Nome: NILTON REIS DOS SANTOS
Apelido ou Mais Conhecido como: NILTON SANTOS (A Enciclopédia)
Nascimento: 16/05/1925 - Rio de Janeiro RJ
Falecimento: 27/11/2013 - Rio de Janeiro RJ
Uma Só Camisa: BOTAFOGO RJ
Período: 1948 a 1964 - 16 anos
Posição: Lateral-Esquerdo (destro)
723 jogos: (número de vitórias não encontrado)
Gols: 11
Seleção Brasileira: 82 jogos - 3 gols - Copas do Mundo: 1950-54-58-62 - Bicampeão Mundial, Campeão Pan-Americano 1952
"Quanta majestade do trato de uma bola! O moço jamais fez um truque com a bola! Só fazia arte! Nilton não era um jogador de futebol, era uma exclamação! Em campo, parecia tantos! E no entanto, e que encanto, era um só: Nilton Santos!" (adaptado)
Poesia do acreano Armando Nogueira, diretor de esportes da Rede Globo por décadas, jornalista, escritor e comentarista mas, sobretudo, botafoguense apaixonado!
 |
O Início |
Nilton Santos nunca foi de falar de si mesmo. Sua humildade não permitia. A mesma que o fez invadir a sala do presidente Carlito Rocha, em 1953, quando já era titular absoluto na lateral esquerda da seleção brasileira. O treino do Botafogo em General Severiano ainda não havia terminado mas tomou uma bola entre as pernas de um magrinho de 19 anos com as pernas tortas que fazia um teste. Deixou o treino imediatamente e aos berros, ordenou ao presidente: "Contrata esse garoto agora!"
Carlito Rocha prontamente o obedeceu. Anos mais tarde, Nilton admitiria que jamais teria tido sucesso se não jogasse no mesmo time de Garrincha. "Imagina ter que marcar o Mané três ou quatro vezes por ano! Eu tava morto!"
 |
Inseparáveis! |
O tempo os transformou em mais que companheiros de time e de seleção. Eram compadres. Nilton foi o único e real amigo de Mané Garrincha. Um conselheiro e porque não dizer, um genuíno pai.
Carioca da Ilha do Governador, Nilton começou a jogar em times amadores do bairro mas nunca se preocupou em levar a sério uma carreira profissional. Quando se alistou na Aeronáutica aos 19 anos, a coisa mudou de figura. Era o grande craque dos Jogos Militares e os olheiros dos clubes começaram a agir. Teve a primeira chance no Fluminense mas a distância até Laranjeiras o fez desistir. Quando foi a General Severiano, Carlito Rocha (ele de novo) não hesitou. Após vê-lo em um único treino, arrumou um lugar para Nilton na república de jogadores que o clube mantinha bem próximo. Tudo resolvido. Começava, então, uma história de amor recíproco e eterno!
Eu já escrevi aqui uma homenagem a ele, um pouco antes de seu falecimento, no seu aniversário de 88 anos. Clique aqui: O Último dos Enciclopedistas
 |
Elegância e Categoria |
Mesmo destro, foi para a lateral esquerda e iniciou uma nova maneira de jogar nessa posição, até então, meramente defensiva. Sua imensa categoria, habilidade e visão de jogo o fizeram único em sair jogando com a bola dominada, passes e lançamentos precisos, desarmes não faltosos e antecipações perfeitas. Previa onde a bola chegaria. Iniciava ataques com personalidade e cabeça erguida. Era como se a bola fizesse parte de seu corpo, às vezes, um prolongamento de seu pé, outras, do peito, da coxa ou da cabeça pois, seguramente, gostava de ser bem tratada. Quem não gosta?
Abaixo, uma formação épica com Manga, Rildo, Garrincha, Paulinho Valentim, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Ainda havia Didi, fora da foto. Bicampeões Cariocas 1961/62.
Jamais perdeu uma Final ou um jogo final. Quatro vezes campeão carioca, duas vezes do Torneio Rio-SP e vários torneios internacionais com o Botafogo. Pela Seleção Brasileira, 4 Copas do Mundo, 3 como titular e 2 títulos. As histórias são muitas. Três valem a pena lembrar aqui.
Suécia 1958. Estreia nervosa contra a sempre perigosa Áustria. Brasil vencia por 1x0. Assim que o segundo tempo começou, Nilton Santos roubou a bola no campo defensivo e a carregou para o ataque. O técnico brasileiro, o gordinho Vicente Feola, esbravejava do banco: "Volta, Nilton, Volta!". Ele continuou! Tabelou com Mazolla, recebeu na frente, entrou na área, e na saída do goleiro, deu leve toque por cobertura! Golaço! Ao voltar, ouviu de Feola, agora em voz baixa: "Boa, Nilton, Boa!"
 |
"Boa, Nilton, Boa!" |
Chile 1962. Jogo nervoso contra a Espanha de Di Stefano e Puskas, ambos naturalizados espanhóis. Brasil havia perdido Pelé, por lesão muscular, no empate contra os tchecos, após ter vencido o México na estreia. O segundo tempo já havia começado e a Espanha vencia por 1x0, resultado que eliminava o Brasil da Copa. No início do segundo tempo, o ponta-direita espanhol Collar pegou a bola e partiu para driblar Nilton Santos, então com 36 anos! Nilton o derrubou dentro da área. Pênalti. O árbitro chileno Sergio Bustamante apitou mas estava longe e correu para o local. Durante essa corrida, Nilton deu um passo para fora da grande área, parou ali e levantou os braços! Bustamante chegou e marcou... falta fora da área! E mais: na cobrança da falta, a bola foi cruzada na área e o atacante Peiró fez gol. De bicicleta! Bustamante anulou por "jogo perigoso"! Depois Garrincha e Amarildo viraram o jogo! Mas...Obrigado Nilton! Valeu Bustamante!
 |
Xiiiii... |
 |
Pênalti? Onde? Quando? |
E também não fugia de uma boa briga! Na Batalha de Berna, Suiça 1954, trocou socos com o capitão húngaro Bozsik e ambos foram expulsos. Ao final do jogo, após a vitória da Hungria, Puskas, que estava na plateia lesionado, provocou o zagueiro Pinheiro que passava ao lado, saindo do campo. A confusão começou. Nilton Santos veio do vestiário e participou de uma das maiores brigas campais da Historia das Copas do Mundo!
 |
Qualé, Bozsik? |
Na sua despedida oficial, o Botafogo derrotou o Flamengo por 1x0 pelo Carioca de 1964. Antes do pontapé inicial, o capitão rubronegro, Carlinhos (opa, atenção!) presenteou-o com um troféu em honra a sua gloriosa carreira! Outros tempos!
 |
A Enciclopédia e o Violino |
Já como dirigente do Botafogo, não suportou a sucessão de erros que o árbitro Armando Marques assinalou contra seu time e a favor do São Paulo no triangular final do campeonato brasileiro de 1971, no Maracanã. No final do jogo, empurrou o polêmico árbitro antes dele entrar no vestiário! Queda feia. Antes, em 1964, seu último ano como jogador, também desferiu um soco no Armando após empate em 3x3 com o Corinthians no Pacaembu! Amor antigo...
 |
Cuidado Armandinho... |
Falar de Nilton Santos dá livro! E deu mesmo. Não um mas dois. Um escrito pelo próprio; autobiografia. E outro pelos botafoguenses Maneco Muller e Rafael Casé!
Após trabalhar no clube, Nilton se ocupou com escolinhas de futebol e projetos sociais, uma em especial no estado de Tocantins (onde batiza o estádio da capital Palmas), além de uma loja de artigos esportivos. Foi casado duas vezes mas somente teve um casal de filhos do primeiro. Uma única neta! Morou em Araruama, Brasília e Rio. Ainda recebeu várias homenagens em vida. A principal delas, o de melhor lateral-esquerdo de todos os tempos, eleito pela FIFA.
Após falecer em 2013, vítima de infecção pulmonar, Nilton Santos continuou a ser homenageado, agora com o rebatismo do Estádio Olímpico João Havelange (o popular Engenhão), no Rio, para o seu nome, em 2017, dez anos depois do estádio ser concedido ao Botafogo. Antes, em 2009, o clube já havia inaugurado uma enorme e imponente estátua de bronze à frente de uma das entradas principais.

Nilton Santos não recebeu seu apelido de Enciclopédia à toa!
Sabia tudo de futebol!
Vamos continuar pelo lado esquerdo no próximo episódio, só que agora mais à frente. As cores continuam mas em outra praia famosa...
Boa Osmar!!! Ñ vi jogar, mas esse é unanimidade.
ResponderExcluirÓbvio ululante! rsrsr! Valeu!
ExcluirBotafogo poderia ter ganho muito mais Notoriedade nesta época e ter se tornado um time conheçido mundialmente assim como o SANTOS FC; infelizmente nao soube aproveitar mais!
ResponderExcluirExato! Visão de futuro era algo raro no Brasil! rsrsrs! Abraço!
ResponderExcluir