Dentre os mil duzentos e tantos gols que Pelé marcou em sua carreira, alguns, ou porque não dizer muitos, foram icônicos. Entraram para a História.
Ele já havia feito golaços com 17 anos em plena Copa do Mundo, em 1958, contra Gales, França e Suécia, fundamentais para que o Brasil conquistasse seu primeiro título mundial.
No ano seguinte, pelo Campeonato Paulista, contra o Juventus na Rua Javari, fez o antológico "Gol dos 5 Chapéus". O Santos vencia por 3x0 com facilidade e dois gols de Pelé, mas os torcedores do "moleque travesso", inexplicavelmente, insistiam em xingá-lo, provocando-o, inclusive com insultos racistas. Como o estádio é pequeno e o público fica bem próximo ao gramado, Pelé escutou muito bem a série de impropérios! Já no fim do jogo, recebeu um lançamento de Dorval, entrando na área juventina e aplicou um chapéu sobre o primeiro defensor. Sem deixar a bola cair no chão, veio o segundo e mais um chapéu. O terceiro e quarto também receberam os seus. Então, veio o goleiro Mão-de-Onça. Também teve chapéu pra ele e ainda sem deixar a bola cair, cabeceou mansamente para finalizar a goleada.
Ao comemorar o gol sozinho, Pelé criou, então, sua marca registrada do soco no ar, quando, aos berros de raiva, homenageou as progenitoras dos incautos e ingratos torcedores juventinos! Épico! Esse gol foi recriado em vídeo com computação gráfica para o documentário "Pelé Eterno" (2004), de Aníbal Massaini. Não dá pra dizer que tenha ficado bom mas foi uma tentativa válida para registrar um extraordinário momento de um gênio!
Entretanto Pelé ainda guardava aquele que, para muitos, foi o mais bonito gol de sua carreira, completando 64 anos no dia de hoje.
Torneio Rio-São Paulo. Maracanã. 40 mil presentes. No fim do primeiro tempo, o Santos vencia o Fluminense por 1x0, gol de Pelé. O zagueiro santista Dalmo fez um lançamento para Pelé que dominou a bola na intermediária ofensiva. Então, ele driblou Paulinho "Ladrão" Omena, entrou na área e em curto espaço, passou por Edmilson, Altair, Jair Marinho e Pinheiro. Quando Castilho saiu para tentar fechar seu ângulo, Pelé desferiu um petardo no contrapé do zagueiro Clóvis, que já estava atrás do goleiro, como um último recurso para evitar a obra-prima! Não conseguiu!
Aqui, o chute final, por outro ângulo!
"Era um gol visto do princípio ao fim, como nunca se vira outro. Então aconteceu uma coisa inédita. A multidão não se levantou. Continuou sentada. Mas prorrompeu em palmas. Não houve um só espectador que não batesse palmas. Era uma ovação de Teatro Municipal. As palmas não paravam aumentando de intensidade. Batia-se palmas olhando para o campo. Para Pelé! Ele ouviu as palmas e olhou para a arquibancada do Maracanã. Depois, levantou o braço e acenou com a mão, agradecendo. Recebia os abraços de Coutinho, Zito, Pepe, Dorval e continuava a escutar palmas. Correu para o meio do campo, acenando com a multidão levantada, agradecendo. Era aquela homenagem mais bela que recebera!"
Mário continua: "As palmas só cessaram quando Waldo deu a nova saída. Iam recomeçar logo depois, pois acabava o primeiro tempo e Pelé saía de campo. A diferença é que agora a multidão se pôs de pé para aplaudir! Quando Pelé desapareceu no túnel, ninguém ficou quieto. A vontade que todo mundo tinha era de se abrir, de compartilhar com alguém a alegria do gol. Formavam-se grupos. Gente que não se conhecia tornava-se íntima pelo milagre do gol de Pelé!"
Então com 25 anos, repórter de "O Esporte" e presente no Maracanã, o palmeirense roxo Joelmir Beting declarou que o gol merecia uma placa! Dito e feito. Ele mesmo pagou do próprio bolso, sem jamais ter sido reembolsado pelo seu empregador. A placa está no Hall Social de entrada do estádio.
Ah! Pepe fez mais um. Jaburu descontou para o Flu e o Santos venceu por 3x1!
Fotos: site oficial do Santos FC e UOL, por Milton Neves!
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