quarta-feira, 9 de outubro de 2013

OS ALÇAPÕES CARIOCAS PERTO DO FIM?

Estádio Proletário Guilherme da Silveira, Bangu
Houve uma época, no campeonato carioca, em que os quatro grandes (cinco, com o América) passavam maus bocados ao enfrentarem os pequenos em seus respectivos estádios. E não foi durante pouco tempo! Até os anos 60, enfrentar Bangu em Moça Bonita, Madureira em Conselheiro Galvão, Olaria na Rua Bariri, Bonsucesso na Rua Teixeira de Castro, São Cristóvão na Rua Figueira de Melo, Portuguesa na Ilha do Governador (o "Estádio dos Ventos Uivantes") e o Campo Grande no Ítalo del Cima era tarefa muito árdua. Esses clubes davam um charme especial ao campeonato. Além de possuírem torcedores que compareciam aos jogos!

Estádio Aniceto Moscoso, Madureira
E não por acaso, esses clubes tradicionais de bairro tinham o hábito de formar grandes jogadores que, rapidamente, eram contratados pelos grandes, ainda nas divisões de base. Sem me alongar, cito Leônidas da Silva do Bonsucesso, Didi do Madureira, Castilho do Olaria, Domingos da Guia e o filho Ademir pelo Bangu. Mais recentemente, o Olaria lançou Romário, o Campo Grande, Valdir (o do Bigode) e Vágner Love e o São Cristóvão, Ronaldo, o ex-fenômeno. O São Cristóvão, aliás, foi campeão carioca de 1926, cedeu 10 jogadores para a seleção brasileira nas Copas do Mundo dos anos 30 e tinha Mário Vianna, árbitro e depois comentarista, como um de seus principais torcedores. O Olaria, por sua vez, foi campeão da Taça de Bronze em 1981, uma espécie de 3a.divisão do futebol brasileiro nesta época.

Rua Figueira de Melo, São Cristóvão
O abandono de governos estaduais e da prefeitura do Rio fizeram com que muitos bairros do subúrbio, na verdade, a maioria deles, se afundassem na degradação e ao domínio de traficantes e milícias. E essa ausência do poder público foi igualmente sentida no futebol destas localidades. O Bangu e o Madureira ainda conseguiram manter seus estádios em relativo bom estado. Os demais, infelizmente, não. Ainda houve uma tentativa com a doação das cadeiras azuis do ex-Maracanã para melhor equipá-los, sem muito sucesso e a sua presença na primeira divisão carioca é cada vez mais rara!

Rua Bariri, Olaria
E nessa semana, há a notícia de que todo o complexo esportivo do Olaria, ou seja, todo o clube, deverá ir a leilão, por conta de dívida trabalhista com um ex-jogador. Mais detalhes neste link: http://www.lancenet.com.br/futebol/divida-trabalhista-Olaria-risco-leiloada_0_1003099864.html
O estádio foi recentemente melhorado (e não reformado), inclusive com um novo gramado. O atual presidente do clube diz que já está tomando medidas e que o alto valor será muito difícil de ser atingido por algum arrematante. Triste!

Estádio Leônidas da Silva, Bonsucesso
Além dos estaduais pelo país afora terem se transformado em meros instrumentos políticos de seus mandatários (exceção para MG), no Rio, a fusão(*) em 1974, pode ter marcado o início do fim de muitos desses clubes, atolados em dívidas e reféns do descaso e da falta de investimentos do poder público em suas regiões. A maioria está em divisões inferiores da federação estadual do Rio e nenhuma perspectiva de melhora. Além do crescimento de Volta Redonda, Americano, Friburguense, Macaé, Resende, sempre apoiados por suas prefeituras.


Fica a História. Ficam as estórias. Melhor guardar, com afeto, a lembrança de um tempo que dificilmente voltará.

Estádio Luso Brasileiro, Ilha do Governador
Estádio Ítalo del Cima, Campo Grande

(*) O antigo estado do Rio de Janeiro e o antigo estado da Guanabara se fundiram neste ano!

2 comentários:

  1. Isso que estão fazendo com o Olaria é um crime. Leiloar uma sede avaliada em 100 Milhoes pra pagar uma divida de 70.000. Surreal.

    Morei minha infância inteira em Olaria, ao lado da Rua Bariri... um clube com estádio, ginásio e parque aquático excepcional!!! (2 piscinas semi-olimpicas)....

    Só no Brasil mesmo.....

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    1. É verdade, Rafael! Tem algo muito estranho nisso! Como diz o Ancelmo Góis, vamos torcer, vamos cobrar! Abraço

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