quinta-feira, 27 de junho de 2013

RENASCE A ITÁLIA NA BATALHA DE FORTRESS CITY



A vitória da Itália na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, marcou o início de uma fase negra da história do futebol mundial, a chamada "futebol de resultado". O técnico italiano Enzo Bearzot havia formado um bom time 4 anos antes na Argentina, com Franco Causio, Roberto Bettega, o goleiro Dino Zoff e os jovens Marco Tardelli, Giancarlo Antognioni, Gaetano Scirea e Paolo Rossi. Até então, e durante esta Copa, praticava um estilo ofensivo, partindo pro ataque, como deve fazer qualquer grande seleção mundial. Ganhou da Argentina em plena Buenos Aires mas perdeu nas semifinais para a Holanda, já sem Cruyff, e também para o Brasil na decisão do 3o.lugar. Mesmo assim, deixou boa impressão.

Voltando a 82, já sem Bettega e Causio (veterano e então reserva), encorpou o time com bons valores como Bruno Conti e Antonio Cabrini mas parece ter ficado traumatizado em ter jogado bem e ter fracassado. Mesmo com os talentosos, quis transformar seu time no espelho de seus piores jogadores como os brucutus Claudio Gentile e Antonio Oriali, além de fazer titular o sofrível atacante Francesco Graziani. Botou o time na retranca. Resultado: na primeira fase, empatou com Polônia (0x0), Peru (1x1) e Camarões (1x1), este então na sua primeira Copa do Mundo e grande azarão. A Itália somente se classificou no no. gols marcados - um a mais que os africanos, que ainda tiveram um gol legítimo anulado nesta partida. Bearzot e jogadores romperam com a imprensa italiana sempre crítica e sensacionalista, brigaram com organizadores e deixaram de dar coletivas. Um circo.

Circo que deu certo. Caíram no grupo da morte na 2a. fase. Ganharam de uma decadente Argentina do jovem Maradona, sem fazer muito esforço (2x1), além da Tragédia do Sarriá (não gosto de falar deste jogo mas...), quando Paolo Rossi, que havia ficado suspenso por envolvimento com manipulação de resultados na Itália por quase 3 anos, desabrochou de vez. Veio a semifinal com a Polônia, do craque Boniek. Dois ataques italianos em todo o jogo, dois gols de Rossi. E na final, a Alemanha de Rummenigge tinha tudo para sair na frente mas o craque Breitner perdeu pênalti que poderia ter mudado o jogo. Bearzot foi campeão, Rossi foi o artilheiro da Copa, fizeram as pazes com todos na Itália mas colocaram o futebol mundial em um abismo negro.

Se não fosse por Maradona em 86, um pouco de Mattheus em 90, Romário em 94, Zidane em 98 e Ronaldo em 2002, poderia dizer que o chamado "futebol de resultados" se enraizou por todo o mundo, em qualquer campeonato, torneio ou mesmo em peladas do seu bairro. Comentaristas e técnicos fizeram a festa com seus planos e armadilhas táticas. O "nó tático". Como odeio essa expressão! O futebol cirúrgico do contra-ataque. Dois, três volantes, três zagueiros, os atacantes que defendem. Parafraseando uma "pérola" do Parreira, o gol passou a ser um detalhe!

A Itália continuou com este processo de "enfeiar" o futebol, mesmo com um campeonato nacional rico e farto pelos estrangeiros que ainda jogam por lá. Todos os técnicos sucessores de Bearzot continuaram neste estilo. Arrigo Sacchi, aos trancos e barrancos, chegou à final em 94, ajudado pelo talento solitário de Roberto Baggio e ainda conseguiram vencer mais uma com o lamentável retranqueiro Marcelo Lippi em 2006, que ainda teve um zagueiro escolhido como craque da competição, Fabio Cannavaro.

Após vexames em edições na Euro e nas Copas de 86, 98, 2002 e sobretudo em 2010, quando não conseguiram ganhar da Nova Zelândia, Eslováquia e Paraguai, eliminados na 1a. fase, com o mesmo hediondo Lippi, a Itália acordou. Definitivamente, Cesare Prandelli quer abandonar este estigma funesto do futebol italiano de não aproveitar bons jogadores em benefício do jogo ofensivo.

A Itália que hoje foi eliminada nos pênaltis pela Espanha, atual campeã de tudo, na Copa das Confederações na Batalha de Fortaleza está bem diferente. Não tem grandes jogadores, apesar do veterano Pirlo e do Super Mario, mas Cesare Prandelli parece disposto a transformar resultado no futebol em um meio, o jogo bem jogado, e não mais em um fim.

Complimenti Italia! Contamos com vocês para melhorar o nível do futebol mundial!

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