Ronaldo Nazário, o "Fenômeno", foi eleito por 3 vezes o melhor jogador do mundo!
Campeão Mundial de futebol no Penta do Brasil! Até 2014, o maior artilheiro das Copas do Mundo!
Um dos melhores atacantes do futebol mundial em toda a História!
Até o último fim de semana, Ronaldo tinha o objetivo de se igualar a outros ex-craques que se tornaram presidentes da entidade máxima do futebol de seus países. Samuel Eto'o em Camarões e Davor Suker na Croácia, por exemplo. E na UEFA, o francês Michel Platini mas esse... bem... deixa pra lá!
A lista de ex-jogadores que continuaram com atividades profissionais no futebol pelo mundo é grande. Não falo daqueles que se transformaram em treinadores mas em presidentes e diretores de clubes, agenciadores e consultores de marketing do futebol, membros de comitês de eventos e até empresários de jogadores e cargos públicos oficiais. Os resultados, via de regra, não foram bons. Pelé, Zico e Beckenbauer, por exemplo, ganharam dinheiro mas jamais repetiram fora de campo o sucesso que tiveram dentro dele. O alemão, inclusive, acusado de distribuir propina para fazer de seu país, o candidato vencedor da sede da Copa 2006.
Desde que parou de jogar, Ronaldo fundou uma empresa de marketing esportivo e foi embaixador da Copa 2014 no Brasil, época daquela infeliz declaração de que não se faz Copa construindo hospitais! Nos últimos anos, na onda das SAF chegando de vez por aqui, comprou o Cruzeiro, time que o mostrou para o mundo depois de ser revelado no carioca São Cristóvão. Antes, já havia comprado o Valladolid, da Espanha.
O Cruzeiro estava em baixa, praticamente falido, passando dois anos sombrios na série B do Brasileiro. O time voltou para a série A mas, no ano passado, Ronaldo repassou a SAF e embolsou uma boa grana. Os torcedores do Valladolid vivem em pé-de-guerra com ele. O time virou uma espécie de "iô-iô" na Espanha, no sobe e desce de divisão. Estão na A nesta temporada mas a campanha já é de B. Está difícil escapar.
Não dá pra saber se Ronaldo poderia ser um bom presidente da CBF, como queria. Em primeiro lugar, teria que abrir mão de toda e qualquer atividade que exerce atualmente no futebol. O conflito de interesses é cristalino. Por mais que já estivesse com isso planejado, deixaria a sociedade nestes negócios? Ou simplesmente acabaria com as empresas? Neste caso, se tem colaboradores, seriam demitidos? CNPJ cancelados? E o Valladolid? Enfim...
Entretanto, esses seriam os menores dos problemas mas não menos importantes, claro. O maior é efetivamente o que o fez desistir de sua candidatura: o sistema de eleição da CBF, criado para manter o status quo de quem já está lá, sem importar como chegou!
Já falei aqui como o presidente da entidade máxima do futebol brasileiro é eleito. Vamos detalhar esse processo com um breve histórico.
Como somente o Brasil possui federações estaduais, aqui é o único país do mundo em que há uma confederação de futebol. Assim, desde que a CBF foi fundada em 1979 (até então, havia a CBD, de desportes), o presidente era eleito pelo voto das 27 federações estaduais, tamanho do colégio eleitoral. Quando esteve no cargo por décadas, Ricardo Teixeira, genro de João Havelange, conseguiu fazer com que os clubes da séries A e B do Campeonato Brasileiro também participassem da eleição, alterando o estatuto da entidade. Isso gerou uma óbvia e violenta reação contrária das federações que não admitiram que muitos de seus principais afiliados tivessem a possibilidade de votar em desacordo com sua própria escolha. Um belo e oportuno pretexto para esconder o real motivo: ameaça de perda de poder.
Então, decidiu-se que o sistema de eleição daria pesos diferentes para diferentes grupos de votantes:
- 27 federações estaduais: Peso 3
- 20 clubes Série A: Peso 2
- 20 clubes Série B: Peso 1
O amigo leitor, expert em aritmética, fez as contas e já percebeu que se todas as federações fecharem em torno de um candidato, esse será o vencedor, desprezando se os demais 40 clubes envolvidos preferem um outro nome.
Além disso, para uma chapa eleitoral ser homologada, há a necessidade de haver apoio oficial e registrado de, pelo menos, quatro federações.
Ronaldo quis agendar reuniões com os atuais 27 presidentes de federações. Queria expor suas ideias, sugestões de melhoria para o futebol brasileiro e também ouvir. Somente a Federação Paulista cogitou recebê-lo, cujo mandatário, Reinaldo Carneiro, paradoxalmente, é um dos tantos vices da CBF.
Será que não receberam Ronaldo por receio de perderem as "bolsas federação" que a CBF religiosamente deposita em suas contas? Pense na federação do Acre, Roraima, Amapá, Tocantins! Pense também que possuem o mesmo peso de voto da de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo.
Será que tiveram medo de verem reduzidas suas datas de seus decrépitos torneios? Ou ainda uma nova forma e época de disputa? Só há campeonatos estaduais no Brasil.
"Sistema". Palavrinha que acostumamos a mencionar e a escutar por aí. O futebol também está dominado por ele. Somente uma catástrofe poderia abalá-lo ou mesmo derrubá-lo. Imagine, por exemplo, uma delas em que a seleção brasileira fique fora de uma Copa do Mundo, um fato ainda inédito que tem tudo para não ocorrer com a FIFA aumentando o número de participantes. Mas como seria a reação da mídia que comprou direitos de transmissão, vendeu cotas para robustos patrocinadores, planejou grade de programação e contratou profissionais? E é bom ficarmos atentos. O futebol brasileiro não frequenta mais com assiduidade mundiais Sub20 e Sub17, ficamos fora das Olimpíadas de Paris e acabamos de tomar de 6 da Argentina em um torneio sul americano sub20 tão ruim tecnicamente que ainda conseguimos conquistar o título! Vai entender!
Este texto não é uma defesa ao Ronaldo. Tampouco um ataque ou uma crítica mais ácida. Procuro mostrar a realidade para quem quiser se aventurar a ser presidente de CBF e mesmo de federações. Mesmo com a fama e o prestígio de alguém como ele. Na Federação do Rio, por exemplo, ligas amadoras de municípios têm o mesmo peso de voto de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Desde que foi fundada em 1978 (devido à fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 1974), teve somente 3 (três) presidentes. Repetindo: 3. O atual está lá desde 2007.
Como diria Capitão Nascimento, o sistema é f..., parceiro!
Excelente, mais um, artigo. Exatamente a realidade absurda desse sistema corporativista do futebol brasileiro
ResponderExcluirPor aí! E será difícil mudar! Obrigado pelo comentário!
Excluir👏🏽👏🏽👏🏽
ResponderExcluirSempre aqui!!! Bjs
ExcluirTb ñ sei se Ronaldo seria um bom presidente. Mas já dá pra ver q ñ tem espaço p mudança. O sistema é podre!
ResponderExcluirTotalmente! Ronaldo tem q continuar a ganhar seu dinheiro! Rsrsrs. Abraço
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ResponderExcluirCBF é igual Globo: LIXO.
ResponderExcluirInfelizmente,vc tá certo! Abraço
ExcluirNada muito diferente do que acontece em todo o Brasil. Grupos de interesse se articulam, ocupam os espaços e, gerando riqueza e fazendo novos amigos, se encastelam no poder.
ResponderExcluirExato! No futebol, não é diferente! Saudações!
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