sexta-feira, 24 de maio de 2013

POR QUE TÊ-LOS? POR QUE NÃO TÊ-LOS? - PARTE 3

Já deu pra perceber como é sinistra a organização do futebol brasileiro no âmbito CBF-Federações e Clubes da Série A. Não é diferente no âmbito Federações-Clubes e Ligas.

Ligas?! É. As federações estaduais também são responsáveis por qualquer liga amadora que queira submeter seu torneio de futebol a sua mediação e hierarquia. Na prática, trata-se simplesmente de VOTO para a eleição do presidente da federação. Então, ligas amadoras de qualquer município podem ter o mesmo peso de voto de qualquer clube em qualquer estado, desde que o estatuto contemple tal condição. E, claro, a maioria esmagadora contém. O exemplo clássico do absurdo das ligas foi o que o ex-deputado "Tô Rico" Miranda fez nos anos 90. Levava o time B do Vasco para jogar, de graça, em minúsculos municípios fluminenses como Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Porciúncula ou Miracema. Os estádios, belos exemplos de campos de várzea. O ingresso era cobrado. A renda revertida para a liga local e as sucessivas eleições do "Caixa D´Água" para a federação do Rio estavam sempre garantidas pois as ligas têm o mesmo peso de voto de Fla, Flu, Bota e Vasco. Coincidentemente, o Vasco venceu vários campeonatos estaduais em todas as divisões nesta época. Muitos deles até merecidos, mas o importante era o deputado, sempre reeleito.

Portanto, soluções racionais e financeiramente vantajosas para clubes e, sobretudo para torcedores, serão sempre muito difíceis de serem implementadas. A cultura da corrupção e do banditismo da classe política brasileira está radicalmente entranhada no futebol. Em muitas oportunidades, são os próprios políticos que o comandam. A Globo, como uma espécie de "cúmplice branca". Os clubes, com medo de represálias, em especial, dentro de campo, com esquema nocivo de arbitragens. Os torcedores, com a peculiar passividade que caracteriza a ignorante sociedade brasileira.

Então, vamos lá.

Os campeonatos onde jogam os principais clubes brasileiros não podem dar mais do que 2 meses para que joguem. Isto seria a metade do que é praticado atualmente. E ainda dava pra aumentar a pré-temporada em alguns dias. Ou permitir que os clubes voltassem a disputar torneios na Europa. Lembram do Teresa Herrera, Ramon de Carranza e Torneio de Paris? As federações podem fazer com que os clubes de menor expressão joguem durante o ano para conseguirem uma espécie de classificação para disputarem na temporada seguinte, talvez, um octogonal com os grandes que não precisariam disputar lamentáveis partidas em fases intermináveis de classificação. Todo mundo tá careca de saber que o campeão paulista será um dos 4, assim como o do Rio. O de Pernambuco será um dos 3. Em MG, RS, PR, GO, BA, PA, CE será um dos 2. Em SC, até que a variação é maior, mas os times são só medianos. É óbvio demais.

A recém ressuscitada Copa do Nordeste pode ser uma boa saída. Os principais clubes de cada estado disputando uma competição regional rápida é uma saída rentável e de boa atratividade para os torcedores. Que os campeonatos estaduais sirvam para classificar outras equipes a participar no ano seguinte. Vale para uma possível Copa Norte, Centro (com Cruzeiro, Atlético-MG, Goiás e ES) e Sul (com Inter, Grêmio, Coritiba e Atlético-PR). A realidade é diferente em SP e Rio, com 4 grandes em cada, além do interior paulista que, às vezes, apronta surpresas.

Tudo isso sempre com TV. A Globo não teria prejuízo nenhum. Ao contrário, teria jogos mais atraentes para transmitir e um campeonato brasileiro mais extenso, com menos rodadas nos meios de semana, reservados para Copa do Brasil e competições internacionais, além das datas FIFA para a seleção brasileira.

Com vontade política, isso é totalmente viável! Opa, falei "política"??? Não devia ter falado...

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