8 de Março! Dia Internacional da Mulher!
Dia de celebrar conquistas que, infelizmente, demoraram muito para chegar. E elas não param. Continuam a ocorrer, felizmente. Um pouco ali, mais aqui e acolá. Uma batalha contínua em todos os setores da sociedade!
Inclusive no futebol.
As competições de futebol feminino estão atualmente espalhadas por todo o mundo e, desde 1991, com Copa do Mundo FIFA e nos Jogos Olímpicos, desde 1996.
O grande mistério que envolve o universo do futebol feminino é entender os motivos pelos quais a seleção mais vencedora entre todas até aqui não está na América do Sul ou na Europa, como entre os homens. São os EUA! Tetracampeões mundiais em oito copas disputadas e Tetra de Ouro Olímpicas, também em oito jogadas! Nem de longe, sua seleção masculina possui qualquer chance de comparação!
Estive pesquisando um pouco sobre isso. Alguma coisa já sabia, outras não tinha a menor ideia, sobretudo em relação aos números que fazem dos EUA, o país do futebol feminino!
Para mencionar tais números, é bom compará-los com os do Brasil, por exemplo, outrora o país do futebol dos marmanjos. Cerca de 70% das praticantes de futebol no mundo estão nos EUA. Calcula-se algo em torno de dez milhões de jogadoras, sendo um milhão e meio de meninas abaixo dos dezoito anos. No Brasil, esse número não chega a míseros três mil. Ao falar sobre técnicos cadastrados e trabalhando, outra goleada: 72000 contra 1300.
Essa predileção do público feminino pelo futebol nos EUA tem uma origem parecida com o início da paixão pelo público masculino no Brasil. Guardadas as devidas proporções de tempo e cultura local, na virada do século XIX para o XX, o esporte mais popular do Rio de Janeiro, por exemplo, era o remo, praticado na Baía de Guanabara. Os remadores eram idolatrados por sua força física e corpos perfeitos. Era um "esporte de homem". Quando o futebol começou de vez, junto ao novo século, seus praticantes eram considerados "pouco másculos" pois qualquer um podia jogar: alto, baixo, magro, gordo, feio, bonito e não necessariamente, forte!
Algo semelhante é considerado pela professora de Ciência do Esporte Eileen Welp, da Universidade do Estado de Wisconsin, EUA. Sua ideia passa, primeiro, pelo fato de que o esporte das multidões de seu país é o football, o da bola oval! Jogado em grandes estádios, a brutalidade dá o tom das partidas, algo que, definitivamente, não combina com o universo feminino. Os estadunidenses sempre consideraram o soccer um esporte de pouca masculinidade pois, pra eles, seu contato físico não pode ser comparado ao football, hóquei no gelo e mesmo com o basquete, outros esportes coletivos de grande interesse por lá. O beisebol é um caso à parte (se você entende este jogo, por favor, me explique qualquer dia desses...).
Além disso, a luta pela igualdade de gênero sempre esteve presente em vários fatos políticos e culturais nos EUA, especialmente no século XX. Desta forma, em 1972, o presidente Richard Nixon sancionou uma lei chamada Título IX que proibia discriminação com base em sexo em qualquer âmbito, inicialmente, na educação. Um pouco antes do escândalo de "Watergate" que o fez renunciar! Como as escolas estadunidenses sempre enfatizaram a prática de esportes (e continuam assim), o soccer, até então "patinho feio", começou a dividir a preferência das meninas com o basquete e o vôlei, modalidades também coletivas, pois havia fatores muito favoráveis: campo grande, mais gente jogando e no banco de reservas, além de que altas, baixas, feias, bonitas, magras e gordas podiam jogar! Menos brutalidade e mais técnica e habilidade em um esporte mais democrático!
Neste mesmo ano de 1972, cerca de 700 meninas jogavam futebol nas escolas e 300 nas universidades. Vinte anos depois, já eram 120 mil nas escolas e em 2023, 400 mil. Por sua vez, dez anos depois, as universidades possuíam 2000 atletas femininas em 80 times. Hoje são 28 mil atletas em mais de mil times! Em qualquer parque, praça ou espaço comunitário de qualquer cidade estadunidense, se vê meninos lançando bolas ovais e meninas chutando bolas redondas! E veja que nem mencionei as equipes profissionais que, ao selecionarem jogadoras universitárias, estão criando um fenômeno único no país, fazendo com que comecem a jogar profissionalmente antes mesmo de se graduarem em qualquer curso, o que é praticamente impossível de ocorrer nos outros esportes.
Junte-se políticas e culturas com o sucesso de sua seleção no campo e passa a não ser difícil concluir que o futebol feminino dos EUA vai continuar liderando a modalidade no mundo por um bom tempo, fazendo surgir novas craques idolatradas e campeoníssimas como Mia Hamm (a Pelé das mulheres), Abby Wambach, Megan Rapinoe e a goleira Hope Solo, mesmo com seleções europeias crescendo, assim como o vizinho Canadá, o Japão, que foi campeão do mundo em 2011, e o Brasil da eterna Marta, de quem sempre se espera uma evolução maior!
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Mia Hamm, a Pelé das Mulheres! |
Conheço muita gente que não liga para futebol feminino. Respeito mas lamento. Estou falando de Brasil, claro, onde o preconceito ainda é forte. As redes de TV, sites e mídias sociais vêm dando cada vez mais destaque, com transmissões ao vivo, ao campeonato brasileiro, alguns estaduais, além das competições continentais e mundiais como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos! (Como bons brasileiros, aí todos torcem!) É uma nova realidade que precisa fazer com que formemos mais jogadoras nas escolas, nas universidades, nos clubes com o objetivo de vencer o preconceito e começar a torcer mesmo para uma nova seleção brasileira de futebol (apesar da CBF).
As Yankees já chegaram! Há muito tempo!
Que o legado de Sissi, Formiga, Marta e Cristiane não seja em vão!
Parabéns a todas as mulheres! Não há vida sem vocês!
Fontes: BBC, por Alessandra Correa (Hoje Pernambuco) e Globo Repórter, 2023!
Opa! 🌹
ResponderExcluirHehehe! Valeu! Bjs
ExcluirGrande lembrança nessa data especial.
ResponderExcluirSem dúvida! Bom tê-lo por aqui! Grande abraço!
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