segunda-feira, 3 de março de 2025

ORFEU É DO OSCAR! É DO CARNAVAL! É DO FUTEBOL!

Eu estou vibrando sim! Ganhar Oscar é importante para o desenvolvimento de nossa cultura! 

Mas será que foi mesmo a primeira vez?

Resposta: depende do ponto-de-vista!

Oficialmente, o filme "Orfeu Negro" (ou "Orfeu do Carnaval") representou a França, do diretor Marcel Camus, na festa de entrega de 1960 do mais importante prêmio do cinema mundial. E ganhou como melhor filme estrangeiro.

Também ganhou na mesma categoria, o Globo de Ouro e a Palma de Ouro no Festival de Cannes!

Entretanto, todos os atores são... brasileiros, exceto a "mocinha", a estadunidense Marpessa Dawn! Falado em português e baseado em peça teatral de Vinicius de Moraes ("Orfeu da Conceição") que também assina a trilha sonora com Tom Jobim. A canção-tema, "Manhã de Carnaval", é uma obra-prima de Luiz Bonfá e Antonio Maria. E mais: o filme foi todo rodado no Rio de Janeiro e fundamental para a divulgação mundial de um novo estilo musical genuinamente brasileiro que surgia: a bossa nova!

Mas afinal, o que isso tem a ver com futebol?

O protagonista: Breno Mello! Esse aqui do cartaz oficial do filme!

Durante as gravações em 1959, Breno era jogador do Fluminense! Isso mesmo! Olha aí embaixo! Em pé; Clóvis, Edmilson, Castilho, Jair Marinho, Altair e Pinheiro. Agachados; Telê Santana, Paulinho Omena, Waldo, Breno e Escurinho!

Gaúcho de Porte Alegre, nascido em 1931, começou a jogar no São José, o popular "Zequinha". Era meia-direita ou esquerda! Chamou a atenção pela habilidade e como bom finalizador. Acabou contratado pelo extinto Renner, onde foi destaque nos títulos estadual gaúcho e citadino da capital, ambos em 1954, acabando com a hegemonia da dupla Gre-Nal! Deu zebra! Aqui abaixo, é o segundo agachado da esquerda para a direita. Vale destacar também, o segundo agachado da direita para esquerda: Ênio Andrade, que depois se notabilizou como técnico campeão brasileiro pelo Inter, Grêmio e Coritiba!

Em 1957, teve passagem rápida pelo Corinthians e depois pelo Santos, quando atuou no último jogo de Pelé como amador. O Peixe venceu o Rio Branco de Paranaguá-PR, fora de casa, por 3x2 e Breno fez um dos gols.

Chegou ao Fluminense em 1958. Não era titular absoluto, revezava como meia com Maurinho. Em 1959, foi titular no Torneio Rio-SP, da foto acima. Estava inscrito para disputar o Campeonato Carioca na sequência mas...

O diretor Camus procurava um ator brasileiro para o papel principal do Orfeu. Breno foi descoberto jogando uma "pelada" na praia de Copacabana e após um jogo do Fluminense, foi abordado pelo advogado do diretor, Jose Leventhal, quando chegava em casa. Ele se encaixava perfeitamente nos perfis físico e étnico desejados. Venceu cerca de 300 candidatos, sem nunca ter tido qualquer experiência em cinema e, claro, decidiu pendurar as chuteiras aos 28 anos!

Aqui com o Presidente JK, Marpessa e Vinicius de Moraes, de óculos escuros!

Depois do Orfeu, Breno ainda fez mais alguns filmes, o mais famoso, "Negrinho do Pastoreio", de 1973, quando contracenou com Grande Otelo.

Ao abandonar as telas após seu último filme em 1988, viveu humildemente em Florianópolis, Novo Hamburgo e Porto Alegre, onde faleceu, vítima de infarto em 2008, deixando 5 filhos, 12 netos e 5 bisnetos.

Então...

Ganhamos um Oscar ou não?

4 comentários:

  1. Excelente conteúdo, matéria que nos trás a recordação do verdadeiro futebol brasileiro.

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    1. Esse é o espírito, meu amigo! Bom te ver aqui! Grande abraço!

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  2. Grande Osmar. Como sempre, um artigo sensacional! Parabéns! Realmente, carnaval, futebol, Brésil e cinema convergem demais nesse filme antológico.
    Sem falar que o Obama parece que não teria nascido, não fosse o fato de sua mãe, uma branquela do Kansas ter se apaixonado pelo filme, quando o viu no cinema e, anos depois, pelo pai do Barack. Forte abraço

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    1. Já havia lido algo sobre isso do Obama! Rsrsrs! Valeu Garoto!

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