segunda-feira, 26 de maio de 2014

O SÉTIMO JOGO

A perda do Washington no fim de semana passado me fez lembrar dos tempos em que jogadores brasileiros faziam parte de um trinômio que incluía clube e torcida, de uma maneira intensa. Quando o jogador não era formado na própria base, era contratado advindo de um clube ou dois somente e, famoso ou não, desenvolvia tal identificação. Washington foi um desses casos. Esteja em Paz!

Lembro, ainda lá nas décadas de 70/80, de quatro exemplos puros: Zico no Flamengo, Roberto Dinamite no Vasco, Edinho no Fluminense e Mendonça no Botafogo. Formados nos seus respectivos clubes, esses quatro não mediam esforços para estarem em campo quando a tabela de qualquer campeonato previa jogo de cada um de seus times. Ao mesmo tempo, sua situação contratual era definida pela economia do país nesta época: de decadência, com a chamada "estagflação", país estagnado e inflação em alta. Ou seja, via de regra, os contratos de jogadores de futebol tinham duração de, no máximo, um ano pois não era possível prever o país em prazo maior. O mercado de brasileiros na Europa ainda não era aquecido e as transferências internas, restritas. Tais fatores faziam com que as renovações de contrato se transformassem em "novelas". Desta forma, em muitas, muitas, muitas ocasiões, era normal ler nas páginas esportivas dos jornais e ouvir nos programas de rádio, manchetes e chamadas que diziam assim: "SEM CONTRATO, Zico joga SOB SEGURO e garante escalação contra o Vasco!"


Os "jovens há mais tempo" haverão de se lembrar dessa, ou não? Falem a verdade! Eh!Eh! Nesta época, os jogadores tinham, se tanto, um procurador, autorizado em cartório a negociar contratos e transferências, quando pai ou irmão não exerciam tal tarefa. Não! Nesta época, pais não eram como o do Neymar e irmãos não eram como o do Ronaldinho Gaúcho que estão mais para leiloeiros, e daqueles que demoram a bater o martelo...

E com o passar do tempo e o advento da figura do empresário do futebol, os jogadores atingiram um estágio profissional e, sobretudo, financeiro jamais imaginado por Zico, Roberto, Edinho e Mendonça que nunca precisaram se preocupar com o sétimo jogo do campeonato que os impediria de serem contratados por outro clube como fizeram ontem os, reconhecidamente, bons jogadores Cícero do Santos e Fernandinho do Atlético-MG, prejudicando seus times. Em tempo: assim de supetão, sem google ou wikipedia, o amigo leitor sabe onde foram formados? Em quantos times já jogaram???

Não que tenham diretamente culpa ou dolo pois são apenas vítimas de um atual sistema perverso e de um regulamento hediondo mas, a saber seus salários atuais e quanto Cícero e Fernandinho pretendem ganhar para renovar, quanto valeriam, hoje, os contratos de Zico, Roberto, Edinho e Mendonça???

Falta muito futebol, né não???

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