sexta-feira, 5 de junho de 2015

O FUTEBOL ESTÁ MORTO. VIDA LONGA AO FUTEBOL!


Na Inglaterra, desde o século XIII, a célebre frase "The king is dead! Long live to the king!" era pronunciada pelos nobres, sempre que o rei morria. Não poderia haver intervalo entre a sucessão real. O risco de guerra civil era grande sem que houvesse um monarca para personificar a unificação da nação. E ainda havia todas as ameaças externas de guerras contra a França, e os bárbaros vikings e celtas. Tempos em que a espada era a lei!

E a lei do futebol era (ou é) quase uma espada! A princípio, não dá para entender o motivo pelo qual Joseph Blatter tenha anunciado que somente deixará a presidência da FIFA em dezembro próximo. E, em uma análise mais apressada, a analogia com a frase acima pode não fazer muito sentido pois estamos diante de uma renúncia com data marcada. Esquisito? Nem tanto.

Blatter precisa da estrutura da instituição que ainda preside para se defender do que pode (e deve) vir por aí. Venceu a eleição com 133 votos dos 210 possíveis mas sem o apoio maciço da UEFA de outrora. Por mais que o FBI afirme que não seja o centro das investigações, o lamaçal respingará nele. Já respingou no seu secretário-geral Jerôme Valcke, nas compras de votos para as escolhas de todas as sedes de Copas do Mundo de 1998 a 2022, em propinas à federações de países de todos os continentes, em esquemas de vendas de ingressos, em armações de resultados como na Copa de 2002, ajudando a Coreia do Sul e "re$$arcindo" a Irlanda pelo gol de mão da França, na repescagem das eliminatórias da Copa de 2010. Ainda vem chumbo grosso por aí! O Federal Bureau é de muita "Investigation"! E não tem conversa! Tem prova? Sim? Entra todo mundo em cana! Mas têm o direito de ficarem calados pois tudo que disserem poderá ser usado contra todos no tribunal!

Não interessa quem será o novo presidente! Ele terá que absorver toda a onda de sentimentos contrários ao "Padrão-Fifa" que tomou conta do mundo. Patrocinadores, veículos de comunicação, jornalistas, além, claro, dos próprios torcedores. Todos anseiam que o futebol mundial passe por um longo e doloroso processo de limpeza, sem o qual sua credibilidade corre sério risco de se reduzir a níveis preocupantes de consumo. Não há paixão por esporte algum que resista a tanta corrupção e safadeza.

Os EUA perderam a briga para sediar as Copas de 2018 e 2022 para um cada vez mais notório esquema de compra de votos. Ainda mais para o país chefiado por um ex-chefe da KGB e outro importante exportador de petróleo. Ao mesmo tempo em que o soccer avança de maneira avassaladora em território yankee, com um campeonato nacional bem organizado, equipes contratando astros mundiais, mesmo que em fim de carreira, como o brasileiro Kaká, médias de público beirando os 30 mil por jogo, uma das maiores do mundo. No feminino, já são campeões olímpicos e mundiais, inclusive nas categorias de base. Nenhum outro esporte vem conquistando tantos praticantes em universidades e escolas. Ano passado, na Copa aqui do Brasil, 50 mil pessoas lotaram o Soldier Field Stadium, em Chicago, para assistir, em um imenso telão, à partida de sua seleção contra a Bélgica, pelas oitavas de final. Eu estava no Fifa Fan Fest, na Praia de Copacabana, em dois jogos dos EUA, contra Gana e Alemanha, na fase de grupos. Na hora do "Star Spangled Banner", me senti meio que obrigado a cantar junto com a multidão de turistas estadounidenses presentes, de olho no telão, todos com a camisa de sua seleção! Arrepiante!

Daí, surgem alguns questionamentos: os EUA querem mesmo limpar o esporte em benefício dos torcedores-consumidores, profissionais de campo e patrocinadores, em nome da ética, da livre concorrência e da justiça? Ou tudo não passa de uma vingança contra a máfia da Fifa que os alijou, por pelo menos 10 anos, de organizar novamente uma Copa do Mundo? Ou ainda...

... Desencorajar sua população de praticar, frequentar estádios e, enfim, admirar um esporte, dito corrupto, que pode (realmente) rivalizar em preferência com os tradicionais (e acima de qualquer suspeita)  football, baseball, basketball e ice hockey? Imaginem a perda de renovação de adeptos e praticantes desses esportes para o soccer! The show must go on! Forever! And ever...

Alguém precisava dar um basta nessa podridão! Foram os EUA? Ótimo!

Mas ninguém por lá é santinho...

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