sábado, 21 de setembro de 2013

MÁRIO JOSÉ DOS REIS EMILIANO

Marinho é um renegado pelas tragédias da vida e, claro, do próprio futebol!

Em 1988, já no Botafogo, com 31 anos, dava uma entrevista à televisão, na beira da piscina de sua casa quando seu filho Marlon, de apenas 1 ano e 7 meses, se afogou nela. Uma tragédia que fez com que o excepcional ponta-direita entrasse no mundo das drogas e das bebidas. Ele se culpa disso até hoje. Sua carreira, então entrava em declínio.

Já havia sofrido grande decepção quando, às vésperas da Copa do México, em 1986, Telê Santana preferiu não levá-lo, mesmo o tendo convocado várias vezes, preterido pelos veteranos de 82, além de Casagrande, Edivaldo e Müller. Marinho dizia que sofreu preconceito por jogar no Bangu. Ducha fria de tristeza. Logo Telê, que o revelou no Atlético Mineiro em 1975.

Nascido em Belo Horizonte, de origem muito pobre, catava lixo quando criança para ajudar pai e mãe que moravam em um cômodo pequeno com nada menos que 18 pessoas, entre irmãos, primos e crianças abandonadas que seus pais recolheram das ruas. E as tragédias começaram quando treinava nas categorias de base do Galo. Uma de suas irmãs mais velhas, que o levava para um treino, foi atropelada ao atravessar a rua. Morte instantânea. Marinho só aprendeu a ler e escrever aos 22 anos, ensinado por outra irmã. Uma realidade muito dura.

Dentro de campo, um grande jogador. Rápido, habilidoso, driblador, excelente cruzador e definidor, muito bom no cabeceio. Um atacante completo. Destacando-se no Atlético, foi convocado para as Olímpíadas de 1976, em Montreal, Canadá. O Brasil fez campanha regular mas revelou, além de Marinho, Carlos (Ponte Preta) no gol, Edinho e Erivelto (Fluminense), Júnior e Julio Cesar "Uri Geller" (Flamengo), Cláudio Adão (Santos), Batista e Mauro Pastor (Internacional).

Em 1979, foi para o América de São José do Rio Preto-SP, quando se destacou em todos os Paulistões até 1983, quando Castor de Andrade, bicheiro da zona oeste carioca, resolveu bancar de novo o mesmo Bangu, como já havia feito nos anos 60. Além de Marinho, trouxe Cláudio Adão, Perivaldo, o goleiro Gilmar, Paulinho Criciúma, Fernando Macaé, Arturzinho, Mário, o zagueiro Polozzi e, mais tarde, Mauro Galvão. Foi vice 3 vezes: no Carioca em 83 e 85 e no Brasileiro de 85, quando Marinho ganhou a Bola de Ouro da Revista Placar, como melhor jogador do campeonato. Jogou demais. Era o xodó do Castor, artilheiro e capitão do time. Ganhava dinheiro do bicheiro só por fazer gols de pênalti, apostado contra o próprio, nos treinos. Era viciado em carros. Chegou a ter 8 na garagem, inclusive uma Mercedez zero. Comprava perfumes e presentes para todos os funcionários do clube.

Quando Castor reduziu a grana, foi negociado com o Botafogo, junto com Paulinho Criciúma e Mauro Galvão, quando o Glorioso passou a ser bancado por outro bicheiro: Emil Pinheiro. Foi bicampeão em 89/90, acabando com o jejum de 20 anos mas sem o mesmo brilho de Moça Bonita. Nem titular era. Já sentia os efeitos das tragédias. Perdeu tudo. Casou várias vezes, filhos às pencas, pensões, prostitutas, álcool, drogas, empréstimos a falsos amigos. Perambulou por times pequenos, tentou voltar ao próprio Bangu. Encerrou a carreira aos 39 anos.

Hoje é técnico do pequeno Juventus, no bairro de Realengo, no Rio. Vive de favor. Várias pessoas o ajudam.

Pensei em colocar uma foto ou um video atual como faço com os outros jogadores na série "Os Renegados"! Não valia a pena. Como admirador de futebol, o Marinho que aterrorizava os Grandes do Rio na década de 80 é o que vai ficar na minha memória! Vejam aí!



Fotos de times com o Marinho!

Atlético-MG 1978: João Leite, Cerezzo, Vantuir, (?), Heleno e Cláudio Mineiro. Marinho, Ângelo, Reinaldo, Paulo Isidoro e Ziza.


Brasil 3 x 0 Finlândia - 1986 - Um gol de Marinho: Leandro, Elzo, Oscar, Mozer, Carlos e Branco. Marinho, Sócrates, Careca, Muller e Edivaldo.


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