O JOGO QUE A CBF ESQUECEU

21 de julho de 1914.

O Fluminense Football Club celebrava seu 12o. aniversário, quando a primeira seleção brasileira foi formada, meio às pressas, com jogadores do Rio e São Paulo, para que o Exeter City, clube inglês de "profissionaes" estendesse sua excursão à América do Sul ao Brasil, onde jogaria, inicialmente, com a Argentina e o Uruguai.

O único estádio que havia no Brasil era o das Laranjeiras, Rio de Janeiro, do Fluminense. Só havia arquibancada nas sociais mas cerca de 5 mil pessoas estavam no campo que já era cercado e os populares se acotovelaram para ver o Brasil vencer o Exeter City por 2x0, o primeiro gol de Oswaldo Gomes, do próprio tricolor, e o segundo de Osman, do América carioca. Estava dada a largada da mais vencedora equipe do futebol mundial: a Seleção Brasileira!

As Sociais das Laranjeiras, à espera do jogo!

Em pé: Píndaro (Flamengo), Marcos Carneiro de Mendonça (Fluminense) e Nery (Flamengo). No meio: Sylvio Lagreca (São Bento-SP), Rubens Salles (Paulistano) e Rolando De Lamare (Botafogo). Sentados: Oswaldo Gomes (Fluminense), Abelardo De Lamare (Botafogo), Arthur Friedenreich (Ypiranga-SP), Osman (América-RJ) e Formiga (Ypiranga-SP).

Com o Palácio Guanabara ao fundo, Marcos se prepara para defender. Chapéu clássico para um goleiro elegante!

O goleiro Reg Lagan disputa com Friedenreich. El Tigre, crack brasileiro, perdeu dois dentes!

Friedenreich, já sem os dentes. Ele voltou ao campo e jogou até o apito final!

Esta partida épica, recheada de elementos capazes de emocionar o torcedor brasileiro, foi absolutamente ignorada pela Confederação Brasileira de Futebol, no seu aniversário de 100 anos! Entre as mais de 200 afiliadas da FIFA, a Seleção Brasileira é somente a quadragésima a atingir esta marca. É bem verdade que a proximidade com o encerramento da Copa do Mundo era um fato complicador para que a data fosse comemorada como merecia. Pra piorar, houve os 7x1 da Alemanha.

Há 2 anos, Ricardo Teixeira já havia feito contato com o Exeter City para que um jogo festivo fosse realizado. (Meu Deus, a coisa está tão feia que tive citar positivamente o nome deste mafioso.) Com sua renúncia à presidência da CBF, o projeto foi abandonado por Marin e Del Nero, muito mais preocupados com seus ganhos da Copa no Brasil.

Por 2 anos, portanto, os ingleses do Exeter, da 4a. divisão, viveram um sonho. Mobilizaram sócios e torcedores para uma nova excursão ao Brasil, 100 anos depois! Não tiveram nenhuma resposta da CBF, mesmo com esta extraordinária e emocionante matéria do global Tino Marcos, feita em 2012. Confira abaixo:

Embora a hedionda dupla Marin-Del Nero não tenha feito nada, um cara fez: Eric Menezes, torcedor do Fluminense. A CBF lhe deu às costas mas, em conjunto com o chairman do Exeter, Julian Tagg (que vc viu no video acima), conseguiu um jogo comemorativo contra o time sub-23 do Fluminense, nas Laranjeiras. E não foi só isso. Trouxeram 160 torcedores! O time ficou hospedado no CT de Xerém. Pra não dizer que a CBF não fez nada, forçaram a escalação de quarteto de arbitragem da FERJ que custou 1800 reais. Eric havia conseguido o mesmo quarteto, informalmente, por 500. Alguma dúvida sobre para onde foi a diferença?

E o jogo foi ontem. A Cônsul Geral Britânica no Rio, Paula Walsh, estava lá. A BBC estava lá. A filha de Marcos Carneiro de Mendonça, a crítica teatral Bárbara Heliodora, também estava lá. Aliás, a Taça com o nome de seu pai ficou com ingleses após o empate em 0x0. Aaaah! Eu também estava lá, com meu filho Pedro, e com meus amigos tricolores Guto Poggi e Claudio Maes. Nossos filhos entraram em campo com o time do Fluminense e ouviram o Hino Nacional Brasileiro, enfileirados!
Parabéns Eric Menezes! E muito obrigado!

A Bola do Jogo Histórico!

Pedro e Bruno conhecendo a História...

Perfilados!

O Hino vai começar...

João Vitor chegou depois...

A festa do Exeter City com seus torcedores!

Guto, as crianças e Scott Benett com a Taça Marcos Carneiro de Mendonça

Os Ingleses na Sala de Troféus!

Com Julian Tagg, Eric Menezes e Pedro!

Procuro passar ao meu filho a importância da História para explicar o mundo em que vivemos. O futebol é mais um pano de fundo para tal. Acredito que desta forma, a tradição, a cultura e pioneirismo de nossos antepassados estarão sempre preservados e servirão de base para a construção de algo efetivamente novo!

Os mandatários da CBF não têm essa percepção!