terça-feira, 15 de outubro de 2013

ESSES DESTEMIDOS JOVENS E SUAS INCRÍVEIS CARAS DE PAU

As categorias de base dos clubes brasileiros sempre foram formadoras de jogadores. De grandes jogadores. Desde a época dos famosos campeonatos de aspirantes nas décadas de 40 a 60. A maioria esmagadora dos grandes craques do futebol brasileiros foi aspirante um dia!

As partidas de aspirantes eram as preliminares das principais, que depois foram substituídas pelos juvenis e juniores nos campeonatos estaduais. Muita gente chegava mais cedo aos estádios para acompanhar as famosas "jornadas duplas". E eram grandes jogos. Os times de aspirantes não eram necessariamente formados por jogadores de até 20 anos mas por jovens, muitos deles recém promovidos ao time principal, que não tinham oportunidades ou ainda para aqueles mais velhos que se recuperavam de contusões, por exemplo. Houve uma tentativa de volta à categoria em alguns campeonatos paulistas na década de 90, com algum sucesso e o apoio da TV Bandeirantes que, ao reduzir seu investimento, não prosseguiu com o projeto.

E até meados dos anos 2000, a Copa São Paulo era a única competição, dita oficial, da categoria de juniores, disputada como um autêntico campeonato brasileiro. Desta forma, ganhá-la era sinônimo de prestígio e de bons presságios para o futuro de muitos jogadores, cuja formação era de única responsabilidade dos clubes. Ganhar torneios sempre foi (e continua sendo) importante mas o fundamental era aperfeiçoar o dom que garoto recebeu em jogar futebol. Passe, domínio e proteção da bola, chute, cruzamento, cabeceio, drible, a roubada de bola sem violência, o bom condicionamento físico e, claro, a regra do jogo. O futebol sempre foi um meio lícito de ascensão social aos garotos pobres que sonhavam em ganhar dinheiro para, acima de tudo, melhorar a vida da família. Pena que esta "Era da Inocência" tenha terminado

Com a Lei do Passe Livre, o vínculo dos jogadores com os clubes se encerra cada vez mais cedo. Os empresários e agentes de futebol, cujo ofício é absolutamente legal, já iniciam suas atividades com garotos de 12 anos. Sim. 12. E ainda mais cedo ao se considerar equipes de futebol de salão (já falei que abomino o tal futsal). A Copa São Paulo, há tempos, já não é mais da categoria de juniores (sub-20) mas cuja idade máxima é de 18 anos completos e abriga o absurdo número de 88 participantes. Amigo leitor, o Amapá também tem agentes e quanto mais cedo as transferências ocorrerem, mais baratas e fartas serão as transações. A CBF, cujo B não significa bobo, tem grande receita com isso e tratou logo de se juntar à TV para criar campeonatos brasileiros e Copas do Brasil, sub-20 e sub-17, não havendo mais necessidade, portanto, das famosas preliminares dos campeonatos estaduais.

Ao mesmo tempo, os clubes, eternamente defenestrados pela CBF, acabaram sendo os mais prejudicados com esta inversão de valores na formação de atletas. O longo prazo deixou de existir pois quanto maior a demora para negociá-los, menor é a sua parte na transação. Os jogadores estão mais livres dos clubes e cada vez mais presos aos agentes, os atuais mais práticos meios para "melhorar a vida da família".

Se há menos tempo para formar jogadores, há menos tempo para o passe, o chute, o cabeceio, o cruzamento, o drible, a regra do jogo. Ao menor sinal de que tudo isso seja feito por alguém, a imprensa, "motivada" por agentes e CBF, já faz logo nascer um novo Pelé, um novo Garrincha, um novo Jairzinho, um novo Rivelino, um novo Gérson, um novo Tostão, um novo Zico.

Com o passar do tempo, o que se vê são lances como os que se seguem, ocorridos na rodada do fim-de-semana do campeonato brasileiro e cujos jogadores que o protagonizam são de boa qualidade mas são apenas dois exemplos, diante de inúmeros, que mostram uma atual triste realidade no nosso futebol.





E assim, nossos destemidos jovens jogadores iniciam suas carreiras no futebol.

Há sempre alguém para passar óleo de peroba em suas incríveis caras de pau!

2 comentários:

  1. O "nosso" Neymar vai pelo mesmo caminho...

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    1. Depende do volume de óleo de peroba que ainda tem na garrafinha... Abraço!

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