preguinho".

A família ainda teve Emanuel, o Mano, irmão mais velho de João, que também jogou no Fluminense e teve fim trágico mas heroico. Em 1922, Fluminense vencia o São Cristóvão por 2x1, em Laranjeiras. Mano se lesionou com uma pancada fortíssima no estômago. Jogo era dificílimo, mesmo com dores, aguentou até o final e ajudou o Flu a segurar o resultado. Entretanto, não suportou uma hemorragia interna generalizada e faleceu. Moravam na antiga Rua do Roso, bem próxima da sede do clube. Hoje, essa rua se chama... Coelho Netto!

Preguinho estreou no Fluminense no Torneio Início do Rio de Janeiro de 1925, disputado em Laranjeiras. E teve emoção! Havia expectativa sobre o segundo filho de Henrique Coelho Netto e o Fluminense já havia vencido o Sirio Lybanez e o Sport Club Brasil. Final seria contra o sempre temido São Cristóvão (que seria o campeão carioca no ano seguinte) e nada de Preguinho aparecer!

Momentos antes da Final, Preguinho chegou todo molhado. Roupa de banho. De táxi. Vinha da Enseada de Botafogo, a quase dois quilômetros dali, onde havia conquistado a medalha de ouro para o Fluminense dos 600 metros de nado livre no mar! Secou-se, vestiu o uniforme do futebol e foi campeão do Torneio Início na vitória por 1x0. Dois títulos no mesmo dia! Que momento!

A partir de então, os torcedores tricolores se maravilharam com a desenvoltura, a habilidade, a velocidade, os potentes chutes de canhota e gols, muitos gols! O maior artilheiro do Estádio de Laranjeiras com 79! O primeiro a marcar com chute do meio do campo, contra o Botafogo, em 1930. O respeito e admiração chegaram com naturalidade. A liderança e comportamento exemplar o fizeram capitão do time e porta-voz na defesa do amadorismo contra o profissionalismo! Na virada para a década de 1930, essa discussão rendeu embates calorosos e prejudicou demais o futebol brasileiro.

Então, chegou a Copa do Mundo de 1930, no Uruguai. A briga era entre a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) que era encabeçada pelos cariocas, defensores do amadorismo, e a Associação Paulista de Desportos Atléticos, já profissionais. Ou seja, os paulistas recusaram a convocação para a Copa e nomes como Friendenreich, Feitiço e Amílcar desfalcaram o Brasil, embora Araken Patuska, do Santos, tenha aceitado jogar.

Coube, então, a Preguinho a liderança e a faixa de primeiro capitão da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo. É o segundo agachado da direita para a esquerda.



Aqui abaixo, foto oficial dos capitães de Brasil e Iugoslávia, no Estádio Gran Parque Central, do Nacional, em Montevidéu. Repare que Preguinho presenteou o árbitro peruano Aníbal Tejeda (no centro) e um dos auxiliares com um paletó do Fluminense! Eles não atuaram com o paletó, claro, rsrsrs, mas fizeram questão de sair na foto! Tempos românticos da FIFA!



O Brasil perdeu por 2x1, mas Preguinho marcou o primeiro gol brasileiro na História das Copas do Mundo. No jogo seguinte, marcou mais 2 na goleada por 4x0 sobre a Bolívia. Como a Iugoslávia também derrotou os bolivianos, se classificou para as semifinais. Eram os 3 no grupo! Abaixo, Preguinho disputa com o goleiro iugoslavo!


A discussão sobre o profissionalismo no futebol brasileiro se acirrou ainda mais e quando foi oficialmente instituído no Rio de Janeiro em 1933, Preguinho decidiu não mais atuar na equipe principal do Fluminense. Não admitia receber dinheiro para defender o clube que tanto amava. Havia um campeonato de segundas equipes, os chamados Quadros B, todos amadores. Preguinho continuou a jogar nesse time, sendo campeão e artilheiro em praticamente todos os anos até sua aposentadoria aos 34 anos.

Ao longo do tempo, recebeu várias propostas para escrever e atuar como comentarista de futebol em jornais e rádios. Recusou a todas pois, sincero, afirmava que jamais falaria mal do Fluminense mesmo que em determinado momento isso fosse verdade! Preferiu seguir no clube, como diretor e conselheiro. Era figurinha fácil na política interna. Todos os candidatos à Presidência buscavam seu apoio.

Quando Rivellino estreou no Fluminense, naquele sábado de carnaval, era seu aniversário de 70 anos e o jogo contra o Corinthians valeu a Taça Preguinho. Ele mesmo a entregou ao Riva!

A vida de Preguinho virou o excelente livro "Preguinho: Confissões de um Gigante"! Recomendo.


Por enquanto, livro! Mas valia a pena, um filme! 


Alô São Paulo! O segundo de uma só está chegando...

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