segunda-feira, 10 de junho de 2013

DAS FERAS DO SALDANHA AOS COADJUVANTES DA CBF

No último dia 2 de junho, domingo, o Brasil enfrentou a Inglaterra na reabertura do ex-Maracanã, atual Eikebatistão! Hoje, no novo estádio do Grêmio (arena.. nem pensar), foi a vez de enfrentar a França. Os jogos foram preparatórios para a Copa das Confederações que se iniciará no próximo sábado mas os resultados, sinceramente, não me impressionaram, tão pouco me interessaram, sobretudo porque ingleses e franceses vieram aqui por força de contrato da mesma empresa de material esportivo que une as 3 seleções. Os europeus estão em fim de temporada e não tinham compromissos marcados pelas Eliminatórias. Também não jogarão a Copa das Confederações. Vieram passear com vários desfalques e desinteresse total.

A seleção brasileira nada tinha a ver com isso. Felipão tentou colocar o maior número possível dos jogadores convocados em 180 minutos, contra dois campeões do mundo. Foi justo iniciar com este ou com aquele titular, se o time melhorou ou piorou? Não farei análise tática e técnica da equipe pois não sou comentarista, apesar de ter minha opinião. Aliás, quem definiu bem a tarefa de comentarista de futebol foi o atual deputado federal Romário, segundo Cruijff, o "gênio da área": "Aí peixe, comentarista é a profissão mais fácil do mundo. Diz no microfone o que todo mundo acabou de ver!" Bingo!

Minha análise neste post é chamar a atenção para o que a CBF fez da relação entre a seleção brasileira e o torcedor brasileiro: reduziu-a a quase zero. Lembro bem de quando era criança, dos 7 anos na Copa de 74 aos 19 em 86, sobre o quanto ficava tenso vendo jogos do Brasil na Copa. Quando saía um gol, era um abraço triplo no meu irmão e no meu pai. Berrava na janela! Quando tomávamos um gol, podia-se ouvir o silêncio da tristeza à frente da TV. Paolo Rossi me deixou assim. Apesar disso, bons tempos!

Além de possuir sempre grandes jogadores, a seleção brasileira desfilava com a camisa amarela os maiores ídolos, craques que vestiam as camisas dos grandes times brasileiros.A seleção sempre jogava no ex-Maracanã. Era a casa do Brasil. Quando João Saldanha anunciou a convocação dos jogadores brasileiros que disputariam as Eliminatórias da Copa de 70, em 1969, chamou a todos de "Feras", escalou o time titular, e a seleção massacrou com 6 vitórias, 5 por goleada, Venezuela, Colômbia e Paraguai. Veja uma das escalações aí embaixo:
C.Alberto (Santos), Félix (Fluminense), Djalma Dias (Palmeiras), Joel (Santos), Piazza (Cruzeiro) e Rildo (Santos); Jairzinho (Botafogo), Gerson (Botafogo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Edu (Santos)
Observem se o ex-Maracanã estava vazio para enfrentar a Venezuela, quando a Venezuela ainda era somente a Venezuela !!! O craque em campo tornava o adversário irrelevante!

Com a crise econômica nos anos 80 e 90, nossos melhores jogadores tomaram o caminho natural da Europa e depois, mundo árabe e Japão! Mas ainda nesta época, era absolutamente normal a seleção atuar  em qualquer cidade do Brasil, mesmo no mais chinfrim dos amistosos! O atual síndico de Boca Raton, Flórida, mudou isso!

E ganhou (e continua ganhando) muita grana! Vendeu os jogos da seleção para a árabe ISL, que passou a marcar jogos na Europa, em especial, reduzindo custos de viagem para a maioria dos jogadores que lá atuavam ou atuam. Brasil e Rússia se enfrentando na Suíça. Esdrúxulo, não? Mas é business e orçamentos não devem ser estourados. Toda a identidade da seleção brasileira com o torcedor brasileiro foi destruída, apesar do Galvão Bueno. Os jogadores convocados hoje são meros coadjuvantes para encher os cofres da CBF e os anunciantes, da Globo!

O que vemos hoje é o real torcedor brasileiro, aquele vai ao estádio, muito mais preocupado com o seu clube do que com o que vai acontecer na Copa das Confederações e depois na Copa do Mundo. Ainda mais com toda a roubalheira dos estádios. Pergunte a algum torcedor do Atlético-MG sobre sua ansiedade até julho. Estão muito mais atentos à Libertadores. Certíssimos!

A maioria dos torcedores que vai ao estádio atualmente ver jogo do Brasil é o torcedor que normalmente não vai a estádio ver jogo algum! O ingresso é muito mais caro! Os jogos são mais organizados (agora aqui tem steward!), ninguém fica em pé, o lugar está marcado e o banheiro tem papel higiênico, sabonete, toalha e a descarga funciona! E muitos destes torcedores só reconhecem os jogadores brasileiros porque estão com uma camisa amarela... Estive na Copa da França, em 1998! Uma senhora de Ribeirão Preto me perguntou quem era o Brasil, na partida contra o Marrocos, em Nantes! Jesus Cristo!!!!

Que os atuais torcedores da seleção tenham sorte nas competições que vêm aí mas fiquem tranquilos! Como já escrevi, dificilmente o Brasil não estará nas finais da Copa, com tanto dinheiro público envolvido. A FIFA sabe disso.

Prefiro vibrar com as vitórias do Fluminense como a de hoje sobre o Goiás... com um a menos!!!! Sofri pra caramba!!!! Eh!Eh!

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