quarta-feira, 16 de abril de 2025

Os Doze de Uma Só: 9 - CARLINHOS

Nome: Luiz Carlos Nunes da Silva
Apelido ou Mais Conhecido como: CARLINHOS (o Violino)
Nascimento: 19/11/1937 - Rio de Janeiro RJ
Falecimento: 22/06/2015 - Rio de Janeiro RJ
Uma Só Camisa: FLAMENGO RJ
Período: 1958 a 1969 - 11 anos
Posição: Volante ou centromédio (destro)
Jogos: 517 - 275 Vitórias, 112 empates
Gols: 23
Seleção Brasileira: 1 jogo - 1 vitória!

"O Flamengo é a minha segunda casa!"

A maioria das composições clássicas incluem o violino como o principal instrumento de cordas, que faz acentuar a melodia de uma orquestra. Exige muita dedicação e postura de quem o toca. Dependendo de como é performado, produz um timbre aveludado e único. É o instrumento musical mais valioso já criado (pelo italiano Gaspar de Saló, no século XVI). Um Stradivarius de 1729, criado pelo também italiano Antonio Stradivari e produzido em não mais do que mil unidades desde então, alcançou a bagatela de um milhão e setecentos mil dólares em leilão na Inglaterra em 1990 e o "Messias", exemplar solitário e invendável de Antonio, feito em 1716, não tem preço. Está no Museu de Oxford, no Pavilhão Hill, dedicado à música!
O "Messias"
Com as chuteiras de Biguá
Esse é o motivo pelo qual Carlinhos ganhou tal apelido. Atuando em uma década de predomínio do Botafogo, Santos, Palmeiras e Cruzeiro no futebol brasileiro, conduziu o Flamengo a dois títulos cariocas (63 e 65) e a um do Torneio Rio-SP (61). Jogava de cabeça erguida, passes precisos e refinados, cortes sem fazer falta. Plena noção do campo de jogo e conduzia com categoria clássica, uma orquestra que continha Jadir, Jordan, Joubert, Gerson (o canhotinha de ouro, iniciando carreira), Paulo Henrique, Espanhol, Henrique Frade, Dida, Babá, Osvaldo "Ponte Aérea" e seu maior companheiro de meio-campo, Nelsinho Rosa, que depois se notabilizou como técnico vencedor no próprio Flamengo, Fluminense e Vasco! 
O fiel parceiro Nelsinho
Com Gérson, então "Topetinho" de Ouro!
Aos 16 anos, Carlinhos chegou a treinar nos juvenis do Botafogo mas não vingou. Agradou tanto na Gávea no ano seguinte que o célebre lateral rubronegro Biguá, ao se despedir do futebol, em gesto simbólico, entregou suas chuteiras a ele, confiando que em futuro próximo, estaria ali um grande jogador!

Acertou em cheio. Oitavo jogador que mais vestiu a camisa do Flamengo e ganhador do Troféu Belfort Duarte, aquele que premiava o jogador que nunca havia sido expulso em pelo menos 10 anos de carreira. No Carioca conquistado em 1963, comandou seu time no Fla-Flu decisivo em que precisava do empate. É considerado o maior público presente da história do futebol brasileiro em jogo entre clubes e um dos maiores do mundo em todos os tempos: 194.063! Comandou a defesa contra a pressão tricolor e garantiu o 0x0 salvador. Herói do título!
Entrando no Fla-Flu de 1963

Campeão 1963
Única decepção que Carlinhos teve no futebol foi a seleção brasileira. Somente uma única oportunidade em 1965, num amistoso no Maracanã contra Portugal. Antes disso, estava na pré convocação para a Copa de 1962. O técnico Aymoré Moreira preferiu Zequinha do Palmeiras para a reserva de Zito. Zequinha não era melhor que Carlinhos. O argumento para a escolha foi surreal: Aymoré queria contrabalançar o peso entre cariocas e paulistas. Se levasse Carlinhos, seriam mais cariocas...

Ao encerrar a carreira, lembrou de Biguá e pensou a quem poderia entregar suas chuteiras! Encontrou um menino franzino de 17 anos, destaque das categorias de base! Veja na foto quem foi!
Chuteiras bem entregues?
Passou a trabalhar como treinador das categorias de base do clube e teve a primeira de suas sete passagens na equipe principal em 1983, com a saída de Paulo César Carpeggiani. E ainda ganhou outro apelido, agora exclusivo como técnico: Bombeiro! Sempre acionado para apagar incêndios! Conciliador, voz fina, fala mansa, extremamente gentil e educado. E fez bonito. Campeão do sempre polêmico Módulo Verde Copa União 1987, Campeão Brasileiro 1992, três vezes Carioca (91, 99 e 2000) e uma Copa Mercosul (99)! 313 jogos! Ainda treinou o Guarani de Campinas e o Remo de Belém mas sem o sucesso de "sua segunda casa"!
O Bombeiro "Fala Mansa!"
Merecidamente ganhou busto em vida na sede da Gávea. Sua biografia está bem contada em livro escrito por Renato Zanata e Bruno Lucena, com prefácio do menino que recebeu suas chuteiras! 

Vítima de insuficiência cardíaca, aos 77 anos, Carlinhos deixou a vida terrena para explicar a São Pedro o que é viver o Flamengo. Faz isso todo dia!

Para o décimo de uma só camisa, manteremos a posição mas voltaremos às alterosas... 


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