DIA 26: OS ESPÍRITOS DE PORCO e UMA ESTREIA

Em 1990, Maradona era uma espécie de "Rei de Napoli", tal como Falcão em Roma que, na temporada 1982/83, tirou a equipe da cidade eterna de uma fila de 40 anos no campeonato italiano. Antes de Maradona, o Napoli era uma equipe mediana, quase pequena, com uma apaixonada e grande torcida. Com "El Pibe", conquistou campeonatos italianos, Copa da Itália e da UEFA. Os primeiros da história do clube. Na Copa de 90, a Argentina, então campeã, formou um time medonho, com Maradona em péssimas condições físicas e chegou às semifinais, após apenas 2 vitórias (sobre Romênia e Brasil), um empate de 1x1 contra a URSS, quando Maradona usou novamente a mão, mas agora para salvar um gol, derrota para Camarões na estreia e vitória nos pênalties contra a Iugoslávia, nas oitavas, depois de 0x0 nos 120 minutos. Somente 4 gols marcados em 5 jogos. E antes da semifinal contra a anfitriã Itália, em Napoli, Maradona convocou seus "súditos" italianos a torcerem pela sua Argentina em protesto contra o atraso econômico a que o sul do país era submetido, em contraste ao norte poderoso e industrializado. No dia do jogo, o Estádio San Paolo, em peso, torcia pela...Itália! Em nova disputa de pênalties, Maradona venceu Napoli que torceu pela Azzurra, mas não sem antes lhe pedir desculpas em algumas faixas nas arquibancadas.

Com desculpas, Napoli ficou com a Itália em 1990!

Ao escolher uma segunda camisa em clara alusão ao Flamengo, a Alemanha e a Adidas, fornecedora de material esportivo de ambos, aplicaram um bom golpe de marketing, sobretudo para vender camisas no Brasil. E conseguiram. Mal comparando com o factoide de Maradona em 90, seria um devaneio de minha parte achar que os alemães tivessem também como objetivo, arrebatar torcedores do Flamengo para estarem do seu lado, contra o Brasil, ainda mais se este confronto acontecesse. É evidente que se a camisa fosse uma homenagem ao Fluminense, Vasco ou Botafogo, "espíritos de porco" também apareceriam como os que, de fato, apareceram. É só clicar:  Os Espíritos de Porco  Esses indivíduos envergonham a instituição e o clube de futebol de maior torcida do Brasil, assim como envergonhariam os que acabei de citar três linhas antes, caso fossem seus torcedores. Entretanto, têm esse direito. São "gatos pingados" com os quais eu gostaria que a mesma reportagem fizesse contato após a semifinal entre Brasil e Alemanha, qualquer que seja o resultado, para verificar os limites de suas "caras-de-pau".

A Alemanha tem time melhor que o Brasil. Fato. Além disso, a maioria de seus convocados já disputou uma Copa, ao contrário da seleção brasileira. A Alemanha está com o Brasil entalado na garganta, desde 2002, quando perdeu a final da Copa por 2x0, na única vez em que se enfrentaram na competição. E ainda por cima, não puderam contar com seu melhor jogador, Ballack, suspenso com 2 cartões amarelos. A Alemanha jogará completa. O Brasil estará sem seu melhor jogador e metade da melhor zaga do mundo. A Alemanha sofreu contra os africanos mas foi tranquila contra Portugal, EUA e França. O Brasil penou em todos os jogos, mesmo quando venceu Camarões de goleada. Os pênalties contra o Chile testaram qualquer coração verde-amarelo. A Alemanha tem o mesmo técnico há 8 anos e mesma filosofia de trabalho e de geração de jogadores há 60 anos. O Brasil... deixa pra lá. O último jogo, em 2011, foi vencido pela Alemanha, em Dortmund, por 3x2. E é por isso e muito mais que o Brasil deve vencer seu tradicional freguês de quem obteve 12 vitórias, 5 empates e 4 derrotas, ao longo da história.

Ronaldo "Kirk" vence a "Ira de Khan"! Brasil Penta!

Argentina e Holanda já construíram um histórico de confrontos em Copas do Mundo. Foram 4 partidas. Em 1974, massacre holandês na fase semifinal: 4x0, com show de Cruyff, Neeskens e cia. Em 1978, os militares argentinos deram o troco na Final da Copa, com uma Holanda já sem Cruyff. 1x1 no tempo normal e vitória argentina por 3x1 na prorrogação, com 2 gols de Kempes (um deles, irregular, de "sola"). Em 1998, nas quartas-de-final, a Holanda desempatou no último minuto, com golaço de Dennis Bergkamp, uma matada de bola de craque e drible sensacional no zagueiro Ayala: 2x1. Em 2006, empate de 0x0 ainda na fase de grupos. A Holanda tem tudo para ampliar esta pequena vantagem pois reúne melhores jogadores em todos os setores, o ataque mais positivo da Copa e a "Besta" nos pênalties!!!! A Argentina é a maior beneficiada desta Copa, com sorteio de grupo e chaveamento que lhe fizeram enfrentar adversários medianos ou fracos, vencidos sempre por diferença mínima de gols e com ajuda considerável da sorte. Pode-se afirmar que será sua real estreia na Copa! Foi a seleção de menor desgaste em viagens e mesmo sem Di Maria para este jogo (e talvez da Copa), tem o tal do Messi, o capitão que não fala, não grita, não ri, não chora, e de quem a bola se recusa a desgrudar de seu pé esquerdo. E ainda tem o tal do Francisco...

Cruyff deixa Carnevale de bunda no chão! Massacre em 1974!

Kempes entra de "sola" e faz o 1o. em 1978!

Bergkamp já humilhou Ayala! 2x1 em 1998

Os jovens Sneijder e Messi, em 2006. O reencontro, 8 anos depois!