Não foi.
A CBF não tomou qualquer providência em relação à estrutura do esporte. Simplesmente, seguiu a vida. Acreditou-se em um acidente de percurso. Como esperar que a instituição estivesse preocupada? Todos tinham que manter seu status quo pois tinham certeza que a fábrica de craques brasileiros continuaria a produzi-los em quantidade e o tal acidente seria abafado por novas e gloriosas conquistas. A mídia também ajudou! Paga pelas transmissões e precisa de audiência.
Os escândalos da FIFA de Blatter chegaram nos mandatários da CBF. Jose Maria Marin foi preso em Nova York. Marco Polo del Nero estava no Brasil e os acordos de extradição o impediram de viajar para o Chile, por exemplo, na Copa América de 2015. Vexames? Eles não estavam nem aí!
A então interinidade do Coronel Nunes na CBF foi fator preponderante para que o estatuto da entidade fosse alterado "na canetada" em assembleia convocada em março de 2017, somente com as federações e sem os clubes das séries A e B, em especial, no tema do sistema de eleição do presidente. Tal assembleia só foi possível porque a CBF costurou um acordo com o Ministério Público para garantir uma pretensa legitimidade. Assim, o peso dos votos foi alterado.
Havia uma esperança de que o advogado bem sucedido Rogério Caboclo pudesse colocar decência na CBF, como novo presidente. Bem, o que colocou foi exatamente o inverso. Várias acusações de assédio moral e sexual por colaboradoras da instituição o afastaram do cargo, em 2021. Tentou voltar por via judicial, sem sucesso. Antes, ainda foi acusado de utilizar oito milhões de reais da CBF para tentar calar as denunciantes. Jesus Cristo!
Baiano de Vitória da Conquista, Ednaldo Rodrigues é contador e começou como dirigente esportivo ao presidir a liga amadora de sua cidade e dirigir o Departamento do Interior da federação baiana de futebol, entre 1992 e 2000. No ano seguinte, foi eleito presidente da federação, cargo para o qual foi reeleito três vezes até 2018. Neste período, os dois principais times do estado, Bahia e Vitória, chegaram à serie C do Brasileiro.
Com a confusão do Caboclo, Coronel Nunes voltou à frente para eleger Ednaldo em março de 2022, como presidente da CBF, já no novo sistema de pesos. O Ministério Público percebeu o erro de 2017, motivado por alguns dirigentes e presidentes de federações, opositores da situação. Entrou com ação no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para anular a eleição. Obteve a liminar e Ednaldo acabou destituído do cargo em dezembro de 2023 e a CBF deveria marcar novas eleições em 30 dias.
Entretanto, menos de um mês depois, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática, reconduziu Ednaldo ao cargo. O ministro justificou que a FIFA não permite que um país afiliado resolva questões judiciais esportivas fora desse âmbito, sob risco de exclusão de competições oficiais por ela promovidas. A alegação até é correta mas...
A Revista Oeste teve acesso a um contrato de prestação de serviço do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) à CBF. O IDP dá suporte acadêmico e técnico aos cursos da CBF Academy "para o planejamento, desenvolvimento, divulgação, comercialização, curadoria, produção de conteúdo e todas as atividades relacionadas à oferta e entrega dos serviços ofertados pela CBF". Validade por dez anos, a partir de agosto de 2023.
Quem assina pelo IDP é Francisco Schertel Mendes, sócio e diretor-geral, filho de Gilmar Mendes, que é o outro sócio e docente do instituto. Bacana, não?
Dá pra entender por que a CBF gosta de levar jogos para Brasília?
No último dia 24, na sede da CBF no Rio, véspera de Argentina x Brasil, pelas Eliminatórias em Buenos Aires, Ednaldo Rodrigues foi eleito Presidente até 2030, por unanimidade absoluta, como candidato único, entre 27 federações e 40 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro. Aclamado nos braços (desse) povo!
No dia seguinte, a goleada vexatória imposta pelos argentinos somente atingiu a você, que torce pelo time da CBF!
Não atinge a eles.
Contudo, quando reclamarem de calendário, estaduais, arbitragem, gramados naturais ruins e sintéticos, pense bem se vale a pena dar-lhes ouvidos.
São todos cúmplices!
Vergonhosa a nossa seleção.
ResponderExcluirConsequência direta de quem a comanda! E não falo somente da comissão técnica! Abraço!
ExcluirVergonha!!!
ResponderExcluirÉ pouco! E não tem prazo pra acabar! Valeu!
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